Resenha #165 (Especial): "The Sound of Perseverance" (1998) - Death

Salve Headbangers! No dia 13 de dezembro, á exatamente 19 anos, a música extrema perdia de forma precoce um dos seus maiores nomes, Chuck Schuldiner, a mente por trás do Death representa a evolução, a técnica e principalmente o amor a música! Existem centenas de textos ressaltando a importância do músico para a construção e consolidação do estilo, porém, para não deixar a data passar batida, decidimos fazer esse especial, que trata-se de uma resenha/ bate papo, em parceira com o nosso grande irmão Renan Bezan da Sacramentia, que compartilha com nossa equipe uma profunda admiração pela obra do grande Schuldiner, então sem mais delongas, vamos falar de "The Sound of Perseverance". 



Feat Renan Bezan

Salve galera! Primeiramente quero agradecer o convite por estar aqui falando do Chuck Schuldiner e a sua banda o Death, sabemos que ele tinha também o Control Denied, mas ele acabou se sobressaindo mais no Death infelizmente, digo pelo fato do cara ter nos deixado muito cedo e talvez o  Control Denied  teria tomado uma proporção maior, não digo igual o Death e sim, tão grande quanto, uma vez que o Death, em teoria, teria acabado no "Symbolic", pois foi a partir desse álbum que o Chuck decidiu dar uma pausa no Death. Até se a gente for pegar a biografia lançada esse ano pela Estética Torta,  nesse livro diz que ele teria terminado o Death ali, então o "Symbolic" era para ser o último álbum do Death e a partir dali, rumaria para um outro estilo. Ele tinha já uma mentalidade de querer um som mais próximo do Heavy Metal Tradicional. Segundo essa biografia citada, também ele tinha um grande desejo de fazer uma banda com o Dio nos vocais, que também nos deixou, outra lenda do Heavy Metal.

Então, hoje eu fico muito contente de estar aqui falando sobre o Death, ele tem uma importancia muito grande na minha carreira com a Sacramentia. Foi a partir do Death  que eu comecei a compor o que viria a ser o meu estilo de cantar dentro da banda e por isso, é um prazer falar de um álbum especifico, e esse foi o álbum que eu vim a conhecer a banda, e na minha opinião, é o melhor álbum do Death. É difícil você escalar uma posição na discografia do Death, porque é uma banda que não tem álbum ruim, mas eu vou deixar a nostalgia falar mais alto e eu coloco o "The Sound of Perseverance" como melhor trabalho do Death. Muita gente vai discordar, o que não tem problema nenhum, mas para mim esse é o melhor trabalho da banda.
 

Bom, para a gente precisar o início do meu contato com o Death eu preciso voltar em 2017/2018, quando eu comecei a me aprofundar no som da banda. Eu já tinha ouvido falar, mas nunca tinha me aprofundado na discografia, então foi no ano citado, por intermédio do Garça, que é nosso baixista e que na época era meu professor de design gráfico e também me dava aulas de baixo, aí ele foi muito sádico, porque ele pegou um trecho da Flesh and the Power It Holds para eu tocar, e eu sei esse trecho até hoje, porque eu tive uma grande dificuldade para tirar e eu sei também que o Death  é uma grande influencia  para o Garça e ele me passou esse trecho porque ele mesmo afirma que sabe tocar todas as músicas do  Death  no baixo, com exceção de The Philosopher. Então para ele também tem uma grande importância, e principalmente Steve diGiorgio, que foi um dos mais emblemáticos baixistas  que já passou pela banda, inclusive banda que já contou com Andy LaRocque, guitarrista do King Diamond, em álbuns como "Individual Thought Patterns", então acredito que o Death é uma grande influência para o  Garça e foi nesse momento que eu comecei a me aprofundar na discografia do Deathpois eu precisava ouvir a música para pegar os andamentos, para pegar as notas certinho e a partir daí eu comecei  a rumar para o álbum inteiro.

Uma coisa ali que me chamou muito  a atenção, é que é difícil você caracterizar o estilo do álbum. Muita gente fala que o nome Death Metal veio por intermédio do Death, apesar do Chuck  sempre ressaltar que haviam outras bandas que vieram antes deles e que já tinham moldado esse estilo. O Chuck era muito influenciado, pelo menos no início da carreira do Death, por bandas como Venom, Possessed, entre outras. Tanto é que o nome da banda antes de ser Death era Mantas, uma clara referência ao Venom. E se não me engano, ouve uma espécie de agradecimento,  se você pegar o agradecimento do Morbid Vision, tem uma menção ao Chuck, não sei se rolou esse lance de troca de correspondência de fitas, porque rolava muito isso nos anos 80, mas enfim, além dessas influências do Metal o Chuck era um cara que curtia Kiss, se não engano, um dos estúdios particulares dele se chamava Black Diamond. Então foi a partir do "TSOP" que eu comecei a desbravar a discografia do Death.

Voltando agora a mencionar a sonoridade do álbum, algo que me chamou muito a atenção  e talvez isso já tenha se tornado uma característica própria do Death do "Human" pra frente, pois o Chuck sempre foi um cara que procurou um primor nos seus trabalhos, a cada produção ele procurava se superar, isso é sempre evidente nas obras do Chuck e no "TSOP"  ele tinha uma veia muito progressiva vinda do metal progressivo e eu nem sempre consegui asimilar o Rock/Metal progressivo, talvez por preguiça, ou por não ser um músico virtuoso.

Eu não gosto muito do lance do progesssivo, porque é um negócio masturbatório e tal, mas eu até brinco com o pessoal da banda que o "TSOP" é um dos poucos álbuns que tem essa pegada progressiva e que eu consigo ouvir tranquilamente, porque assim, ele é muito bom mesmo! Não tem aquelas coisas do tipo, - "esse tempo é quebrado, aquela parte é quebrada", só sendo quebrado para mostrar que nós somos todos bons instrumentistas? Nós sabemos tocar em vários tempos como é o caso do Dream Theater, que pra mim é a banda mais chata da história, que tem esse lance de fazer um álbum, onde o trabalho inteiro é uma música dividida em oito partes, tipo Octavarium. Não vai, não me desce! Mas isso não aconteceu comigo com o "TSOP". Até engraçado, pois você vê tem uma música chamada The Voice of The Soul, ela realmente tem uma sonoridade, uma garra, na verdade, até a pegada do álbum.

Não sei, posso cair no cliche, mas parece que o Chuck já sabia que o tempo dele estava se esgotando, mesmo que depois veio o primeiro álbum do Control Denied, o "The Fragile Art of Existence" e logo depois começou a se tornar público os problemas que ele já estava enfrentando, mas a partir dali começaram a se intensificar e acarretaram na partida desse grande gênio.


Trazendo agora algumas curiosidades do trabalho, primeiro em relação ao logo da banda.
Esse logo foi editado várias vezes no decorrer dos anos, ele perdeu o esqueleto encapuzado que tinha sobre a letra 'h'. Curiosamente, a última versão do logotipo do Death ficou parecida com as primeiras versões pós Mantas, que era a banda de garagem que antecedeu o Death. Ela ficou muito mais parecida com essa logo inicial.

Em relação ao tempo de duração, dos sete álbuns de estúdio do Death o "TSOP" é o mais longo, com 56 minutos de duração, na verdade, 6 minutos a mais que o "Symbolic". Ele também foi um álbum de produção bem rápida, de acordo com o produtor Jim Morris, que o produziu com a ajuda do Chuck. Ele afirmou que o tempo de duração foi mais curto, e engraçado, que mesmo trocando de gravadora, o orçamento que a banda tinha para gravar o álbum ainda era baixo, então o lance de pouca verba, também aconteceu na Nuclear Blast

A respeito da capa do álbum, o Death recorreu ao ilustrador Travis Smith. A ideia da capa trás algo simples, que é uma parede rochosa com uma boca aberta que parece gritar apavorada, que só poderia ser escalada com as próprias mãos, com a própria força. 


Chuck explica isso de acordo com o livro: 

"A montanha tem um significado positivo, ela pode causar uma certa apreensão, mas representa o desejo de subir e alcançar um objetivo. Pode ser que você caia algumas vezes enquanto tenta, mas vai sempre se levantar. Algumas pessoas estão na base, algumas no meio e outras quase no topo e todas simbolizam os passos que são dados na vida, principalmente quando se tem um sonho, o meu é a musica!" 

Uma terceira curiosidade acerca desse álbum, antes de a gente entrar na temática das letras, é que ele teve uma recepção mista na crítica, tanto na parte dos fãs, quanto na mídia especializada, porque fazia dois anos que o Chuck tinha lançado o "Symbolic" e dois anos que ele não pisava no palco, não cantava. Acredita-se que isso acabou influenciando no resultado final.

Se voce pegar a discografia do Death, o vocal tem uma evolução gradativa de um trabalho para o outro, mas em "TSOP" é um álbum que apresenta um vocal bem mais distante daqueles que ele ficou conhecido. Muitos fãs estranharam, dizendo que o vocal era, pasmem, fraco! Que o Chuck estava forçando muito a voz, mas para mim, que estava conhecendo o Death a partir desse álbum, é o vocal que eu mais gosto, foi esse vocal que me ajudou a compor o vocal para a Sacramentia, que é um vocal mais rasgado. A outra parte da crítica se voltou para a produção, dizendo que era uma produção confusa e que não estava tão polida como o do "Symbolic", mas como já disse, a verba que eles tinham para gravar esse trabalho era reduzida também, então não foi um trabalho feito as pressas, mas a banda tinha um tempo menor para produzir esse trabalho.



Vamos agora para a parte lírica das músicas. O álbum começa com Scavenger of Human Sorrow, uma múscia lenta, cadenciada que do nada tem uma aceleração frenética com umas passagens diferentes. A letra, de acordo com o livro citado anteriormente, gira em torno de uma figura de um aproveitador que se alimenta da dor, morbidamente atraído pela aflição alheia, é uma besta com traços humanos, como se fosse um representante da mídia, o Chuck tinha uma rivalidade, um asco com a mídia, tanto é que ele tinha um bordão que era, - "ouça mais música e não os boatos!". Então talvez esse Scavenger of Human Sorrow  é uma pessoa, a besta que não demonstra piedade alguma com os indivíduos, que estão ali tomados pelo sofriemento. Essa música é atípica, faixa de abertura, fantástica, não tenho muito o que falar, elogios é uma redundancia a esse trabalho, assim como toda a discografia do Death, mas assim, eu fico ainda inconformado com as pessoas dizendo que esse é um álbum fraco do Death, pois para mim ele é o melhor!


Bite the Pain funciona como segunda faixa do disco, ela continua falando do lance da dor, desse sofrimento, só que ela é observada como uma dor mais interna do que externa, uma provação, um martírio que tem que ser provado até o final, mas que também tem que ser escondido daqueles que voce não gosta, dos seus inimigos, vamos dizer que é isso que dá a força deles, em ver a nossa fraqueza.

E voce vê como é engraçado ver que as pessoas só associam o metal ao satanismo e tal, aí você ve que o Chuck era um filósofo também, tanto é que no encarte do disco, tem uma referência ao Nietzsche sobre aquela frase do abismo, quanto mais você olha pro abismo chega uma hora que ele olha de volta pra você, então você vê que o Chuck tinha muito isso, de maneira até incosciente.


E aí a terceira é a minha faixa favorita do trabalho, Spirit Crusher. Eu ouvi muito ela para gravar os vocais da Sacramentia, porque ela tem um vocal maravilhoso, principalmente no refrão, essa parte que eu peguei mais a gama do meu tipo de vocal e até alguns arquétipos que ele usa muito antes até desse trabalho, ele puxa um pouco do A, e isso eu peguei um pouco pra mim também, incoscientemente acabei me infectando por esse tipo de vocal e essa música pra mim, personifica o "TSOP". 

E aí, segundo o próprio Chuck, o esmagador de espíritos é uma metáfora que explica como uma aparência inofensiva esconde uma personalidade esmagadora,  então a música ilustra os parasitas que se afogam na própria hipocrisia, aquelas pessoas que tentam passar uma mensagem positiva nas próprias palavras, por exemplo os pastores, que falam para você fazer alguma coisa, seguir uma determinada doutrina, mas na prática voce vê que eles agem diferente. Vou dar o maior exemplo disso, o fiel chega na igreja com um 'fusquinha' e o pastor chega num helicóptero. Aqui em São João, nós temos uma Universal, que tem um helioponto, e acredito que ele se refira a isso nessa música, pra mim ela é a melhor do album! É dificil escolher uma, mas se tivesse que escolher, Spirit Crusher  seria minha favorita.


Na sequência temos Story to Tell. Outra faixa fantástica, em termos de instrumental, como eu disse, elogio nesse álbum é redundância. Em Story to Tell parece que o Chuck abre um livro de memórias e ele analisa todas as dificuldades que ele enfrentou, uma história como se fosse uma auto biografia e diante dessas provações que ele passou, ele teme não ter força para superá-las, mas aguentando firme ele consegue suportar a dor, abrir a mente e ter aprendizado dessas adversidades, então é uma letra muito positiva para o pessoal que diz que o metal é só satanismo e coisas depresssivas. É aquele negócio, voces estão olhando o micro, que é o lance da agressividade da voz, mas voces não olham o macro, não pegam para ver as letras, logicamente existem aqueles fãs que se acham superiores por gostar de metal, mas é só por isso, eles não pegam para analisar as letras e tal.

O bacana no lance de colecionismo, é você degustar o encarte, pegar as letras, eu gosto muito também de biografia, como essa aqui do Chuck que eu estou usando para me apoiar nessa análise do álbum. Isso é muito importante, porque você conhece a história do cara, você sabe que pontos da vida ele passou que inspiraram as músicas, tudo está interligado, e o legal do metal é isso, as pessoas tem muito preconceito, mas se elas parassem para ver as letras, elas ficariam impressionadas, principalmente nas obras do Chuck.

Um país que acha legal música como 'paradinha taca taca não sei o que', a gente não pode esperar muita coisa, mas o legal de você ser privilegiado de ouvir metal é que abre-se um leque de inspirações que vão além do som, e Chuck é um dos grandes músicos que tivemos, por essas e outras razões, a presença da filosfia nas músicas dele, fora o talento, a virtuose em tocar e tudo mais.



E na sequencia temos a música mais longa do álbum, Flesh and the Power It Holds, com oito minutos e meio, uma música que é uma montanha russa, tem várias passagens, quebra de tempo e clima e eu tenho uma história com essa música pois eu peguei um trechinho dela pra tocar no baixo quando eu tava tendo aula com nosso atual baixsita o Guilherme Melo, o Garça e ela é muito frenética.

Vamos falar um pouco aí sobre a letra. Bem, a carne, e o poder que ela carrega é o tema da música, é uma paixão carnal, talvez no sentido mais amplo possível, uma paixão que leva ao vício e a destruição. Amor e luxúria não é exatamente o tema na poesia do Chuck, é quase uma Necrolust (música da Sacramentia), mas no nosso caso é uma coisa mais sexualizada, no Death é uma relação carnal das coisas, da intensidade que pode levar a algo mais destrutivo, como nos casos que da gente na televisão, como o menino que não aceita o fim da relação com a menina e acaba fazendo mal  a ela e depois se mantando, uma relação que eu estou fazendo aqui, mas vale, é isso que essa música tão incrível é, dissonante.


Depois temos a instrumental Voice of the Soul, ela é a segunda música instrumental de toda a discografia, veio depois de Cosmic Sea do "Human".  Ela te passa realmente esse negócio de alma, você vê aquilo que por mais que o instrumental não tenha uma letra, não tenha palavra por trás daquela melodi,a mas você vê que é algo feito com a alma. Com os violões é muito tocante mesmo, uma música que passa uma emoção muito grande em cada segundo dela, é quase indescritível a sensação de ouvir ela, pois é uma música que tem muitas sensações, angústia, trás uma tristeza em algumas passagens e pra quem não conhece a discografia do Death e acha que esse foi o último trabalho e depois o Chuck morreu, pode pensar que foi o último suspiro de um músico, um guitarrista, mas não, depois temos o Control Denied.


Na sequencia, To Forgive Is to Suffer, uma música que tem um solo bem labiríntico com altos e baixos e um solo bem dinâmico com muita diversidade e ela fala justamente isso, que as  vezes a gente sente aquele gosto amargo, que a gente tem que perdoar algumas situações da vida que a gente passa, então a gente perdoa ou por medo da solidão ou algo assim, aqui é legal que o Chuck enfatiza que no isolamento é que podemos encontrar um mínimo de serenidade, se ao menos nós tivermos coragem de aceitá-lá.

Então é um disco cheio de reflexões sobre a vida, acho que essa veia mais filosófica tenha vindo do "Leprosy" que fala sobre a questão, que fala em você deixar uma pessoa numa máquina, mesmo que vegetando ela vai estar viva, porque você não puxa logo o fio ou não, então começou aí no "Leprosy" o Scream Bloody Gore é um clima mais de terrorzão, temáticas de filmes, como a Evil Dead e a Zoombie Ritual e por aí vai, e a partir do "Leprosy" ele já começa isso da filosofia.


E aí chegamos a A Moment of Clarity, uma música que trás outra vez uma reflexão racional, que tenta enxergar além do que é permitido, procurando respostas para questões da vida. Então o Chuck fala que a existência está imersa em uma escuridão invisível, uma sombra negra que reluz. Segundo ele, essa música fala sobre como as vezes é necessário passar por momentos difíceis e tempestades emocionais antes de podermos pensar as coisas de forma objetiva.

Uma música muito positiva, se você é daquele que opta por aprender com as coisas ruins, então assim como em Story to Tell, ele trás de novo esse peso sobre a vida, as dificuldades, sobre você encarar de frente os seus problemas, refletir sobre essas situações, tem até partes da música que ele questiona deus, porque talvez a gente possa levar isso para o problema que ele enfrentava na época.

Para quem não sabe, Chuck morreu de um câncer que começou com dores no pescoço e depois evolui para um câncer cerebral, então pode ser que ele estava questionando essa fase da vida que ele estava enfrentando em paralelo com a carreira dele.


O disco fecha com uma releitura de PainKiller, clássico absoluto de Judas Priest. Muitas pessoas quando se fala em Judas Priest já lembram de Painkiller por ser uma música pesada e que esteve num álbum divisor de águas do Judas, que vinha de uma fase mais hard, pois aí eles vieram com Painkiller. Que bom! Até o Angra tem uma versão de Painkiller e aqui o Chuck fala nessa música, ele queria dar o melhor de si e de fato ele consegue, apesar do pessoal falar que o vocal dele tá fraco no disco, mas é um modo que ele encontrou.

Terminamos essa viagem pelo "TSOP" e ouvindo o disco com as letras em mãos a gente pode falar que é um álbum lindo na discografia do Death, é o último grito do monstro Death. São os últimos registros vocais do Chuck, porque no Control Denied ele só assume a função de guitarrista. Então ele é um álbum que trás reflexões sobre a vida, tem as dificuldades, os perigos do prazer da carne, das pessoas que estão em volta de você que tem um deleite no sofrimento alheio, então o Chuck faz essas interpretações de forma muito bonita e não pense que é bonito de palavras rebuscadas, é bonito de colocar o dedo na ferida mesmo, não tem meias palavras nas  letras dele e essas letras tem o tom filosófico que o Leandro Karnal tenta passar pateticamente nas palestras dele, tipo 'céu e azul é muito bonito', o Chuck não, ele passa essa reflexão mostrando a existência desses problemas, dessas dificuldades, dessas pessoas malditas que estão hoje na nossa sociedade, então por isso que pra mim esse álbum significa tanto, é um álbum muito rico, tanto em musicalidade como nas questões das letras, não que em outros trabalhos do Death não seja assim, mas parece que aqui essa reflexão toma um ponto alto, são reflexões que começaram a pairar lá no "Leprosy" e chegaram ao ague no "TSOP", mas elas já tomavam forma em álbuns anteriores e isso que faz do Chuck um compositor, músico e letrista tão rico.

As pessoas tem que conhecer e dar mais valor ao Chuk, pois eu vejo, principalmente molecada que começa a ouvir metal, pois eu não sou veterano 'true', mas eu conheço a obra do Death a menos de cinco anos e passei a me aprofundar, e você vê que realmente o pessoal hoje fica só no metaleiro clássico, as bandas tipo Back Sabbath e Iron Maiden e vão para outros nichos do rock, como Guns'n'Roses Scorpion, não que essas bandas não sejam boas, elas são, só que tem outras muito mais legais, que tem uma relevância tão grande, mas por uma desgraça do destino, no caso do Chuck foi uma desgraça, pois ele morreu tão novo, e foi uma comoção muito grande na época, até fizeram financiamentos coletivos antes de isso aí ter se quer nome, tudo para tentar ajudar o Chuck no tratamento de uma doença que é terrível e infelizmente acabou engolindo ele. 

Eu vejo que o Death é uma banda que deveria ter mais relevância, até o Max Cavalera finalmente falou algo que não tenha a ver com a birra que ele tem com o Sepultura, ele falou que o pessoal da pouco valor no legado que o Chuck deixou para a cena do metal, então é isso que eu tinha para dizer sobre o "TSOP", é um álbum muito bom, de uma banda lendária! Conheçam mais essa banda, se você não conhece o Death, escute todos os álbuns, você vai ver que é uma banda muito rica em instrumental, temática e em técnica, para quem gosta de sons mais técnicos. 

Parem de ouvir só Dream Theater e essas bandinhas chatas, inclusive o Death é uma banda que deixou muitas influencias, muita gente dentro da cena fala do Chuck com muito respeito, eu fui mais um discípulo do Chuck e fico muito honrado de ter conhecido a obra desse gênio. Obrigado pela oportunidade, e Chuck, 19 anos sem sua presença, mas nunca será esquecida!

TRACKLIST:
1) Scavenger of Human Sorrow
2) Bite the Pain
3) Spirit Crusher
4) Story to Tell
5) Flesh and the Power It Holds
6) Voice of the Soul (instrumental)
7) To Forgive Is to Suffer
8) A Moment of Clarity
9) Painkiller (Judas Priest cover)


FORMAÇÃO:
Chuck Schuldiner (R.I.P. 2001) - vocal e guitarra;
Shannon Hamm - guitarra;
Scott Clendenin (R.I.P. 2015) - baixo;
Richard Christy - bateria.

Transcrição (áudio para texto) por Harley Caires.
Revisão e edição por Carina Langa.