Entrevista #46: Postmortem INC

Salve Headbangers!
Mantendo o legado do Metal morte gaúcho, a Postmortem INC vem desde 2004 espalhando sua palavra por meio de um som devastador, e prometem que nesse novo trabalho "The Conqueror Worm" que irão destrinchar a psique humana, provando que nós somos a maior praga do planeta. Confira mais detalhes nessa entrevista exclusiva:



1) Salve Postmortem INC! Uma grande honra é para nós realizar essa entrevista, gostaríamos de começar com citações dos primórdios da banda, no ano de 2004. Quais foram as principais influências e motivações para se formar o grupo e que diferenças observam na cena de 2004 para a de 2020?

Bruno: Salve Underground Extremo! Em primeiro lugar, Postmortem INC agradece pelo espaço. A banda se inicia com o objetivo de tocar Thrash/Death/Black Metal, nada muito pensado, apenas uns moleques querendo tocar alto e ver o que sairia daquilo. Com o passar de 16 anos, mudanças na formação, um bocado de shows e materiais gravados, certamente fica notório a evolução da banda em termos de som, amadurecimento, profissionalismo, tudo bagagem deste tempo todo. Hoje sabemos o som que queremos, nosso público já sabe o que esperar de nós e do nosso som/show. Essa garantia de show porrada que talvez seja uma das coisas mais sólidas que desenvolvemos nesse tempo todo.

2) Quando citamos ‘death’ metal gaúcho automaticamente já se cria uma distinção de qualidade devido ao fato de o estado ser um celeiro de bandas de alto renome no estilo. Entre bandas, existe uma união para o fortalecimento do cenário extremo gaúcho?

Mou: Já dividimos palco com muitas bandas da região e sempre houve um sentimento natural de união, pois estamos todos juntos no underground. Na nossa jornada sempre rolou troca de material, apoio nas redes e trocas de shows com outras bandas, até porque também organizamos festivais. Nesses anos no cenário alternativo, notamos que sempre há aqueles mais envolvidos, mais entusiasmados e mais ativos pra fazer a cena acontecer, e o nosso foco é nessa galera!


3) Claro que o nome da banda nos remete diretamente ao Slayer, porém vocês incorporaram um INC ao nome e além disso, existe uma banda homônima na Alemanha. Ocorreu algum problema com essa banda de mesmo nome? Qual?

Douglas: fizemos esse acréscimo pra diferenciar nosso perfil do deles, não tivemos nenhum problema, mas quando começamos nosso grupo eles tinham encerrado atividades. Daí depois de algum tempo voltaram à ativa e nisso, nossos lançamentos ficavam misturados em plataformas digitais. E antes que pudesse ter algum problema legal, fizemos essa pequena inclusão.


4) O som da Postmortem INC me remete ao ‘death’ metal técnico ao mesmo tempo que em alguns momentos temos passagens mais orgânicas no som, o deixando com identidade única. Quais são as influências diretas da banda e como manter o equilíbrio entre a técnica, mas sem soar como uma simples demonstração de virtuosismo?

Bruno: A banda sempre teve bandas super técnicas como referência como Spawn Of Possession, Nile, Krisiun entre outras tantas. É natural que eventualmente entrasse alguma passagem mais técnica, mas ao mesmo tempo nunca quisemos este rótulo de “banda técnica”, sempre preferimos riffs rápidos e fluídos acima de qualquer coisa. Gostamos de ver o povo bangueando e não fazendo conta o show inteiro hehehe.


 
5) Voltando um pouco no tempo, como foi a recepção da demo “Out of Tomb” (2007)? Quais diferenças já estavam presentes nesse material comparando com os EP’s “Atra Mors” (2013) e “Confront Your Fears/Warfield Earth” (2019)?

Mou: A demo “Out of Tomb” não teve uma grande repercussão, mas teve uma extensa distribuição e abriu portas para novos shows. Quando lançamos os EP’s “Atra Mors” e “Whitin the Carcass” é que chamamos mais atenção, acredito que por conta de apresentar composições mais elaboradas, qualidade de gravação/mix/master muito superior e nossa técnica musical mais apurada. O clipe de Confront Your Fears teve um baita alcance, pessoas de tudo que é lugar entraram em contato para dizer que curtiram o som, acredito que até o lançamento do nosso primeiro full-lenght essa música era o nosso som referência.


6) Agora em 2020 vocês vão lançar o trabalho “The Conqueror Worm”. Depois de uma longa jornada em prol do underground vocês finalmente chegaram no ‘debut’. Quais são as sensações pré-lançamento? Cogitaram a ideia de adiar o lançamento? Afinal de contas, 2020 não está sendo um ano propício para o meio cultural.

Mou: A sensação é de missão cumprida, pois foi um longo período trabalhando nesse disco. Melhor ainda é receber um retorno muito positivo do nosso trabalho, a galera tem curtido e entrado em contato para nos parabenizar, também estamos sendo citados em vários canais de comunicação. Isso tudo é muito gratificante!   
Sobre o lançamento a ideia sempre foi lançar o quanto antes, pois foi um processo muito longo e já estávamos ansiosos. Mas como queríamos que o lançamento fosse bem feito e que tivesse impacto, fechamos uma parceria com a agência 1a1, que nos ajudou muito nessa questão e desempenharam um papel fundamental nessa etapa. Se esse ano não tivesse sido essa loucura que foi certamente teríamos lançado no primeiro semestre de 2020.

 
7) Na divulgação do trabalho “The Conqueror Worm” é dito que os sons vão apresentar alegorias de cunho social. Gostaria de explanar sobre esse assunto, pois muitas vezes o ‘death’ metal é associado a temas do senso comum do estilo, como por exemplo assassinatos, gore, etc. 

Douglas: Exatamente pra fugir dos temas clichês do estilo, escolhi usar alegorias e metáforas com uma roupagem crítica ao ciclo da vida humana. E como nada mais violento que a realidade. Vivemos numa época de muitos avanços e mas a barbárie humana prevalece em várias situações, desde relações sociais abusivas, escravidão velada, controle religioso e político. Acho que muitas bandas já usam os temas de Horror, e de forma primorosa, porém gosto de colocar mais sentido do que violência gratuita, acho que se puder incorporar uma reflexão sobre temas reais a mensagem se torna mais forte e mais visceral. Acho que a música é um veículo muito forte de propagação de ideias e mensagens, não teria como eu não tentar flertar com assuntos mais próximos do nosso cotidiano. 



8) Vamos falar um pouco sobre a capa do vindouro trabalho que é belíssima! Quem é o artista por trás do conceito? Fale também sobre as influências do escritor Edgar Alan Poe nos conceitos líricos da banda.

Douglas: Eu mesmo faço todas as imagens, artes e conceitos visuais da banda. Através do nosso período juntos, sempre me dediquei a isto e sempre mostro minhas ideias pro grupo, e busco aprovação e sugestões e ideias de todos. Então acaba que é um conceito do todo que prevalece. Para este disco, a sugestão do título veio do Mou. Tanto ele quanto eu somos fãs das obras do Edgar Allan Poe, mas ele teve contato com o poema “O verme vencedor” através de uma versão em quadrinhos. Ele curtiu a ideia apresentada no poema: o ciclo patético da vida e morte humana, que nada mais é apenas uma etapa do ciclo natural. O autor evidência o fato na figura do verme que come a carne morta, que pra ele nada é especial, só mais uma etapa do próprio ciclo. Enquanto nós humanos damos muito sentido às nossas vidas patéticas, o verme segue sua própria jornada sem nem pensar em algo maior. Tanto Poe, como HP Lovecraft me influenciam na forma como escrevo, pois trata dos medos, pesadelos, realidades distorcidas e até mesmo alusões à vida cotidiana, sob uma ótica ora pessimista ora fantástica e obscura.
Mas no texto deles, sempre a realidade e psiquê humana são, de fato, o fator terrível.

 
9) Falando em apresentações ao vivo, além de grandes nomes do metal nacional, vocês dividiram o palco com três grandes nomes do ‘Death’ Metal mundial sendo eles o Possessed, o Obituary e o Deicide. Como foram essas experiências? Deu para conversar com algum dos músicos? O que nossas bandas nacionais podem emular da experiência de tocar ao lado de grupos de renome internacional?

Mou: Foram grandes experiências! No caso do Possessed e Obituary dividimos camarim, então foi interessante trocar ideia de como funciona a rotina de bandas que vivem disso, suas histórias, mas também falar bobagem e festejar!

Douglas: Eu acredito que nós músicos do underground podemos extrair o máximo de profissionalismo destas bandas. Muitos de nós acham que tocar é simples e basta ir lá e fazer uma apresentação. Mas vendo estas bandas de perto sempre pudemos notar o quanto preparados os músicos e as equipes estão. Claro que isso tem muitos fatores, estamos sempre naquele patamar mais básico e os músicos headliners tem toda uma infra estrutura à sua disposição.

10) Obrigado pela entrevista!!! Gostariam de deixar algum recado para os leitores do Underground Extremo? Fiquem à vontade…

Douglas: Muito obrigado Harley e Underground Extremo pelo espaço e por apoiar nossas bandas de um país tão grande e cheio de bandas ótimas! Sigam o Postmortem INC nas redes sociais e nos principais canais de streaming.

Mou: Agradeço muito pelo espaço e pelo apoio do Underground Extremo, espero que a galera goste de "The Conqueror Worm" e nossos outros trabalhos e esperamos encontrar vocês nos palcos da vida!

Bruno: Valeu pelo espaço mais uma vez, saibam que estamos sedentos por palco, por pegar estrada e girar por onde nos permitirem. Espero que isso se dê muito em breve, Postmortem INC agradece!