Entrevista #21: Primator


  Heavy Metal no melhor sentido da palavra, se essa palavra basta para você se identificar com uma banda, então prepare se para pirar no Som da Primator, executado com muita garra, e com sangue nos olhos a Primator representa tudo o que esperamos de uma banda do autentico estilo musical que tanto amamos, uma entrevista feita por headbangers para headbangers:

1)Hail Primator! É uma grande satisfação para o Underground Extremo estar realizando essa entrevista com vocês. Somos originalmente um blog de metal extremo, porém não fechamos os olhos para grandes bandas, em outros estilos, então gostaríamos de começar esta entrevista com uma apresentação geral da banda e como foi o seu processo de formação.

R:André dos Anjos - É nossa a satisfação pela oportunidade de divulgarmos nosso trabalho. Independente da vertente, mantemos acesa a mesma chamada!
A Primator foi formada em 2010 por uma ideia concebida entre os amigos Rodrigo Sinopoli (vocal) e Márcio Dassié (guitarra), resultado comum da paixão ao gênero e a música. Ainda neste início, e também pelo círculo de amizade, se uniu André Anjos (baixo). Mais recentemente, e caracterizando uma segunda formação da banda, foram incorporados o Lucas Assunção (bateria) e o Felipe Fatarelli (guitarra).

2)A sonoridade de vocês é totalmente Heavy Metal clássico. Essa é uma escolha, em nossa opinião, sensacional, pois o verdadeiro Heavy Metal nunca vai morrer. Como vocês percebem a recepção do público ao som da Primator? Desde os primórdios da banda a escolha foi por essa sonoridade?

R: André - O estilo de som da Primator nunca foi pensado (pelo menos não desta forma) durante nosso processo de composição. Na verdade, ele tem sido resultado das influências comuns aos membros da banda e moldado a medida que as músicas vão sendo construídas. Mais do que uma escolha, ela foi um resultado natural. É claro que há um cuidado, principalmente neste segundo álbum em que estamos trabalhando, para direcionarmos as letras e músicas para um fim pensado previamente, mas durante o processo criativo procuramos não limitar nossas criações em função de um gênero ou formato pré-definido.
Sobre a receptividade do público, ela tem sido maravilhosa! Tanto a mídia especializada quanto o público geral têm elogiado bastante nosso trabalho e isto tem sido muito estimulante para nós.


3)Na biografia presente no site da banda é dito que vocês primeiros fizeram muitos shows na noite paulistana para depois se trancarem em estúdio para a gravação de Involution. A ideia era testar as músicas ao vivo antes de gravar ou esses shows eram mais focados em covers? A propósito, como anda a cena paulistana? Muitas bandas comentam que o mercado de bandas covers e tributos tiram o espaço das autorais. Como a Primator vê esta questão?
R:André - Na verdade não foi um teste, apesar de ter servido como (rs). Toda banda sonha e trabalha para este momento: o show, sendo esta a verdadeira razão e motivação do nosso trabalho. É um momento singular onde estamos diretamente conectados com aqueles que dividem da mesma paixão que nós e a oportunidade de mostrarmos o que pensamos e sentimos através da música, ao vivo. No início talvez esta ânsia tenha dividido nossas atenções, fato este que ajudou a levar o Involution a um processo mais longo de criação, ainda que nossos shows sempre tenham priorizado o trabalho autoral. 
A Primator já nasceu com esta proposta e nosso trabalho sempre foi orientado a este fim.
Sobre a cena paulistana, ela anda bem complicada! Realmente o espaço para bandas autorais em todas as vertentes de Metal, e mesmo do Rock, está bem escasso. E não por falta de bandas pois há muita coisa de qualidade sendo produzida, como os trabalhos de Psycothic Eyes, Armahda, John Wayne, Project 46, Inherence e tantos outros. Muitas dessas bandas com shows e turnês na gringa, o que comprova tal fato. 
Parte da falta de espaço se justifica sim pelas poucas e raras casas daqui que abrem espaço para bandas autorais, mas acreditamos que a grande responsabilidade desta problemática passa pela carência de público na cena. Atualmente as bandas vivem um cenário muito underground, com apoio de um público muito pequeno já que a atenção e incentivo do grande público está concentrada no mainstream. 
E é claro que as casas precisam de público e, consequentemente, retorno financeiro. Desta forma, enquanto o público prestigiar integralmente ao artista cover ou a grande banda, quase não haverá espaço para as novas bandas. O ideal seria um balanceamento nesta atenção desprendida pelo público: prestigiar sim a grande banda ou o artista cover, mas também acompanhar com frequência a cena renovada.

4)Um ponto de destaque da Primator é que a sonoridade da banda é “oitentista” porém com uma produção bem atual e cristalina. Acreditamos ser uma visão correta, mas vocês chegaram a ouvir alguma crítica dos mais “puristas” referente a essa escolha?


R: André - Como dissemos, nosso som reflete muito de nossas influências comum, como Judas Priest, Black Sabbath, Pantera, Iron Maiden... e por isso a “cara oitentista”. Uma característica que geralmente surpreende aos ouvintes são as linhas vocais do Rodrigo, potentes principalmente nos agudos, que são mais presentes no Power Metal. Mas geralmente as críticas são positivas (yeah, rs)!

5)Focando agora em Involution, gostaríamos que comentassem um pouco sobre o processo de criação do mesmo. Quais músicas já eram mais antigas na formação da banda e quais foram criadas para esse conceito do trabalho?

André - As primeiras composições da banda surgiram ainda em 2010, bem no início da banda, e foram Primator e Deadland. Na sequência vieram Erase The Rainbow, Let Me Live Again e Black Tormentor, ainda nos primeiros anos. Foi então que, olhando para as composições que tínhamos até ali, pensamos em trabalhar uma temática para um possível álbum, já que todas as músicas tinham um contexto similar e que poderia ser trabalhado sob esta perspectiva. Foi assim que realizamos as demais composições: Face The Death, Praying For Nothing, Flames of Hades, Caroline e Involution, estas com letras mais explícitas quanto a temática do álbum, até em função da cronologia da coisa, como vimos.
Por fim, dedicamos um bom tempo aos processos de gravação, mixagem e produção física das mídias para o tão esperado lançamento. Nós, assim como muitas outras bandas do meio, trabalhamos integralmente em todo o processo, além de dispor de apenas recursos próprios. Estes dois fatores, aliados a “inexperiência” (por ser um disco de estreia), nos consumiram bons meses de trabalho!



6)Involution pode ser chamado de um trabalho conceitual? Como vocês chegaram nos conceitos do biólogo Charles Darwin?

André - Achamos que sim, mas de maneira bem sutil. Como vimos, o processo de criação das músicas que compõe o álbum foi bem espaçado e, inicialmente, o conceito não existia (não explicitamente).
Quando pensamos em criar um conceito para o álbum a ser lançado, olhamos para as letras criadas até ali e observamos que elas remetiam, de alguma forma, ao caos e mazelas que vivemos na humanidade na atualidade. Isto nos permitiu o seguinte questionamento: seria o homem o próprio causador de suas chagas? Estaríamos ao ponto de causarmos nossa própria extinção?
Por fim, isto nos remeteu ao trabalho de Darwin, Origem das Espécies, e sua teoria evolucionista, porém em uma proposta contrária, supondo que o homem e suas criações (viabilizadas por tal nível evolutivo) nos conduziram a um cenário de degradação e destruição. Seria este fato o causador da “involução” de nossa espécie?

7)A banda Primator chegou a fazer alguns shows com Dark Avenger e o single To Mars teve a produção de Mario Linhares. Como foi o trabalho com esse musico brilhante e uma grande ausência para o Heavy Metal nacional?

André - Na verdade, tivemos a oportunidade de dividir um palco com o Dark Avenger por uma vez, em uma ocasião muito especial: show de lançamento oficial do Involution e comemoração dos 20 anos do primeiro álbum do Dark Avenger. Tivemos oportunidade de interpretar a música Dark Avenger (do Manowar) com o Mário participando dos vocais. Foi nesse encontro que tivemos a oportunidade de estreitar relações com o Mario e fomentar essa parceria. Ele nos presenteou com a composição “To Mars” e chegou a trabalhar conosco na produção da música. A ideia era ir além e tê-lo conosco na produção do novo álbum, mas, infelizmente, o destino assim não quis.
Tê-lo próximo, ainda que brevemente, foi sensacional. Poder experimentar seu conhecimento e absorver um pouco de sua experiência foi transformador. Ele foi um músico e compositor brilhante e sua obra fantástica, em diferentes trabalhos, será seu legado.

8)O monstro que aparece na capa será um mascote da banda e estará em próximos trabalhos ou ele foi criado exclusivamente para esse trabalho? E o que pode nos adiantar do próximo lançamento de vocês?

André - O mostro da arte de Involution não será um mascote. Ele, em conjunto com o restante da arte do álbum, foi a maneira que encontramos para representar na capa do álbum todo este conceito que o Involution carrega.
Sobre nosso próximo trabalho, ele ainda está em fase embrionária, mas acho que já dá para adiantar que ele também deve seguir uma linha conceitual e trazer bastante peso nas músicas. Acompanhem!



9)Infelizmente, ainda não assistimos um show de vocês e gostaríamos de saber como vocês descrevem uma apresentação ao vivo da Primator? Que sons não pode ficar de fora do set e, a propósito, estamos esperando por vocês aqui em SC onde temos grandes festivais e bandas de metal tradicional, como Stell Warrior, Orquídea Negra, entre tantas outras.

André - Rapaz, que pergunta difícil! Bom, nossos shows costumam ser empolgantes (acreditamos, rs). Temos grande preocupação com a qualidade do som entregue e com a experiência vivida pelo nosso público. O Rodrigo é um excelente frontman, tem muita energia e mantém uma boa interação com o público!
No nosso set já temos duas candidatas a favoritas: Deadland e Black Tormentor (a segunda com leve vantagem)! E estamos ansiosos por apresenta-las em Santa Catarina, um dia quem sabe...



10)Obrigado pela entrevista! Gostariam de deixar algum recado para os leitores do Underground Extremo?

André - Agradecemos novamente o espaço e convidamos a todos os leitores a nos acompanharem nas redes sociais, canais de mídia digital e, principalmente, em nossos shows! Um forte abraço e viva o metal brazuca!


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