Entrevista #43: Harmony Hate

Salve Headbangers! Nossa mais recente entrevista que agora lhes apresento, vai trazer ares mais pútridos do 'Underground' carioca com informações trazidas sobre o Harmony Hate na figura de Anderson Morphis que nos concedeu mais detalhes da, agora, 'on  man band', além de narrar um pouco da sua trajetória na música extrema. Confira então, nossa entrevista exclusiva:




1 - Salve Anderson Morphis! Primeiramente, agradecemos por esta entrevista. Gostaríamos de iniciar nossa conversa, contigo falando um pouco sobre como foi seu começo no metal e quais bandas te levaram a curtir uma sonoridade mais extrema. 

R: Saudações! Eu que agradeço pela oportunidade!
As principais influências que fizeram-me absorver e seguir o metal extremo foram as bandas Sarcófago, Amen Corner e Mystifier


2 - A Harmony Hate formou-se em 1995 e, nessa época, tinha na sua sonoridade elementos que puxavam para o ‘doom’ metal. Entretanto, com o tempo foi possível ver que a banda acabou adotando o ‘death’ metal como estilo primário, focando na agressividade e no peso. O que levou essa mudança de direcionamento do som em si? 

R: Ter optado por direcionar o estilo de som para o Metal da Morte foi algo que aconteceu espontaneamente. Trata-se de um período em que assumi continuidade com a banda e a munição estava propícia para este ataque agressivo. 


3 - Entre os termos líricos abordados pela banda, nós encontramos a misantropia e o pensamento antirreligioso. Quais são as maiores dificuldades, na sua visão, de manter uma banda, com essa filosofia, em um país extremamente cristão como o Brasil? 

R: Realmente nunca pensei que a contrariedade perante a maioria da sociedade cristã pudesse tornar difícil a trajetória, não vejo dificuldade alguma. Simplesmente mantenho a arte e o pensamento interligados de uma forma real e coerente. Nada irá me fazer calar diante do meu pensamento e muito menos repassar a mensagem que expresso através da Harmony Hate.
A religião é a prisão e lavagem cerebral, portanto opto pela vontade própria e crítico aqueles que não conseguem caminhar sem sacrificar-se perante regras e interesses dos hipócritas e manipuladores, além de não me conformar também com esta “ligação” idiota com algo em que se acredita existir, alimentando este mundo de fantasia no qual muitos camuflam o fracasso e necessitam de crenças parar continuar a viver. 


4 - Com o lançamento da ‘demo’ “End's Desire” (2011), a banda recebeu um considerável reconhecimento na cena. Quais suas principais lembranças dessa fase da banda? E, se possível, mudaria algo na produção daquele registro? 

R: Foi um período destruidor com muitos ensaios e aparecimento de oportunidades para apresentação. Lembro de momentos onde tocávamos em cidades interioranas e a recepção sempre calorosa pelos headbangers.
Sobre a produção do material não mudaria nada, inclusive a intenção é exatamente manter o tipo de mixagem mais próxima possível mantendo a característica inicial. Inclusive o novo som chamado Estábulo das Mentiras, no qual já gravei como único integrante, segue a proposta de manter a sonoridade mais próxima possível da Demo CD "End's Desire". 



5 - Em 2019, foi anunciado que a Harmony Hate passaria a ser uma ‘one man band’. Quais motivos te levaram a tomar essa decisão? E quais desafios você acredita que encontrará quando for realizar uma apresentação ao vivo? 

R: Como sempre ocorreu na Harmony Hate, nunca fomos integrantes morando na mesma cidade. Antigamente ainda tínhamos condições de se deslocar para dar continuidade aos ensaios, só que na atualidade tudo mudou. O tempo cada vez mais escasso, as responsabilidades com o trabalho e o aumento de preços para deslocamento dificultaram muito. Atualmente os poucos ensaios desanimaram bastante e a banda estava prestes a encerrar suas atividades. Para não deixar isso acontecer a alternativa seria concentrar em um integrante para driblar essas dificuldades. Estando eu já acostumado em ser único integrante com a Mortiferik (Doom Metal), conversei com o baixista e assumi a Harmony Hate na mesma modalidade. 

Não há dificuldades para seguir como único integrante, pelo contrário, se torna muito mais fácil e prático.
Tudo depende apenas de ensaios, o restante é alimentado unicamente pela proposta, em estar com grande honra levantando a bandeira do Metal da Morte Brasileiro. 


6 - O primeiro som que ouvimos nessa formação, foi Estábulo de Mentiras, que nos remete a velha escola do ‘death’ metal, e que vem com uma letra sensacional! Gostaríamos que comentasse sobre as inspirações por traz desse som, e quando teremos novos registros da Harmony Hate

R: Fico satisfeito por agrada-lo com o novo som da Harmony Hate!

A inspiração para a letra veio em um momento de reflexão sobre a decadência humana ao acreditar que nos momentos mais difíceis uma salvação surgirá através de crenças, principalmente nas pessoas por detrás das regras e cobranças, sendo estas as que se aproveitam descaradamente da dificuldade alheia.

Estou bastante empolgado com a preparação de mais composições para um lançamento em breve, já possuindo ideias em mente e gravações arquivadas que irão impulsionar a realização de um novo registro.
Estou com um produtor musical responsa, o Nobre Amigo Fabiano Souza, que além de compreender a proposta está empenhado em apoiar a nova trajetória da banda com seu trabalho impecável na mixagem e masterização. 



7 - Você também é o músico responsável pela Mortiferik. O quanto a sonoridade desse projeto se relaciona ao da Harmony Hate

R: Mesmo sendo o mesmo integrante, as bandas se diferenciam. Os trabalhos foram criados e desenvolvidos cada um com sua identidade especifica, idealizado sempre de forma satisfatória. A Harmony Hate é uma expressão mais agressiva e brutal, já a Mortiferik é algo ligado ao envenenamento no obscuro. 


8 - É perceptível o seu comprometimento com o metal morte! Sendo um músico tão ativo para o desenvolvimento do estilo, qual sua opinião acerca das novas safras de bandas que colocam melodias e outros elementos mais sinfônicos e modernos no ‘death’ metal? 

R: A música é algo que precisa ser trabalhado sempre com sinceridade, precisa passar o que realmente existe entre o compositor e sua obra. Na minha opinião é interessante que hajam bandas com outras características, porém verdadeiras, pois assim vão de encontro aos que optam por estes e outros inúmeros segmentos. Enquanto isso, as bandas com direcionamento tradicional irão manter a proposta e dela teremos aqueles que valorizam. Existe espaço para os estilos e suas características assim como existe público para segui-las. 


9 - A cena carioca gera bastante curiosidade para nós que acompanhamos de fora, pois ao mesmo tempo que revela muitas bandas de extrema qualidade, sempre aparecem depoimentos de que é uma cena estagnada e morta. Como músico ativo desse movimento, como você avalia o atual cenário do metal extremo no Rio de Janeiro? 

R: Discordo totalmente destes depoimentos negativos! O que presencio por aqui é bastante diferente, pois são muitas bandas de qualidade e respeito ao underground, ficando até difícil de citar todas elas perante a quantidade infinita entre as antigas e as que vem surgindo ferozmente. O Cenário do Metal Extremo no Rio de Janeiro possui músicos talentosos e extremamente dedicados ao movimento. Eu posso dizer com total convicção que além destes músicos e uma safra de excelentes bandas, temos também produtores com “sangue nos olhos” capazes de superar inúmeras dificuldades para fazer as coisas acontecerem. Se não fossem todos estes incríveis caras, eu nunca teria a oportunidade de assistir várias bandas de outros estados e inclusive de outros países, no qual nunca imaginei ter condições de assistir um dia. 


10 – Mais uma vez, agradecemos pela sua participação nessa entrevista! Gostaríamos que, nesse espaço final, você deixasse um recado para os leitores aqui do site Underground Extremo e apontasse os contatos da banda! Valeu. 

R: Eu que agradeço pela oportunidade! Estou honrado por estar no site Underground Extremo! Convido a todos para visitar as páginas da Harmony Hate, seguem os links abaixo: 


Salve o Metal da Morte e sua extrema força sonora! Agradeço a todos que acompanharam esta entrevista.

Revisado e editado por Carina Langa.