Entrevista #45: Léo - Brazuca Trash

Salve Headbangers, e fãs das maiores podreiras cinematográficas  possíveis! Em tempos que está rolando as maiores brigas entre os 'streamings', é louvável destacar um trabalho que reúne mais de 300 filmes que, em comum, possuem o  grotesco, o maldito e o gore. Pois bem, esse lugar existe e pasmem, é gratuito! Trata-se do Brazuca Trash portal que surgiu com  esse intuito, porém agora, assim como os comedores de cérebro do  George Romero, o site precisa de ajuda para manter-se vivo. Saiba mais nessa entrevista exclusiva que fizemos com a mente doente por trás do projeto e ajude a manter a internet mais podre:  

1) Salve Léo! Obrigado ai pela entrevista mestre e desde quero dizer já, que tenho total admiração pelo seu trabalho em prol do chorume cinematográfico. Para começar, quando surgiu a ideia de fazer o Brazuca Trash e o que levou a opção pelo formato do site?

BT: Fala meu querido, o Brazuca surgiu em 2013 por causa da minha conclusão de curso de publicidade e propaganda. A gente tinha que criar um produto no formato digital, originalmente a ideia era criar o Brazuca  no formato de financiamento coletivo para filmes independentes nacionais, na época ele foi pensado assim, porém como era muito complicado fazer uma plataforma de financiamento, mudei a a ideia para um streaming, na verdade não é bem um streaming e sim um portal de curtas, ele ficou no ar por um tempo, ai acabei perdendo o site porque a hospedagem acabou e ai no ano passado eu tive a vontade de reativar esse projeto porque já tinha o nome, a ideia e tudo e ai eu resolvi voltar nesse formato de streaming, até cogitei fazer nesse formato de 'Torrent' onde o pessoal encontra o filme e baixa, mas eu quis que o diferencial fosse de as pessoas entrassem ali e conseguissem assistir sem cadastro ou sem ter que baixar o filme nem nada e também fazer essa curadoria, procurar os filmes mais underground, os filmes B, filmes que muita  gente não conhece, para ser um diferencial, não colocar só os pipocão, os Blockbuster e em torno do  do site criar uma comunidade desse tipo de filme, essa foi a ideia.


2) Atualmente o site está offline e está rolando uma campanha para o retorno do Brazuca Trash em forma de financiamento coletivo. Poderia nos falar um pouco mais dessa vaquinha virtual e quais são os objetivos da mesma em relação aos planos para o site? 

BT: Desde que eu comecei o site, eu banco os custos todos sozinho, porque ele não tem propaganda nem cobrança de assinatura e nem quero que tenha, porém quando eu vi os novos valores da hospedagem do site foi uma 'facadinha', ficou muito caro! Então eu deixei parado e fechei o site,  a estrutura  básica eu até tenho, porém os filmes estão hospedados no site e é muito filme que eu coloquei lá e eu não tinha como tirar eles, não tinha espaço para a recuperação deles, ai pensando bem, eu decidi fazer esse 'crowdfunding', que é pra gente renovar por mais um ano a hospedagem. Eu já consegui renegociar o valor para um melhor, para ficar mais um ano e para eu poder também colocar o certificado de segurança, para a galera poder navegar no site de forma segura e em terceiro para a gente conseguir o armazenamento em outro lugar, na nuvem,  e independente de mudar a hospedagem eu ter o acervo em outro lugar e tudo isso tem custo, o de hospedagem, o de atualização do site e o do armazenamento que vai ser no Google, lá a gente vai poder colocar os filmes e quem contribuir vai poder ter acesso a esse acervo e poder baixar também, não só assistir no site, claro que a ideia toda é o site em si, até também para o pessoal poder navegar com ele mais estável, mais rápido e os filmes poderem rodar com a melhor qualidade possível, porque antes, eu tinha que dar uma convertida no filme, uma comprimida nele para rodar mais fácil no site, porque eles só rodavam em uma resolução e ai eu tinha que reduzir para ficar mais viável, e com esse armazenamento em nuvem o próprio sistema da as opções de qualidade e isso vai ajudar bastante. Então o objetivo é esse, fazer o Brazuca sobreviver por mais um ano e tenho plano de abrir o Brazuca Trash Store para poder oferecer camisetas personalizadas que não tem no mercado e outros produtos também e futuramente fazer algum evento físico quando a pandemia passar, algum festival ou algo assim e tudo isso que a gente fizer, as pessoas que contribuírem agora, ganham um desconto para todas essas ações e dai isso a gente vai fazer para que ano que vem a gente não tenha que fazer outro financiamento coletivo e dessa forma manter o site sustentável. 

3) Existe a ideia de ampliar o site para podcast, mídia escrita, etc. Agregando ainda mais os fãs de cinema trash? 

BT: Sim, dando certo o financiamento a gente quer abrir o blog e começar a alimentar com resenhas, mas a gente quer fazer algo diferenciado nesse aspecto, pensar em resenhas diferentes, algum diferencial pro site. Fazer 'crosssover' também, pegar resenhas de outros sites e publicar no nosso e fazer parceiras. Já o 'podcast'  a gente está pensando com bastante carinho como vai ser esse formato, que não é tão simples, pois a gente tem todo um agendamento de convidados, de integrantes, de edição, de publicação, etc. Então a gente está estudando isso e também em voltar com o canal do Youtube, que no momento caiu, levou um 'strike', só que a gente quer fazer de novo o canal e colocar vídeos produzidos com conteúdo nosso né, fazer análises de filmes, 'reviews', enfim, fazer algum material, eu até tenho uma ideia de um formato de atração para o Youtube, mas eu sei que vai dar um pouquinho de trabalho para editar, então eu estou estudando como fazer isso e fazer isso no tempo que  está me sobrando, porque com a filha pequena agora tá foda! (A gente aqui do Underground Extremo sabe bem como é!). 


4) Como está o catálogo do Brazuca e  que filmes te dão orgulho de fazerem parte do catálogo?

BT: é um catálogo bem misturado. A ideia agora, com o retorno do site, é focar no independente nacional, a gente vai procurar as autorizações para ter o material lá, então vai sair algumas coisas do acervo, aqueles filmes que a gente não tem a autorização para usar, para que, ano que vem, a gente consiga chegar no estágio que todos filmes que estiverem lá, a gente tenha autorização. Eu tenho falado com alguns produtores gringos também, que tem feito os curtas e longas independentes, para ver se eles liberam também para colocar no site, é um pouco mais complicado, eles ficam um pouco mais receosos, mas a gente pretende rechear o acervo com bastante coisa inédita, coisas que não são encontradas em 'torrent' e assim do que eu gosto mais de ter, são as coisas exclusivas como o Petter Baiestorf mandou pra gente, o Coffin Souza mandou os curtas todos dele, ah... tem umas pérolas do Trash mais antigos, como todos os "Basket Case", que em todos tem uns asiáticos, e gosto por que hoje está bem variado, a ideia é focar nos nacionais e buscar uns gringos mais diferenciados. 

5) Pensando em Trash, o que um filme precisa, para ser de fato um filme Trash e como diretores podem enviar materiais para o site?

BT: Então, o perfil dos filmes que a gente busca são ligados ao gênero de terror e suspense basicamente, não tem um aspecto específico para mandar, claro que vale de tudo, desde filmes de bom orçamento até aqueles feito em casa, com baixo orçamento, na raça mesmo, totalmente independente. Pode ser 'tosqueira', pode ser mais sério. Assim, a gente não tem muito critério para incluir, então as vezes o pessoal tem mandando curta de faculdade, experimental, que é bem loco, pode mandar e é isso! A gente está deixando o espaço bem aberto para o pessoal mandar o conteúdo, pois a gente quer ser uma vitrine para esse pessoal que está começando ou que tem um trampo bacana, mas não é muito reconhecido, então a ideia e dar bastante visibilidade, ter um acervo bem amplo, para quem entra no site goste dos filmes que estão lá, reconheçam alguns, mas também tenham a oportunidade de ao estar navegando encontrar outras coisas, novos diretores, novas produções e cada vez mais que esse gênero ganhe mais fãs, essa é nossa ideia. E no futuro também tornar o projeto sustentável, para poder reverter de alguma forma para esses produtores independentes. São coisas que a gente está estudando, ainda é muito cedo para poder dizer como vai acontecer isso, mas é um desejo que eu tenho de poder contribuir de alguma forma com a cena independente. 

6) Sendo uma figura ativa no Underground do cinema de Horror, como você  observa  o cenário atual de modo geral no Brasil, avanços ou retrocessos?

BT: O cenário nacional acho que está ganhando espaço, estão vindo produções bem bacanas que estão sendo prestigiadas, o próprio Dennison  Ramalho com "Morto Não Fala", Rodrigo Aragão que está tendo uma sequencia legal de filmes aí, cada vez aumentando mais o investimento dos filmes deles, melhorando assim o aspecto técnico, que é uma parte que o povão olha bastante. Também tem outras produções tipo "Macabro" e "Clube dos Canibais", tem produções surgindo, mas sinto que o gênero do terror é meio renegado, mas ele sempre está aí fazendo sucesso, mas nós temos uma estrutura de produção no país muito precária, os canais e produtoras investem só em comédia, basicamente comédia que é o que dá grana para eles, então a galera tem que fazer muito na raça, por isso também que a gente vem na direção oposta, de poder reunir a galera que curte, criar uma comunidade que apoie a produção de filmes  e que essa galera apoie e incentive para que aconteçam mais filmes. E o retrocesso maior, eu sinto que é esse governo podre e nojento que esta aí fudendo com tudo, não existe educação, não existe cultura, nem saúde, só um monte de miliciano vagabundo, safado e sem vergonha.