Cobertura de eventos #60: "Monsters of Rock" - Allianz Parque/SP (19/04/2025)

Por Wellington Oliveira
E este ano tivemos a edição de 30 anos do "Monsters of Rock", e eu fiquei meses decidindo se iria ou não, até que, um dia antes do festival, peguei minha família e fomos para Itapevi/SP, cidade em que nasci, e assim comprei os ingressos para mim e minha parceira na sexta antes de pegar a estrada.
Como era um feriado prolongado, fomos bem descansados para o Allianz Park, chegando lá um pouco após a abertura dos portões (10h), demoramos em torno de 30 minutos para entrar na arena, achamos tudo muito bem organizado, com filas separadas para cada setor.
O clima era muito agradável, uma energia positiva no ar, pois estava lá para ver duas bandas importantes para mim desde minha adolescência, o Opeth e o Savatage. Era nítido, principalmente, a empolgação das pessoas em assistir o retorno ao palco do Savatage, algo que, particularmente, eu confesso que não tinha mais esperanças, porém, lá estava eu aguardando o início do Stratovarius, pontualmente.
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Stratovarius
A primeira vez que eu vi os finlandeses foi em 2006 no "Live’N’Louder" (espero não demorar quase 20 anos para assistí-los novamente), o show começa de forma muito empolgante, com Timo Kotipelto cantando muito bem. Durante o show deles me passou várias lembranças, como em 1998 em que vi na finada MTV o clipe de Kiss of Judas, e foi uma pena eles não terem tocado essa, já que foi a primeira vez que ouvi eles.
O show foi prosseguindo com muita energia com destaques para Speed of Light, essa eu tenho um carinho enorme, porque foi um dos primeiros riffs mais complexos que tentei tirar no meu antigo violão lá em meados 2002 e 2003, enfim, falhei miseravelmente na época, após Speed of Light a banda prossegue com Paradise, um grande hit da banda, música cativante e simples, que mostra que o power metal não precisa ser sempre cheio de virtuosidade.
O próximo destaque para mim, foi Black Diamond, com seu trabalho de teclado marcante pelo lendário Jens Johansson.
O show já estava chegando ao fim e, é claro que não poderia faltar o maior sucesso da banda, Hunting High and Low, com seu refrão sendo cantado por todos que ali estavam presentes. Stratovarius abriu o festival com maestria, deixando todos aqueles que chegaram cedo bem empolgados para o restante do evento!
Foto (celular) por Wellington Oliveira 
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SETLIST:
1) Forever Free
2) ⁠Eagleheart
3) ⁠World on Fire
4) ⁠Speed of Light
5) ⁠Paradise
6) ⁠Survive
7) ⁠Eternity
8) ⁠Black Diamond
9) ⁠Unbreakable
10) ⁠Hunting High and Low
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Opeth
Com certeza, um show muito especial para mim, lá estava eu diante de uma banda que estou para assistir há mais de 20 anos e que eu nunca imaginaria que ela teria tanto carinho e reconhecimento pelo público brasileiro.
Nosso querido Miguelito e sua trupe começam o show pontualmente com §1, faixa que abre o mais recente disco da banda e traz de volta os poderosos guturais que estavam ausentes desde 2008. Na sequência vem Master's Apprentices, uma das primeiras músicas que escutei da banda, com seu início extremamente agressivo no maior estilo Morbid Angel, destaque para o novo baterista, Waltteri Väyrynen, destruindo tudo.
A seguir, §3, também do novo disco "The Last Will and Testament", gostei muito dessa música ao vivo, funciona muito bem, com diversos elementos já conhecidos da banda. In My Time of Need, uma linda balada, refrão grudento que eu e a arena inteira cantou junto, difícil demais descrever esse momento, essa música me marcou muito e foi muito especial ouvir ela ao vivo, se você estava lá no "Monsters", sabe do que estou falando!
Ghost of Perdition, um clássico absoluto e incrível também cantar junto com a banda, uma música com diversas passagens e a banda executando com perfeição, cara, que tesão de música, são 10 minutos de riffs, linhas vocais sensacionais, do gutural ao vocal limpo com a mesma intensidade de 20 anos atrás de quando o álbum foi lançado. Vocês sabiam que no clipe dessa música quem está na bateria é o lendário Gene Hoglan? Pois é, embora ele não tenha gravado o álbum, ele ficou um pequeno tempo no Opeth para uma turnê em 2004.
A seguir temos um outro clássico: Sorceress, com sua introdução prog anos 70 mudando drasticamente para um riff extremamente pesado que ecoa por todo Allianz Park, uma música que funciona muito bem como cartão de visita para a banda.
O show então se aproxima do final e para fechar, Deliverance, essa música sensacional, que eu tenho um enorme carinho, foi uma das que já toquei na guitarra, como o Mikael diz, no mundo do Opeth, esse seria o clássico deles.
Foi uma sensação muito maravilhosa de assistir a banda, superou todas as expectativas, eu e minha esposa ficamos muito emocionados!
Foto (celular) por Wellington Oliveira 
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SETLIST:
1) §1
2) Master’s Apprentices
3) §3
4) In My Time of Need
5) Ghost of Perdition
6) Sorceress
7) Deliverance
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Queensryche
Esta é uma banda importante para minha educação musical também, mas devo admitir que escuto muito os álbuns "Operation: Mindcrime" e "Empire", não conheço tanto os demais trabalhos, salvo algumas músicas e uma delas é a que abriu o show, Queen of the Reich, colocando a plateia em ecstasy, Todd La Torre mandando muito bem nos vocais.
A seguir a música Operation: Mindcrime, que eu curto muito mesmo e foi muito especial escutar ela ao vivo, se você não conhece esse álbum, escute, obra conceitual com uma história sensacional.
Walk in the Shadows é tocada a seguir, outro clássico da banda, aquele heavy metal tradicional que a gente gosta. Não poderia faltar I Don’t Believe in Love, The Needle Lies, The Mission, Empire e Eyes of a Stranger, porém faltou o maior sucesso comercial deles, a linda balada Silent Lucidity, que iria funcionar muito bem no "Monsters", já que havia um clima de nostalgia e alegria evidente no ar. Outra música que senti falta foi Jet City Woman, clássico do álbum "Empire" de 1990. O show se encerra com a fenomenal Eyes of a Stranger e aproveito a pausa entre os shows para descansar e aguardar o Savatage.
Foto (celular) por Wellington Oliveira
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SETLIST:
1) Queen of the Reich
2) Operation: Mindcrime
3) Walk in the Shadows
4) I Don’t Believe in Love
5) Warning
6) The Needle Lies
7) The Mission
8) Nightrider
9) Take Hold of the Flame
10) Empire
11) Screaming in Digital
12) Eyes of a Stranger
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Savatage
Fazia tempo que não ficava tão ansioso para assistir um show, sei lá, na minha cabeça estavam diversos pensamentos de quando ainda morava em São Paulo, de tantas vezes que eu escutava Opeth, Savatage e Queensryche indo de trem ao trabalho no meu MP3 player que tenho até hoje, comprado na galeria "Pagé". Nessa época eu não tinha esperança nenhuma de ver essas bandas, como todo brasileiro que trabalha só para pagar contas.
Mas 20 anos se passaram e lá estava eu, prestes a assistir o retorno aos palcos do Savatage, era perceptível que muitas pessoas estavam ali pra assistir eles e gente, que show!
Introdução do show com The Ocean, do meu disco favorito deles "The Wake of Magellan", a seguir Welcome com Zak detonando nos vocais.
Fico arrepiado quando o riff de Jesus Saves começa, que música foda, o público vai a delírio, muitas emoções. A próxima faixa é The Wake of Magellan, eu confesso que não esperava que essa seria tocada, fiquei muito feliz, essa música é muito especial para mim, me trazendo memórias da época da escola, de um tempo que nunca vai voltar mais.
A seguir Dead Winter Dead e Handful of Rain, por coincidência, começou a garoar nesse momento, deixando melhor ainda o clima para Handful of Rain. Chance, clássico da banda, música maravilhosa com diversas passagens, como é bacana ver o público participar e ver o sorriso estampado no rosto da banda. Gutter Ballet, eu lembro de sentir inveja ao ver no Youtube o show do Savatage em 1998 e a galera pirando com eles tocando esse clássico, mas agora não preciso mais sentir isso, porque eu também vi, essa música dispensa comentários.
Edge of Thorns inicia com a clássica introdução de piano, música sensacional, a banda extremamente bem ensaiada, em todos os momentos do show é possível ouvir todos os instrumentos. Believe, talvez o momento mais emocionante do festival, eu chorei muito nessa música, Jon Oliva aparece no telão cantando o início dela, foi uma coisa muito bacana que a banda fez. Essa música me fez lembrar de todas as coisas que tenho passado nos últimos anos, como perda do meu Pai, da minha irmã e de tantos outros familiares.
A seguir Sirens, com seu riff de guitarra foda pra caramba e já começamos a sentir que o show está chegando ao final. Hall of the Mountain King fecha o show, cantei muito não só nessa música, mas em quase todas, fiquei até meio rouco. O que vou falar da experiência? Inesquecível, desejo que mais fãs ao redor do mundo assistam e levem para a banda o mesmo carinho que nós brasileiros deixamos nesse belo sábado.
Foto (celular) por Wellington Oliveira
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SETLIST:
1) The Ocean
2) ⁠Welcome
3) ⁠Jesus Saves
4) ⁠The Wake of Magellan
5) ⁠Dead Winter Dead
6) ⁠Handful of Rain
7) ⁠Chance
8) ⁠Gutter Ballet
9) ⁠Edge of Thorns
10) ⁠Believe
11) ⁠Sirens
12) ⁠Hall of the Mountain King
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Europe
Aproveitamos para descansar um pouco enquanto o show não começava, já estava me sentindo cansado devido aos meus problemas de saúde. A lembrança também estava presente no show do Europe, quando eu tinha lá uns 13/14 anos lembro do meu primo ter emprestado o CD "The Final Countdown", um que tinha até umas luzes, vinha com bateria, vocês se lembram disso?
O show se inicia com On Broken Wings, não conhecia essa música, serei honesto com vocês que conheço pouco do Europe, mas a música foi muito boa pra levantar a galera, com Joey Tempest cantando afinadíssimo, com sua voz única.
Rock the Night começa e essa eu conheço muito bem e canto junto com o público, um clássico do "The Final Countdown". Walk the Earth, do disco mais recente que leva o nome dessa música, música muito legal, funciona bem ao vivo e é bacana ver como o Europe não ficou preso ao passado, pois nos trabalhos mais recentes deles é possível notar que a banda procura inovar.
Scream of Anger, essa talvez a música mais pesada deles? Clássico absoluto, provavelmente você já ouviu alguma banda de metal mais extremo fazendo cover desse som e depois descobriu que era do Europe (pois é, comigo foi assim, escutei a versão do Arch Enemy primeiro). O show prossegue com Sign of the Times e⁠ Hold Your Head Up, mas um dos momentos mais aguardado do show estava para acontecer, a famosa balada Carrie se inicia, já estava anoitecendo, celulares com suas lanternas ligadas, milhares de pessoas de forma uníssona cantando o refrão “Carrie…”, quem já não ficou na sofrência com esse clássico por um amor perdido?
⁠Last Look at Eden e Ready or Not são tocadas a seguir, essas eu não conhecia, gostei muito delas. O show caminha para o encerramento com Superstitious e Cherokee, dois clássicos absolutos da banda.
Por fim, todos já sabem qual é, então começa o lendário teclado de The Final Countdown, levando todos a loucura. Como é bacana ver essa banda ao vivo e como eles estão em forma ainda, que o Europe tenha muitos anos de estrada ainda.
Foto (celular) por Wellington Oliveira
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SETLIST:
1) On Broken Wings
2) ⁠Rock the Night
3) ⁠Walk the Earth
4) ⁠Scream of Anger
5) ⁠Sign of The Times
6) ⁠Hold Your Head Up
7) ⁠Carrie
8) ⁠Last Look at Eden
9) ⁠Ready or Not
10) ⁠Superstitious
11) ⁠Cherokee
12) ⁠The Final Countdown
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Judas Priest
Devo admitir para vocês que não fiquei até o final do show, pois estava começando a me sentir mal, queria ter ficado, mas a saúde não permitiu e então não consegui ver o Scorpions. Mas vamos falar do Priest, essa instituição do metal, lá estava Rob Halford, com seus 73 anos bem melhor de saúde que eu que estou com 39.
Rob e a banda se entregam, o show se inicia com Panic Attack, o público corresponde muito bem e a seguir vem uma grande lembrança pra mim e demais gamers, quem jogou "GTA Vice City", sabe que na rádio rock/metal tocava esse clássico: You’ve Got Another Thing Comin, essa música é maravilhosa ao vivo, todo mundo cantando o refrão, sensacional. A seguir com a veloz Rapid Fire do álbum "British Steel" de 1980.
Na sequência Breaking the Law, essa que para muitos headbangers aspirantes a guitarrista pode ter sido um dos primeiros riffs a ser tocado na guitarra e claro o Allianz Park cantando junto esse refrão clássico. Riding on the Wind, Love Bites e Devil’s Child, vieram na sequência sendo que decidimos ir embora nesse momento devido ao cansaço que estávamos.
Sei que para muitos é uma heresia ir embora no meio do show do Judas, pois é, eu sei, mas foram 10 horas de viagem de carro de Florianópolis/SC até Itapevi/SP e não tínhamos dormido muito devido a ansiedade para o evento!
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SETLIST:
1) Panic Attack
2) You’ve Got Another Thing Comin’
3) Rapid Fire
4) Breaking the Law
5) Riding on the Wind
6) Love Bites
7) Devil’s Child
8) Crown of Horns
9) Sinner
10) Turbo Lover
11) Invincible Shield
12) Victim of Changes
13) The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (cover de Fleetwood Mac)
14) Painkiller
Bis:
15) The Hellion + Electric Eye
16) Hell Bent for Leather
17) Living After Midnight
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Considerações gerais
O evento extremamente organizado, parabéns para Mercury Concerts, tudo ocorreu com segurança e pontualidade. Um ponto que não gostei muito foram os preços altíssimos do merchandise de bandas, com preços que fogem da realidade de nós brasileiros.
No mais, a Arena Allianz Park possui uma ótima infraestrutura com bastante banheiros, em nenhum instante senti falta de itens básicos de higiene. Também havia diversos pontos para bebidas e comida, os preços não estavam muito convidativos, mas havia várias opções para compensar.
Quero agradecer a oportunidade ao Underground Extremo por escrever essa cobertura, é a primeira vez que faço isso justamente num evento que todas as bandas que tocaram eu tenho uma forte conexão. Um forte abraço a todos e que o "Monsters of Rock" continue acontecendo!