Cobertura #07: "Maniacs Metal Meeting 2017" (Parte 02)

No meio das polêmicas, o metal nacional mostra sua força!

Recuperados do dia anterior e antes das apresentações começarem, fomos conferir a estrutura da Fazenda Evaristo, local que sedia o Maniacs. A experiência de um festival 'open air' é fantástica e recomendo muito para quem nunca esteve nesse ou em outros que seguem essa linha. Muitas barracas de 'camping' espalhadas, para qualquer lado que você olhe tem alguém com camisa de banda, sons rolando nos carros e um clima de amizade que nos mostra que o metal, além de um estilo musical, é um estilo de vida.

A abertura do festival no sábado começou com a Fearless Woman, o quarteto feminino divulgou seu EP de estreia, "Volúpia". Suas músicas possuem elementos de 'rock pop' e metal, todas em português com letras bem legais, além das moças terem uma grande presença de palco e os vocais e 'backing' bem desenvolvidos. Difícil sair do 'show' sem cantar o refrão de músicas como Volúpia ou Cigano.


A Toxic Revolution vem apresentando o seu CD de estreia, “End of the Word” trazendo um 'Thrash' metal técnico que transita entre a velocidade e aquelas paradinhas típicas do estilo. Destaque para sons como Post War, Purpose of Destruction e End of The World, que representam bem o som dos paranaenses, um nome a se ficar de olho.



Para quem acompanha o 'Underground', sabe da importância da Mercy Killing e essa nova formação com Tati Klingel nos vocais casou perfeitamente com a proposta da banda, o 'thrash' metal tornou-se muito mais agressivo, o fato de Tati ter participado de um 'cover' do Arch Enemy, já demonstra o seu potencial, além daqueles 'riff's' da velha escola do 'thrash', criando assim uma sonoridade impressionante. Destaque para sons como Total Death, Euthanasia e Life, de quebra, na 'finaleira' do 'show', ainda teve um 'wall of death', simplesmente a banda quebrou tudo. 



Por estar entrevistando a Mercy Killing não conseguimos acompanhar todo o 'show' da Futhark, mas chegamos a tempo de assistir um eficiente 'cover' de Eluviette. A banda faz um 'folk' metal com melodias marcantes e destaque para os vocais e para músicas autorais como Winds of Fate e Land Of Freedom.



Division Hell mostra como a cena paranaense sempre revela nomes fortes no que tange o 'death' metal. Com  seu nome em ascensão, o público veio à frente prestigiar o calibre de sons como Bleeding Hate e The Fable of Salvation. Falar da técnica de bandas que se propõem a fazer esse estilo é 'chover no molhado', porém, quando a banda consegue desenvolver o que faz em estúdio ao vivo, é impressionante e a Divison Hell é isso, extrema e técnica.



O Surra veio de São Paulo com seu 'hardcore' com letras politizadas e muita energia. Quem conhece o trio paulista sabe o que esperar, nunca tinha visto a banda ao vivo, mas posso afirmar que depois desse 'show' eles ganharam mais um fã! O 'circle pit' rolou solto o 'show' inteiro. Sem perder muito tempo, a banda emendava músicas dos CD’s “Tamo na Merda” e “Bica na Cara”, entre elas Daqui pra Pior, 7x1, Merenda e Cubatrash. Pós 'show', fiz uma entrevista com a banda e a admiração por ela só aumentou. Vale a pena dizer que o Surra tem mais duas datas marcadas em SC, sendo 27/01 – Porto Belo e 24/03 – Jaraguá do Sul.



A Blackmass é um dos nomes mais fortes da cena 'Black' metal nacional, isso se deve ao fato de ter composto 'opus' como “Gloria Diaboli” e “Nemesis” e deles vieram sons como Gloria Diaboli e I call Upon Thee, apresentados no festival pela banda com uma postura de palco marcante. Lord Aeshma é uma máquina de 'riff's' gélidos do 'black' metal nacional.



Muita expectativa estava presente no 'show' da Nervochaos, afinal, a recente morte de Cherry afetou muito a banda e a melhor forma de homenagear a musicista foi fazendo o que ela se dedicava a fazer em vida, tocando metal. Então a Nervochaos representou muito, afinal são mais de duas décadas de dedicação ao metal da morte. Apresentaram músicas do recente trabalho “Nyctophilia Moloch Rise”, como Ad Majorem Satanae Gloriam que pode ser considerado um novo hino na discografia da banda, além dos clássicos como Pazuzu is here, Pure Hemp e Not Fashion For Passion, enfim, foi um show avassalador.



O 'show' que veio na sequência, é até difícil de descrever o que ele representou, afinal de contas essa apresentação da Dark Avenger foi a última com Mario Linhares, então, ela já era marcante pelo fato de termos ali no palco uma das maiores bandas de 'heavy' metal do Brasil. O vocal de Linhares sempre foi impressionante e de quebra estavam divulgando um dos melhores álbuns de sua carreira “The Beloved Bones: Hell” com músicas como The Beloved Bones, além dos clássicos como Morgana e Broken Vows. Enfim, esse 'show' ficará sempre marcado na nossa memória, obrigado por tudo Mario Linhares, sua obra será eterna.



Gangrena Gasosa era uma dúvida para mim, afinal de contas será que o sarava metal funcionaria tão bem ao vivo como no CD? E a resposta é, não!!! O sarava metal é ainda muito mais 'foda' ao vivo, a mistura de 'hardcore' e metal, com letras bem inteligentes e o carisma de todos os integrantes, fez com que esse 'show' fosse, sem dúvida, um dos melhores do festival. Não sei nem o que dizer das músicas como Eu não Entedi Matrix e Centro do Pica Pau Amarelo, além das outras apresentadas do CD “Gente Ruim Só Manda Lembrança Pra Quem Não Presta”, como O Saci e Fiscal de Cu. Só sei que os caras agitaram muito e resumidamente Zé Pelintra e sua horda estão de parabéns, pois fizeram um 'show' perfeito! Pena que a banda que os seguiu não sabe o que significa respeito e integridade ao público.



Aqui um adendo, eu sou um grande fã de 'Black' Metal, sendo que muitas hordas norueguesas estão entre as minhas favoritas, mas nada justifica a palhaçada que foi feita pelos seguranças da Gorgoroth. Não vou me estender em polêmicas, porém a equipe do Underground Extremo reafirma o posicionamento do programa Heavy Metal Online:

“Em um país com hordas como Miasthenia, Malkuth, Luciferiano, Impiedoso, Luxúria de Lilith e Mystifier, não precisamos de Gorgoroth".

Então em forma de respeito a cena nacional, vamos ignorar essa apresentação.

Nada melhor que 'Black' metal de verdade, sem modinhas e sem frescuras, a Symphony Draconis, veio com seu 'draconian' metal, divulgando o CD “Supreme Art of Renuciation”. Essa horda ao vivo é uma das melhores do país, e rolou canções do naipe de Demoniac By a Divine Power e Ain Soph Aur só provam isso. Stiemm Nechard é um grande 'frontman' e a apresentação dos gaúchos só reafirmou o quanto é propílica nossa cena.

Outro nome que vem ganhando bastante destaque é a Dying Suffocation, com um som totalmente tétrico e atmosférico que combinou exatamente com o horário, fomos levados a atmosfera de 'doom' metal em canções como Suffocated e Sacrificed Souls. Há tempo de dizer que eles focaram a maioria do 'set' nas músicas do CD “In the Darkness of Lost Forest”, um dos melhores lançamentos de 'doom' da nossa lista de 2017.

O cansaço já pegava, mas não poderíamos ir embora sem ver a apresentação dos deuses do caos, a Chaos Synopsis, que vem em uma crescente vertiginosa desde “Kvlt of Dementia” até esse novo lançamento. Já podemos dizer que ela está no seleto grupo de bandas que não decepcionam os fãs, fica até difícil montar um 'set' com tantas músicas legais, mas as que não poderiam e não ficaram de fora foram canções como Storm of Chaos, Son Of Light e Gods Upon Mankind. Assistindo a banda foi possível perceber o porquê que o nome Chaos Synopsis está cada vez mais forte no nosso 'underground'.

Pós essa maratona de 'shows', restava a nós se arrastar para a barraca para esperar o terceiro dia recuperando as energias, onde teríamos nada mais nada menos que a quebradeira de Desdominus, Krisiun, entre outras. Em breve teremos a terceira parte no ar.

Revisado por Carina Langa.