Cobertura #23: 14° Otacílio Rock Festival (2° dia)

Com as energias recuperadas (ou quase, rsrsrs), acordamos para tomar um café rapidinho na área de alimentação e partimos para a cobertura do segundo dia com sete bandas no total. Um dos grandes merítos, não só dessa, mas de todas as edições do Ota que participei, é o ecletismo para escolha das atrações! Então, mesmo que você não curtisse muito o estilo de uma das bandas que iriam se apresentar, logo logo teria outra que seria do seu agrado. Vejo isso como uma opção muito inteligente, afinal de contas, pois o 'fest' acaba não se concentrando em um nicho específico.

Prova disso veio com a primeira apresentação do dia, quando a Saturno Alice subiu ao palco. Quem acompanhou nosso vídeo pré Ota, sabe que eu não sou o mais indicado para avaliar bandas com sonoridades mais leves, mas por uma condição de respeito a todos que estão no palco, fui assistir a apresentação, e olha, me supreendeu! O som é extremamente agradável, a sonoridade da guitarra é bem lisérgica e a apresentação teatral por parte da banda é um diferencial. Destaco aqui o vocalista, que consegue por meio da voz e de sua postura de palco, narrar um história em cada letra. Para fãs do lado mais experimental do rock, a Saturno Alice é uma boa aposta.

Foto: Carina Langa

Trazendo o 'hard rock' para o festival surgiu a Skyline que fez um 'set' todo baseado em 'cover's'. E aí é aquela questão, alguns adoram, outros odeiam! Como disse acima na cobertura da Saturno Alice, assistimos e cobrimos todos os shows em respeito aos músicos, pois sabemos bem, como é difícil a rotina de ensaios e deslocamento, enfim, quem tem banda sabe, então é talvez desnecessário falar muito disso aqui. Nos 'cover's' a Skyline me impressionou principalmente pelo vocal, porque o cara tem que ser muito fera para mandar, em um mesmo repertório, Deep Purple, Kiss, Black Saabath entre outras. Acredito que eles tem potencial para partir para sons autorais, caso queiram fazer isso, e se quiserem ficar só nos 'cover's', também tudo bem! Respeitamos a escolha da banda e também as mídias que por ventura e opção não citam as mesmas.

Foto: Carina Langa

Sabe aquele meme? "Tô feliz e puto!". Então... Não consigo imaginar outra forma de dizer a sensação que tive nessa apresentação e me deixem explicar o porquê. A AlkanzA é uma banda que acompanhei desde os seus primeiros shows, assisti a todas as fases que a banda passou e toda a euforia de lançamento dos novos trabalhos (foram quatro no total), até o momento do anunciado "último mosh". São muitos os motivos que levaram a banda a tomar essa decisão, recomendo a vocês que leiam uma entrevista que eles fizeram com a nossa mídia parceira, O Subsolo (http://www.osubsolo.com/2019/11/entrevista-thiago-bonazza-alkanza.html). Por isso, a expressão que citei acima, feliz por fazer parte dessa caminhada e puto pelo fim de uma jornada.

Mas, vamos ao show! Apresentando uma formação exclusiva para esse festival que trouxe nas guitarras, além de Renato Lopes, o André Guterro que foi membro fundador da banda ao lado de Thiago Bonazza responsável pelo baixo e vocal, e a novidade veio com o baterista Rapha Sheffer. A AlkanzA fez aquilo que sempre soube fazer de melhor, moer quem está presente, sem a menor dó. Faixas como Em coma, Vala ou Viela, Primtivo Canibal, Mundo Insano Entre Órfãos e Bastardos  não só mostraram como fazer 'Thrash' metal em português, mas também como fazer uma apresentação com sangue nos olhos, tocando como se sua vida dependensse disso! Quem assistiu sabe, a AlkanzA terminou ali, mas suas músicas e sua contribuição para o Underground ficarão marcadas e lembradas para sempre!

Foto: Carina Langa

Vocês estão prontos? ... A Isla De La Muerte é uma banda nova, tanto na sua formação, como na sua proposta e sonoridade. Chamar eles de 'folk' metal é apenas a ponta do 'iceberg', pois a banda busca na temática pirata (e uma temática bem aprofundada, que foge do básico), o seu alicerce, para não apenas fazer um som e sim toda uma performance musical! Quem chegou para assistí-la, pode ter certeza que não arredou o pé da frente do palco até o final do show, pois na apresentação estava sendo contada história, dividida em capítulos, com seus momentos de ápice e de final impactante. Pois bem, eles não esquecem que são, acima de tudo, uma formação de 'rock'/metal, evidenciam isso em momentos mais acelerados na sonoridade que levaram o público ao 'mosh' misturado com um certo tipo de dança, enfim, uma grande festa regada a Rum/Vodca! Confira no Youtube a música Vagas Abertas Para Capitão, só para ter uma pequena noção do que é a Isla. E respondendo a pergunta que abre esse parágrafo... - "Estamos capitão!".

Foto: Carina Langa

Existe um festival aqui em Santa Catarina chamado Ícones do Metal Catarinense e são poucas as bandas que podem se orgulhar de levantar a bandeira do metal no estado por mais de vinte anos. Por este motivo que o Rhasalon atualmente formado, por Leonardo Visentainer (vocal), Ademir Becker (contrabaixo), Vico Ferreira (guitarra), Marquinhos Figueiredo (baterista) e Greison Schlupp (guitarra), não tem que provar mais nada para ninguém! A banda é, ao lado do Frade Negro, uma das maiores representantes do 'Heavy' Metal aqui no sul. No show do Ota 2020, além da faixa que batiza o seu segundo trabalho “Doctor Death”, ainda tivemos a honra de ver e ouvir as fantásticas linhas de guitarra em Speed, Dark Walls e na nova Enemy. E para 'matar a pau', tocaram um 'cover' fantástico de Teutonic Terror do Accept. Finalizando, o som da Rhasalon é 'heavy' metal feito por quem entende, para quem curte!

 Foto: Carina Langa

Antes de mais nada, acho importante dizer aqui que sou muito, mais muito, fã do Death, nos seus sete trabalhos, não consigo identificar uma música ruim e até hoje considero toda a obra de Chuck Schuldiner uma das maiores preciosidades que o metal criou! E porque achei importante dizer isso logo de cara? Porque pelo pouco que conheço alguns dos integrantes da Cosmic Soul, sei que eles compartilham da mesma opinião que a minha e reitero o que disse no caso da Skyline, é direito seu gostar ou não gostar da proposta de um tributo/'cover'.

Eu, particularmente, considero a Cosmic o melhor cover do Death na atualidade! A forma como eles apresentam sons como Crystal Mountain, Pull The Plug e Zoombie Ritual, por exemplo, é muito fiel. E o mais interessante, é que eles não ficam só nas, digamos, mais conhecidas, pois tivemos também nessa apresentação, faixas como Mentally Blind do "Individual Thought Patterns" e uma homenagem ao recém falecido Sean Reinert com Lack of Comprehension do trabalho "Human". Quem conhece Death, sabe o nível dessas músicas, então uma banda que se propõe a fazer um tributo, e de qualidade, como a Cosmic, tem a minha admiração! Ainda há tempo de dizer que banda vem trabalhando em sons autorais, e o 'hype' está super elevado, pois dificilmente virá um som menos que fantástico.

Foto: Carina Langa

Korzus, o grande 'headliner' do evento dispensa muitas apresentações, basta dizer que a banda está na ativa desde 1986, época que esse redator tinha apenas um ano! Então o palco do Ota recebeu uma lenda viva! Na verdade, uma dobradinha, já que eles já estiveram no Ota no ano de 2011. Eu tive a chance de ver eles ao vivo, pela primeira vez em 2014, no Laguna Metal Fest e pensei, será que eles vão conseguir superar aquela apresentação? E a resposta é sim! E com folga. Marcello Pompeo é um 'front man' e tanto, correndo o show inteiro, instigando a platéia a berrar o tempo todo. Dick Siebert é uma lenda e completa a cozinha perfeita para o 'Thrash' ao lado de Rodrigo Oliveira na bateria. É indispensável citar Antônio Araújo e Heros Trench nas guitarras, os dois completam o 'feeling' e a agressividade tão marcante na sonoridade do Korzus.

Abrir com Guilt Silence foi um tiro certeiro e aí não importou se já tinha passado mais de vinte bandas pelo palco, o público foi para o 'mosh' sem piedade! A banda respondeu a essa fúria com Raise Your Soul, e com aquela eleita para criar hematomas em todos os presentes, Discipline Of Hate.

Desde a sua formação a Korzus apresentava músicas em português, então faixas como Vampiro e Correria também fizeram parte do 'set list' com direito a parte da banda descer no meio da galera para agitar junto, deixando Pompeu e, obviamente, Oliveira, no palco para finalizar a música. 
Guerreiros do Metal e Agony fizeram a alegria dos fãs mais antigos. Lembrando que a banda tem na sua discografia verdadeiros clássicos do metal nacional, como o "Mass Ilusion". A banda encerrou com Legion, faixa que nomeia seu último trabalho de estúdio até o momento, som esse que Pompeu dedicou a todos os 'headbangers' que estavam ali presentes em um encerramento apoteótico para um show infernal! 

Foto: Carina Langa

O balanço final é que estou ficando velho! kkkk (Vocês irão ver no vídeo da cobertura, rsrsrs). Mas além do óbvio, o Otacílio a cada edição, prova que se você aliar vontade, esforço, competência e amor pelo que faz, o resultado só pode ser o sucesso! Como imprensa, público e acima de tudo, 'Headbanger', só me resta agradecer a todos os envolvidos no Otacílio Rock Festival, um dos melhores eventos do Brasil. Uma rota obrigatória para todos, então até 2021!

Revisão, colaboração e fotos por Carina Langa.