Resenha #157: "A Sombra Que Me Acompanhava Era a Mesma do Diabo" (2020) – Sangue de Bode


Provavelmente vou entregar minha idade com esse comentário, mas não tem como não, pois algum tempo a Sangue de Bode é minha banda de cabeceira, este trabalho é provavelmente um dos que eu mais ouvi esse ano, e depois de algumas dezenas de audição acredito que consiga agora resenhar tal material.

Logo de cara a banda carioca  já nos apresenta  uma dor de cabeça agradável parece dicotômico né mas explico, para nós redatores e fãs que escrevem resenhas sempre gostamos de indicar algumas influencias do som ate para facilitar a compreensão de quem quer ouvir o som , o lance é que a Sangue de Bode bebe em muitas fontes e o mais genial é que isso não é forçado, se em um som eles tem uma pegada Grind no outro cai para um puta riff Black Metal.

Esse ecletismo só demonstra a o quanto o trio formado por João (Baixo e vocal ) Gabriel Fontes (guitarras) e Gabriel Medeiros (Bateria), curtem muito Metal Extremo e conseguiram expressar suas influência na musica, e nos entregam todo esse ecletismo embalado em uma capa sensacional que casa perfeitamente com o titulo do trabalho, méritos para a  fotógrafa Clara Ribeiro  e a modelo  Fernanda Ladislau.




O trabalho abre com o "O Carcinoma Terrestre” uma faixa instrumental que abre o espaço para "A praga Humana" que mostra todo o ódio que a banda tem para descarregar nos nossos ouvidos como no trecho da faixa citada: "E se cristo voltar que volte preparado para ser assassinado pela praga humana".  

Uma pegada niilista esta em volta desse trabalho basta você observar "Chafariz de Sangue", "Jazido" e "Possuído dentro da  vala", em outros momentos  uma visão mais intimista onde eu tive a impressão que os músicos da sangue utilizam a suas letras e som como cartasse como podemos observar na  faixa titulo e também no "Câncer vem da mão de deus." 

E obviamente o cenário atual brasileiro é uma fonte inesgotável de desgosto e caos por isso que "Messias de merda" , "Pivete Executado" e Minha Refeição é no Lixão mostra que a arte é um documento do seu tempo e olhando a nossa volta ou você  está puto ou não está entendendo nada .

 Ao final a Sangue de Bode nos entrega um trabalho caótico pessimista e agressivo que conversa com a nossa realidade, e como disse no começo dessa resenha, este é uma presença confirmada na nossa lista de melhores do ano.



Track List 


1- O carcinoma Terrestre
2- A praga Humana 
3- Chafariz de sangue 
4- Clímax Demoníaco
5- Jazido 
6- Messias de Merda
7- Filho de um Manequim 
8- Minha refeição é no lixão 
9- O Câncer vem da mão de Deus 
10 - Possuído dentro da vala 
11- Pivete Executado
12- A sombra que me acompanhava era a mesma do diabo


Formação 

João (Baixo e vocal ) 
Gabriel Fontes (guitarras) 
Gabriel Medeiros (Bateria)