Entrevista #23: Hatred Store


Desde que O Underground Extremo foi criado nossa ideia sempre foi (e sempre será) divulgar a cena e, por cena entendemos que fazem parte as bandas, as mídias, produtoras e todos aqueles que possuem o metal como um estilo de vida, e nessa categoria se encaixa a Hatred Store, capitaneada por Renata Abad. A marca vem há seis anos produzindo patches, bandeiras e muitos outros produtos, confira nossa entrevista exclusiva:

1) Hail, Hatred Store! Obrigado pela entrevista. Gostaria de saber quando você teve o seu primeiro contato com o Metal e quais bandas te levaram para curtir sonoridades mais extremas?


R: Olá! Eu que agradeço o convite!
Na verdade, comecei a curtir som um pouco tarde. Era aquela típica adolescente idiota que não queria curtir a mesma coisas que os pais porque era “coisa de velho chato!” kkkkk Tive meu primeiro contato com metal extremo em 2008, através de umas amigas da escola que me mostraram o play do Venom – Metal Black. A partir daí a parada desandou.. logo depois vieram Kreator e Behemoth para completar a trinca e nunca mais consegui parar de ouvir ou buscar bandas de metal extremo.



2) A Hatred Store está na cena há seis anos. Como surgiu a ideia de criar a marca, e quase forma as dificuldades iniciais?
R: Eu cresci em uma cidade do interior paulista chamada Botucatu. E como qualquer pessoa que já morou no interior sabe, a oferta de material relacionado ao metal extremo é escassa ou inexistente. Com a ideia de montar meu primeiro colete, acabei vindo a São Paulo para procurar os patches que queria na Galeria do Rock, e saí de lá mais decepcionada do que nunca! Só encontrei bandas genéricas, e os patches das bandas mais “undergrounds” que eu queria, a galera nem sabia ou tinha ouvido falar da existência da banda. Então voltei para minha cidade e desencanei de ter meu colete foda, ficaria só com o que tinha encontrado mesmo e paciência ... Mais ou menos uns 6 meses após eu ter desistido, ouvi falar de uma moça que fazia bordados para motoclubes e enxovais, e ela bordava qualquer coisa. É óbvio que fui correndo até a casa da mulher com meus logos do Toxic Holocaust, Municipal Waste, e outros que não encontrava em lugar nenhum. Saí de lá com meus lindos patches bordados a mão e raríssimos (especialmente no interior kkk). No caminho para casa encontrei alguns amigos que estava em um bar e mostrei os patches que havia feito. Meu amigo pirou e comprou aquelas primeiras peças de mim. Ali, começou a Hatred, em Setembro de 2012. Hoje em dia a produção é toda feita aqui no nosso ateliê, não são mais feitos a mão, mas continuam a mesma proposta de fazer o material que vc precisa.

3) Acredito que já deve ter um grande número de clientes. Quais foram aqueles que você ficou mais feliz de produzir material, e existe algum que deu um trabalho mais que o normal para produzir?

R: Todo o trabalho comercializado na Hatred é 90% artesanal, e fazer tudo isso sozinha leva tempo e dedicação. Resumindo.. todo pedido da loja da trabalho pra caralho pra fazer kkk Mas independente de todo esse trabalho, é gratificante demais ver a reação dos clientes quando recebem o produto. De saber que eles, assim como eu, procuravam algo que transmitisse seus gostos e personalidade e hoje podem ter aquilo que procuram.
Os trabalhos que mais gostei de produzir foram o de duas bandas nacionais. Não só por atender à necessidade deles, mas por conta da história envolvida. A primeira foi o Bode Preto.. gosto muito da banda, e apesar de nunca ter tido a oportunidade de assisti-los ao vivo, o carinho, respeito e apoio que recebi do Josh, mesmo sem me conhecer e especialmente sem nenhuma segunda intenção, foi algo que me deixou muito feliz .. E a segunda, e mais importante para mim, foi o Amen Corner. O Amen Corner foi a primeira banda de black metal que ouvi, me acompanhou por muitos anos e, durante o período que morei em Curitiba, tive a oportunidade de conhece-los, recebe-los na minha casa e fiquei ainda mais fã desses caras, pois apesar da contribuição extremamente importante que eles têm para a nossa cena nacional, são de uma humildade ímpar. E aí, além de serem pessoas maravilhosas, me confiarem a produção do merchandising oficial deles, isso foi um presente para mim.

4) A Hatred é ligada ao metal mais extremo, mas vocês já fizeram trabalhos não ligados ao Metal, caso sim poderia citar qual?
R: Sim, com certeza! Apesar de o nosso foco ser o metal extremo, não temos problema algum em atender outros públicos. Já fiz trabalhos para moto clubes, empresas e públicos de outros estilos como Geek e KPop. Não vejo problema em atender outro tipo de público, desde que respeitem a postura que tenho com relação a alguns temas. Como sempre digo.. não trabalho com White Metal e nem Político de Estimação. Apesar de a Hatred ser o meu trabalho, ela também é parte de mim, e me reservo ao direito de não trabalhar com algo que não concordo.


5) Quem acompanha a página da Hatred no Facebook já deve ter deparado com alguns textos onde é relatado algumas situações no mínimo absurdas. Desde cantadas, até a conversões religiosas, qual desses ocorridos lhe deixou mais furiosa?


R: Pois é, sou a garota que vive de TPM kkkkk Cabaços e religiosos malas fazem parte do dia-a-dia do atendimento da loja. Os religiosos com a falsa ideia de que se não for igual a eles, então você é um doente que merece ser ofendido e os cabaços que, infelizmente, ainda não aprenderam a diferença do que é bom atendimento para o que é liberdade ou cantada. Esse segundo tipo é ainda mais chato. Me mantive “escondida” durante 5 anos em que trabalho com a loja exatamente pelo fato de que a maioria dos caras não respeitam quando percebe que é uma mulher que está atendendo. Acham que se derem uma cantada ou forem inconvenientes vão conseguir desconto ou uma transa fácil. No último ano resolvi começar a expor essas pessoas, pois não sou só eu que passo por situações constrangedoras por ser mulher. E isso é no facebook ou pessoalmente em rolês e no próprio stand da loja. São desrespeitosos, e nojentos. E merecem sim ser expostos para que todos vejam o quanto isso é ruim para qualquer pessoa que tenta fazer seu trabalho de forma correta. Agora, o que realmente me tira do sério é quando clientes vêm tentar me dizer como eu tenho que fazer o meu trabalho. Coisas do tipo “você não pode trabalhar com política, a loja tem que ser voltada apenas para a música” ou “você deveria cobrar apenas 50% do valor para começar o pedido, é assim que eu trabalho aqui e é assim que é o certo”. Ou então cliente que nem se quer falou o que quer ainda e já está pedindo desconto “para camarada” ou “para fidelizar o cliente”. Cara, isso me deixa extremamente puta! Sou do seguinte princípio: Não curtiu? Foda-se! A bodega é minha e faço o que e como achar melhor.. Se não entende isso, então VAZA!

6) Vocês são de São Paulo certo? Como está a cena aí no Estado? Muitas banda que entrevistamos sempre nos falam de um movimento forte, porém com bastante bandas covers o que atrapalham bastante, o que pensas a respeito?


R: Sim, atuamos em São Paulo e Rio de Janeiro. Confesso que ando um pouco afastada dos eventos recentes até por conta do volume de trabalho, mas para mim, São Paulo continua sendo uma cena muito rica de boas bandas que, apesar de todas as dificuldades, continuam fazendo seu som. Fico muito feliz quando vejo bandas se unirem para organizar eventos. Simplesmente param de reclamar da cena, e de produtores que não dão oportunidade e vão lá conquistar o seu espaço na marra. Isso sim é fazer a cena, se unir para fazer acontecer. E não ficar no facebook destilando veneno contra pessoas que não te dão oportunidade. Quanto aos rolês cover, acho que tudo é questão de ponto de vista. Na maioria das vezes o público que comparece a um evento cover, não iria a um evento underground de som autoral porque não é isso que o cara está procurando. Acredito mesmo que tem espaço para todo mundo no rolê, não é fácil conseguir espaço, mas ele existe... 



7) Vivemos tempos confusos de Fascismo, e neo-nazismos, algum cliente já procurou a Hatred para produzir material desse cunho?


R: Sim. Particularmente, se eu tenho ciência de que de fato, alguma banda é envolvida com tais elementos, não confecciono. Nem sempre é possível ter noção do nível de envolvimento das bandas que produzimos, mas, se tivermos consciência de algo que não compactuamos, me reservo ao direito de não fazê-lo.

8) Falando em bandas poderia dizer :


a. Seis bandas paulistas: Power From Hell, Throne, Vulcano, Attomica, Anthares, Zumbis do Espaço

b. Seis bandas Brasileiras: Amen Corner, Hecate, Bode Preto, Omfalos, Kahbra, Peristaltic Movement

c. Seis bandas Internacionais: Behemoth, Mastodon, Ghost, Church Bizarre, Nunslaughter

9) Headbangers em geral que queiram patches, bandeiras bottons e muambas Nacro satânicas como pode entrar em contato com a Hatred ?

Podem entrar em contato em:
Facebook: www.facebook.com/hatred.store
Instagram: www.instagram.com/hatredstore
WhatsApp: (11) 985113057
E-mail: contato@hatredstore.com.br
Site: www.hatredstore.com.br


10) Em nome do Site Underground Extremo agradecemos a entrevista, poderia deixar algum recado para nossos leitores ?


Eu é quem agradeço ao convite e ao espaço que o Site Underground Extremo nos proporcionou. E a galera que ainda não conhece a Hatred, dá uma conferida nas nossas redes sociais! Se não tiver o produto que você está procurando, pelo menos vai te render boas risadas e um pouco de informação! Vlw, galera!