Entrevista #16: Rest In Chaos

Desde o lançamento do EP Worship Machines a banda de Florianópolis  Rest in Chaos vem chamando a atenção devido a o fato de possuir uma sonoridade, extremamente pesada e difícil de classificar, além disso na sua formação temos músicos que conhecem como poucos o Underground Catarinense: Juliano dos Santos (guitarra) e  Dree (baixo) fizeram parte da Encore, Marlon Joy (bateria) já tocou com o Eutha e integra o Homicide  e Gustavo Novloski é vocalista da Deadpan.
Para conhecer as origens e principalmente os próximos passos da R.I.C fizemos essa entrevista exclusiva confere ai: 



1) Hail, primeiramente obrigado pela entrevista! A Rest In Chaos surgiu em 2016, então podemos considerar uma banda relativamente nova.
Vocês já se conheciam? E como veio a ideia de tocarem juntos, e executarem esse estilo de som?


R: Aconteceu naturalmente. Juliano, Marlon e Dree já haviam tocado juntos em um projeto (de hardcore), então, após o término do mesmo, Juliano compôs algumas bases diferentes e sentiu a necessidade de registrar de alguma forma, então entrou em contato com Marlon com a intenção apenas de gravar esses sons. Eles fogem bastante do que fazíamos no projeto HC, é mais agressivo, mais Thrash, com mais elementos de metal.
O ponto foi que o projeto acabou tomando uma forma que não podíamos guardar só pra gente, queríamos mostrar pros amigos, queríamos mostrar pra galera que curte o estilo. Rapidamente as músicas foram tomando forma, e foi aí que Marlon e Juliano decidiram tornar o projeto real. Chamamos um baixista e logo depois Gustavo entrou para assumir as vozes.
Pouco tempo depois o baixista deixou a banda e entrou o Dree! Foi nesse momento que conseguimos completar a família Rest In Chaos.

2) Todas as produções até agora foram feitas em seu próprio estúdio o Undercave Studio.
O fato de centralizar o trabalho em suas mãos foi uma escolha definitiva ou cogitaram trabalhar com um produtor de fora? E para os próximos lançamentos, essa tendência continuará?


R: Produzimos muita coisa no nosso estúdio, com certeza isso foi um dos fatores que possibilitou que a banda se solidificasse tão rápido. Trabalhamos desde a pré-produção ao resultado final. O lado bom é que conseguimos dedicar bastante tempo para a criação de sons, vídeos entre outros materiais, além de por em prática fielmente o que passa em nossas mentes.
O lado “ruim” é que se torna bastante exaustivo criar seu material completamente do zero. Nossa ultima gravação foram 3 singles, sendo que 1 foi lançado há poucos dias (Look at Me). Esse material foi gravado no nosso estúdio (Undercave Studio) e mixado/masterizado por Adair Daufembach, que é um produtor bastante conhecido na cena de metal brasileira, hoje ele exerce seu trabalho nos Estados Unidos.
Optamos por fazer esse trabalho com ele com a intenção de buscar novas sonoridades e opiniões externas. Além de nos privar do cansaço de horas de trabalho; Foi muito satisfatório receber as musicas prontas com a sonoridade esperada!

3) A sonoridade da Rest In Chaos é muito particular, Thrashcore é apenas um rotulo já que temos diversas influencias ao longo do trabalho, quais são as influências individuais dos músicos que inspiraram na composição da banda?

R: Temos influências muito parecidas, ouvimos praticamente as mesmas bandas. A influência passa por metal moderno e vai até os clássicos: Lamb Of God, Gojira, Slayer, Exodus, Behemoth e etc... Poderíamos escrever vários outros nomes de vários outros estilos, mas faltaria espaço, com certeza.

4) Gostaria que comentassem a criação do logo e da capa do EP Worship Machines, quem é o artista por trás do mesmo, e qual mensagem ele transmite, sendo que observando bem a capa é possível ver o desenho do logo no centro estou certo?

R:Todo o processo foi muito interessante, tivemos um grande parceiro das artes que nos ajudou muito a chegar no que queríamos. Nosso parceiro e autor foi o Xtudo. Artista já conhecido por desenvolver artes pras bandas da cena underground, ele rapidamente compreendeu nossa necessidade, e o que queríamos transmitir. O logo é uma sigla com as letras R.I.C, e a ideia foi influenciada pelo símbolo(logo) do Caos.
Com a arte não foi diferente. Nosso mestre Xtudo novamente nos surpreendeu apresentando um desenho incrível, misturando um biomecânico ao “ser” que agrega a capa do nosso primeiro EP, Worship Machines. 


5) Gustavo, na sua outra banda (Deadpan) você além de vocalista é guitarrista, aqui na Rest In Chaos você faz apenas o vocal, você se sentiu mais à vontade em desempenhar apenas uma função? Existem planos de você assumir uma segunda guitarra?

R: A verdade é que toco guitarra a muito mais tempo do que faço vocal, então quando comecei a cantar estava sempre ligando as linhas de vocais com o que encaixava bem com a guitarra.
O processo de mudar para apenas vocal foi bem mais trabalhoso do que pode parecer (e ainda é), porque agora preciso entender muito melhor a bateria e estar mais atento aos detalhes das musicas, antes fazendo a guitarra eu me guiava por mim mesmo. O lado positivo é a liberdade no palco e poder estar totalmente focado em cantar e agitar o público. Sempre conversamos sobre essa possibilidade de uma segunda guitarra em algumas músicas, mas nunca passou de um plano, quem sabe um dia.

6) Worship Machines pode ser considerado um trabalho conceitual? Foi quase na mesma época em que o Sepultura lançou o Machine Messiah, um futuro onde somos dominados pelas maquinas. Realmente é um assunto muito rico ao mesmo tempo assustador.

R: Podemos dizer que sim. Worship Machines foi gravado praticamente no final de 2016, na época o conceito ainda era algo muito novo, ate hoje ainda é. Coincidentemente outras bandas abordam o mesmo tema, inclusive o Sepultura. Isso mostra que não somos os únicos loucos. (risos)
O Gustavo é um cara com uma visão bastante atual, e esse tema veio em um momento em que faz total sentido, uma adoração pelas “máquinas”. Hoje, pessoas conversam entre si em um mesmo ambiente pelo celular. Pessoas trocam a interação humana, algo físico, por redes sociais e app de relacionamento, valorizam mais um aparelho que o próprio ser humano. Algo está errado.

7) Gostaria que comentassem um pouco o vídeo Look at Me, como foi o processo para gravar o mesmo, e a relação com a letra da música, que é uma crítica muito ácida a nossa dependência as mídias sociais
R: Sentíamos que algo precisava ser feito, precisávamos de um videoclipe que mostrasse a ilusão das redes sociais. Look at Me é uma leitura sobre uma doença que não tem cura, todos os dias nós nos tornamos mais dependentes da atenção em redes sociais, todos os dias morremos mais como seres humanos. 

8) Quais são os planos para esse segundo semestre de 2018? E depois do sucesso do EP, vocês têm em vista um álbum completo? 

R: Acabamos de lançar o single/clipe de “Look at Me”. Até final do ano lançaremos mais 02 clipes inéditos.
Já estamos conversando sobre o Full Album, analisando ideias, temáticas e já buscando novas composições. Ainda não sabemos para quando, mas vai rolar

9) Muito obrigado pela entrevista! Vocês gostariam de deixar um recado para os leitores do Underground Extremo?

R: Nós que agradecemos! Gostaríamos de dizer pra todos os irmãos da cena underground ou alternativa, para nunca deixarem de acreditar no som, para continuar fazendo o impossível pra que a chama continue acesa. Comparecer aos shows, continuar se conectando as mídias e rede social das bandas que você gosta, só faz fortalecer.
Obrigado à todos que acreditam no nosso trabalho, vamos continuar firme com a missão de espalhar o “Caos”.