Dissecando EP's #37: "Entrance to Mictlán" (2019) - Aztlán - Underground Extremo : Hellbangers

Salve Headbangers!

Uma característica muito forte da cena Europeia é o fato de muitas bandas buscarem na historiografia da sua região a inspiração para as suas temáticas, e esse exemplo começa a ser emulado com mais frequência na América do Sul. Olhando para o Brasil, não nos faltam exemplos, tendo o Miasthenia como um dos maiores representantes do Pagan Metal do mundo.

Agora como historiador, me chamou muito a atenção o conceito por trás do Aztlán, iniciando pelo nome da banda que faz uma referência as terras lendárias do povo 'Nahuas', uma das grandes forças do período de pré colonização/exploração europeia.

A mente por trás de tal criação é Marcello Antunes Paganus, músico conhecido por suas passagens por nomes como Matyrdom e Deformity BR que decidiu fazer um verdadeiro registro histórico para extrair as raízes dos povos ameríndios antes da chegada do verme branco europeu.

Iniciando o protejo como uma 'one man band', o Aztlán consegue passear por vários estilos dentro do Metal, então não é nenhum estranhamento no meio de passagens do 'Black' Metal entrar uma base de metal tradicional e vice e versa.

Contando agora com Marcello, membro fundador no baixo e vocais, Mateus Alves e Gabriel Mattos nas guitarras e Gilmar Vurmun na bateria, eles lançaram o seu EP 'debut' do qual falaremos agora, o "Entrance to Mictlán".

Quero dar um destaque para a capa que é belíssima, com cores fortes que remetem ao fogo e a destruição trazem a lembrança dos rituais de sacrifícios que faziam parte das celebrações religiosas desses povos. A sonoridade também vai nessa pegada, começando com Niquitoa que uma intro que me remeteu ao começo de um ritual e logo abre para Mictlán, a faixa tem tons épicos, note como a linha de guitarra vem numa crescente até que entra o vocal cavernoso e poderoso como se fosse a praga de um deus ancestral, esse som é no mínimo viciante, mostrando como a música pode ser complexa sem ser, em nenhum momento, cansativa em seus mais de nove minutos.

Amongst the Walls of Tenochtitlán conseguiu sintetizar toda a proposta da banda. Notei influências da sonoridade do Rotting Christ atual, ao mesmo tempo que os vocais aqui não são tão agressivos e sim épicos, narrando assim a transição da música a medida que vamos nos encaminhando para o seu derradeiro final, é impossível não sentir o clímax! Blood Offering é um som que vai ganhando velocidade e quando você perceber já está em um turbilhão sonoro.

Com uma proposta de resgate da força dos povos ameríndios, somada a um projeto musical que é metal extremo independente de rótulos, aqui temos uma banda que se o underground for justo, irá longe!