Entrevista#13: Armored Dawn

Bárbaros do Heavy Metal

A cena nacional , nunca vai parar de nos surpreender, seja com grandes bandas  grandes musicas o fato é que o metal feito em nosso país nunca será inferior ao que é produzido em terras internacionais. Por isso que é gratificante sabermos que existem bandas que vencem a barreira da distância e hoje são realidades.
A Armored Dawn foi formada em 2014 em São Paulo, já tocou nas principais capitais do Brasil como banda de abertura para Megadeth, Symphony X, Rhapsody, Tarja, Marillion, Offspring e Sabaton, além de fazer uma tour na Europa em Janeiro de 2017 ao lado do Fates Warning, tocando nas principais cidades da Alemanha, Holanda, República Tcheca, Hungria e Eslováquia.
Esse mini curriculo só demonstra a importância da banda para o Metal nacional, sem perder masi tempo: Armored Dawn

1) Hail Armored Dawn! Primeiramente é um prazer entrevistá-los. Gostaria de começar nosso bate-papo com uma análise, afinal de contas a banda é recente mas já tem dois trabalhos muito bem recebidos pela mídia, clipes com grande número de visualizações, participações em programa de tv e abertura para grandes nomes do metal mundial. Para nós de fora parece que é tudo muito rápido e fácil para a banda, porém com certeza tem muito esforço. Como vocês apontariam a fórmula do sucesso do Armored Dawn?

Timo Kaarkoski: A verdade é que não existe uma fórmula. Todo o reconhecimento que estamos tendo é resultado de muito trabalho. Cada membro da banda tem um cargo paralelo, como manager e promoter, por exemplo. Nos demos conta de que tudo daria certo mais rápido se nós mesmos fizéssemos parte do trabalho, se acompanhássemos de perto cada pequeno passo. Trabalho árduo… é daí que vêm todos esses bons resultados.

2) Pra quem não sabe, o Armored Dawn surgiu da Mad Old Lady. Entretanto, a proposta era outra e a sonoridade mais leve. Existem elementos na banda atual que vieram do projeto anterior?

Rafael Agostino: Na verdade, Mad Old Lady era uma outra banda, com outra formação. O Armored Dawn foi formado a partir de integrantes remanescentes da Mad Old Lady, por isso existe essa confusão. Como você disse, a proposta era outra, a proposta do AD é outra completamente diferente, mas alguns elementos acabam existindo sim por haver alguns integrantes em comum.

3) Lendo a biografia da banda e olhando a formação, duvido que exista uma banda tão eclética, com músicos da Finlândia, ao lado de músicos que trabalharam com artistas sertanejos e outro que toca em uma lenda viva do Thrash Metal. Como foi para juntar todo esse pessoal e encontrar uma sonoridade que fosse do agrado de todos?

Rafael: É muito interessante trabalhar com tanto ecletismo. Somos muito democráticos, então na hora da composição toda opinião é válida e a partir daí, vamos escolhendo as melhores ideias, o que cabe melhor ali naquele momento. Somos ecléticos, mas também temos muito em comum, então chegar em algo que seja do agrado de todos não é tão difícil assim.


4) “Power of Warrior” foi muito bem aceito pela mídia, e como um debut conseguiu marcar o nome da banda na cena. Gostaria de saber como foram inicialmente os contatos para trabalhar com Tommy Hansen e Peter Tägtgren (mixagem) e se as músicas já estavam estruturadas ou teve influências do produtor.

Rafael: Conhecíamos o Tommy por ele ter trabalhado com grandes bandas como Helloween, Jorn e TNT, então entramos em contato com ele e foi uma experiência incrível passar 1 mês na Dinamarca no Jailhouse Studios. Ele é uma pessoa incrível, mas com um estilo bem old school de trabalhar, com pouca edição. As músicas já estavam todas pré-produzidas, então mudamos pouca coisa no estúdio. Já a mix do Peter, foi uma sugestão na época da Century Media. O CD quase saiu por eles, mas houve algumas divergências, então acabamos lançando de forma independente.

5) Como citado acima, a banda tem uma larga experiência em abrir eventos internacionais, além de ser a única banda brasileira que se apresentou no Motorhead’s Motorboat. Como foram esses eventos e foi possível trocar ideia com outros músicos?

Timo: Dividir o palco com uma grande banda é sempre um privilégio, e no Motorboat não foi diferente. Ter a oportunidade de ver o Lemmy ao vivo foi uma lição de vida! Quanto aos outros shows, sim. Normalmente os músicos das outras bandas são bem acessíveis e conseguimos trocar uma ideia e tirar uma foto, principalmente quando fazemos vários shows juntos, como foi o caso do Fates Warning e do Saxon.

6) Algumas resenhas classificam a banda como Power Metal, outras Viking Metal ou Heavy Metal Tradicional. Qual a opinião de vocês sobre esses rótulos? Seria possível classificar a sonoridade do Armored Dawn?

Rafael: Temos música bem distintas uma das outras, algumas mais cadenciadas que remetem o Heavy Tradicional, outras mais Power Metal, e ainda outras até com influências mais thrash, então realmente fica difícil classificar em apenas um estilo, preferimos falar que fazemos apenas Heavy Metal.

7) “Barbarians In Black” faz jus ao nome sendo um trabalho mais pesado e denso que o seu antecessor. Vocês já tinham essa visão de sonoridade ou ela foi sendo construída a medida que as músicas eram compostas?

Rafael: Nós já tínhamos umas ideias diferentes do nosso primeiro álbum. A gente sabia que o público precisava de um som novo, diferente do que já havia sido feito. E graças à produção do Kato Khandwala (Papa Roach, The Pretty Reckless) - RIP, brother - e do Bruno Agra (We Are Harlot), isso foi possível. Outro fator que nos influenciou muito quanto ao peso, foi a entrada do Rodrigo que toca Thrash Metal há mais de 20 anos.


8) Sendo vista com um dos grandes nomes do metal brasileiro, como a banda vê a questão da cena brasileira ao mesmo tempo que temos nomes despontando no exterior como além do Armored Dawn, Nervosa e Project 46? O metal ainda luta por espaço e reconhecimento na nossa cena? Como definir essa dualidade?

Rafael: É uma batalha contínua, mas realmente percebemos que aqui é um pouco mais difícil. É algo cultural, fora do país as pessoas dão a mesma atenção se somos banda de abertura ou não. Aqui, muitas vezes tocamos pra meia casa de show antes da banda principal. O público no Brasil geralmente age de forma diferente, o que é uma pena, pois uma vez que a cena é fortalecida, favorece todo mundo. Na Europa, boa parte do público é apenas ouvinte e amante de metal, então não sentimos tanto essa rivalidade.

9) Uma curiosidade futebolística: a banda gravou o hino do Palmeiras e, recentemente tem uma foto do Cassio goleiro do Corinthians com o CD da banda. Afinal de contas, quem torce pra quem na banda?

Rafael: O Eduardo e o Fernando baixo são palmeirenses. O Rodrigo, corinthiano. Já o Tiago, Timo e eu somos neutros.
Em relação ao hino, foi apenas uma homenagem que a banda fez ao Palmeiras, e a repercussão foi muito boa. Nada impede de futuramente fazermos homenagem a outros times. Assim como na música, não vemos o futebol como rivalidade,.

10) Obrigado pela entrevista. Espero muito ver a banda aqui nos palcos do Sul do país! Gostariam de deixar um recado para os leitores do Underground Extremo?

Rafael: Nós é que agradecemos a oportunidade de podermos falar um pouco mais sobre o nosso trabalho. Tivemos o prazer de tocar em São Leopoldo (RS) e em Foz do Iguaçu (PR) há pouco tempo, mas já estamos ansiosos para voltarmos ao Sul e encontrá-los novamente.