Resenha #267: "Mære” (2021) - Harakiri For The Sky

    Salve Headbangers! O post black metal é um gênero recente na cena, conhecido por misturar elementos do metal negro com passagens vindas de outros estilos, algumas vertentes do gótico outras eletrônicas e qualquer outra sonoridade que o estilo pedir, e claro que isso gera um grande número de seguidores como também detratores, esse que vos escreve se enquadra no primeiro grupo e, uma das responsáveis por essa escolha, é a banda austríaca Harakiri For The Sky, um dos pioneiros desse cenário.

  
    Formado em 2011, Harakiri For The Sky é oficialmente formado por M.S. responsável por todos os instrumentos e J.J. pelos vocais e desde o seu primeiro trabalho auto intitulado eles vêm ganhando um demasiado elogio da mídia o que fez com que "Mære" criasse uma expectativa, que conseguiu ser atingida, e mostra que a ascensão do HFTS é constante.
    Na mitologia eslava o Mære é uma criatura que visita as pessoas a noite e além de sentar em seu peito, ela causa pesadelos e paralisia do sono, esses temores noturnos estão presentes na sonoridade e nas letras do HFTS, e para a imersão desse trabalho ser completa, aconselho ouvir esse álbum com a atenção que ele merece e a viagem será longa,  o CD tem uma hora e meia, mas ao contrário do que possa parecer, não será algo tedioso.
    I, Pallbearer é a abertura perfeita para quem não conhece a banda, pois você irá se deparar com teclados responsáveis pela melodia do som, guitarras responsáveis pelo peso que o estilo precisa e os vocais que me passam a sensação de ser alguém pedindo socorro o tempo todo,  e sim, isso é uma interpretação que passa pela letra e por isso mesmo como um ouro boros o círculo se fecha.
    Sing For The Damage We’ve Done é meu segundo som favorito da banda, curiosamente o primeiro é um cover e está também nesse álbum, e a surpresa me pegou ao perceber que nesse som temos a presença de Neige, frontman do Alcest e, não só ele, como temos também outro prodígio nesse som Kerim “Krimh” Lechner baterista do Septiflesh, e com essa verdadeira constelação não tinha como sair uma música menos que perfeita!


    Us Against December Skies é uma continuação direta de sua antecessora, note como as guitarras tem total influência do Black Metal feito na década de noventa, a cama sonora aqui é quase sufocante por isso quando, a partir dos seus minutos iniciais, a música vai desacelerando, nos deixa perplexos com a qualidade do que foi executado.
    I’m All About The Dusk é o primeiro épico do álbum, seus onze minutos tem várias camadas com um final catártico e esse equilíbrio entre o agressivo, o melódico, o brutal e o melancólico vai mantendo uma dualidade ao longo das faixas vindouras, sendo que preciso chamar atenção aqui em mais dois momentos em específico.
    Silver Needle//Golden Dawn mostra que o HFTS tem a aprovação de outra grande revelação do metal extremo mundial, o Gaerea. Esse dueto ficou bem dinâmico e não é exagero dizer que estamos bem servidos de vocalistas nesses 'novos' nomes do Metal Extremo.
    E, para finalizar, como anunciei acima, meu som favorito da banda é Song To Say Goodbye que é um cover do Placebo, na verdade, não conhecia a música original e depois de ouvir afirmo que a versão do HFTS é para mim a definitiva.
    Lembro que no show da banda no "Setembro Negro" 2022  era notável a audiência hipnotizada com o som e a presença que vinha do palco, e unindo ótimas composições com apresentações sensacionais, comprova-se que o Harakiri For The Sky é um dos mais importantes representantes do Post Black Metal atual.

TRACKLIST:
1) I, Pallbearer
2) Sing For The Damage We´ve Done
3) Us Against December Skies
4) I´m All About The Dusk
5) Three Empty Words
6) Once Upon a Winter
7) And Oceans Between Us
8) Silver Needle//Golden Dawn
9) Time is a Ghost
10) Song to Say Goodbye

FORMAÇÃO:
M.S. - todos os instrumentos;
J.J. - vocais.