Entrevista #05: Hellio Costa

HC na veia!

As fronteiras entre o 'Hardcore' e o Metal nunca foram muito bem definidas e isso não é uma crítica, pelo contrário, pois são dessas fusões de estilos e públicos que fomos presenteados com bandas seminais, como o próprio Motörhead e DRI, por exemplo. Então, nada mais natural que o Underground Extremo venha abrir um espaço para grandes bandas desse cenário e para começar, temos o prazer de entrevistar a horda Hellio Costa. Na figura do guitarrista Renato ficamos sabendo um pouco mais sobre a banda, sua formação e de quebra ainda tivemos notícias de outras bandas da cena regional.
Com vocês, Hellio Costa:

1) Primeiramente obrigado pela entrevista Renato. Acompanho seu trabalho há muito tempo, então estamos muito honrados em entrevistá-lo. Para começar, gostaria que se apresentasse para nossos leitores, apontando um pouco do seus projetos, e quais bandas começaram a te influenciar a ouvir música mais extrema?

R: Primeiramente muito obrigado Harley pelo convite da entrevista ao Underground Extremo. Meu nome é Renato Lopes, 37 anos... metal desde os 10, e desde os 14 anos tenho me envolvido com bandas e projetos do estilo. Necrofilia, Necroticism, Underflame... foram minhas primeiras empreitadas, todas essas mais voltadas ao 'Black' Metal. Mais pra frente tem a Alkila, banda que ficou bem conhecida na região por praticar um 'Thrash'/'Death' Metal, lembrada por muita gente até hoje. Vindo mais pra atualidade, Abeastnence, Anarchaos, AlkanzA...já galgando num metal mais moderno tem a Diemordinate como baixista, atualmente com um novo projeto tributo ao Sepultura que está saindo do forno chamado Chaos in Roots e claro a minha banda principal, Hellio Costa. Com relação as bandas que me iniciaram na música extrema, tudo começou em 1989 quando o amigo do meu irmão veio a nossa casa com os discos de vinil: Metallica o "Kill", "Ride" e "Master", Ozzy o "Tribute to Randy Rhoads" e Sepultura o "Bestial", "Morbid" e "Schizophrenia". Pirei com todos...mas Sepultura foi amor à primeira vista! Por causa disso descambei pra música extrema, passando grande parte da minha adolescência ouvindo Cannibal Corpse, Deicide, Morbid Angel, Obituary, e por aí vai.

2) Focando na Hellio Costa, poderia nos contar como foram os primórdios da banda, qual sua formação atual e a opção pelo 'Hardcore', já que a maioria dos músicos do grupo vem do metal?

R: Vamos lá, a Hellio Costa surgiu com o Feto, Zoioca, Renan e Elisson. O intuito era fazer um som a lá Hatebreed...antes do primeiro ensaio... após algumas trocas de idéias, eu já estava na banda. A ideia do nome veio do Elisson, primeiro vocalista da banda. Após a saída do mesmo...fizemos alguns testes com novos vocalistas, porém acabei por ficar nos vocais uns meses, até me apresentando ao vivo como tal. Tivemos a sorte de encontrar o Frank, parceiro de longa data da cena, com passagens por importantes bandas....que aceitou assumir os vocais da banda. A formação atual está fantástica, 'brotheragem' total entre os integrantes. Há algum tempo, estamos com Frank (vocal), Renato (guitarra), Feto (baixo) e Fabricio "Zoioca"(bateria).

A opção pelo 'Hardcore' pra mim, particularmente, além de ser um estilo que sempre curti desde que conheci o Biohazard, tem a ver com o Sepultura e a evolução da banda, que há um bom tempo carrega o 'Hardcore' como influência.

                                               

3) O nome Hellio Costa chama atenção, pois além de ter como abreviatura HC, também é uma homenagem ao repórter, que em seu programa, só falta derrubar sangue pela tela. Baseado nisso, conte-nos de onde vem as inspirações para as letras como a do som Sangue Na Marreta?

R: É, o nome Hellio Costa é uma homenagem ao apresentador do programa. Consultei o Helio que aprovou o nome sem problemas. As letras realmente saem, em sua maioria, de temas abordados em programas policiais, como a que você citou, Sangue na Marreta. Estamos sempre ligados em temas polêmicos indigestos, que resultam por exemplo, na música que lançamos agora, Pr. Valdemiro.

4) Recentemente, nas redes sociais, foi postada uma foto dizendo que a HC estava em processo de gravações. Então poderia nos adiantar quais são os próximos passos da banda, teremos uma 'demo' em breve ou outras músicas liberadas para audição?

R: Isso mesmo. Estamos gravando sim. Iremos lançar um CD com várias faixas...mas esse será o desfecho do processo. A medida que formos gravando as músicas, iremos liberá-las  pra galera nas redes sociais. O disco, arte, etc... será a última etapa. Antes, até deve rolar um EP.

5) Na parte da composição, como nasce uma música da HC? Ela parte de uma ideia individual ou em um processo coletivo entre a banda?

R: Agora vou puxar a sardinha pro meu lado...hehehehe.... Praticamente o processo é esse: componho as linhas de guitarra, da música toda, passo pro restante da banda. Nos ensaios, eu e o zoioca definimos as linhas de bateria que se encaixam na ideia inicial. O Feto faz a linhas de baixo e eu e o Frank viemos com um tema e montamos a letra. Hoje em dia, estou deixando esse lance de letra mais pro Frank, ele é fera nisso.

6) Sendo um músico que já teve passagem por bandas de metal e agora 'Hardcore', você consegue apontar diferenças entre os públicos, ou essa divisão já é algo ultrapassado?

R: Acredito que isso seja coisa do passado. Se a música é boa, e principalmente verdadeira, feita com dedicação, as pessoas acabam curtindo também. Eu, por exemplo, posso ser visto no 'show' do Cannibal Corpse num dia, e no outro, no 'show' do Helloween. Sou eclético, gosto de muita coisa dentro do 'Rock' e Metal. Acredito que a grande maioria tenha a mesma apreciação pelo gigantesco leque que é o gênero.

7) Aproveitando a oportunidade, para quem não sabe, você foi um membro fundador da Alkilla, uma das grandes hordas reveladas no sul catarinense e que recentemente tinha anunciado um retorno aos palcos, em um festival que acabou sendo cancelado. Então, existe ainda essa possibilidade de vemos a Alkilla em palcos?

R: Alkila realmente é algo que marcou minha vida na música. Eram tempos mais difíceis, sem toda essa evolução tecnológica atual que torna a divulgação, contatos, etc., muito mais fáceis. Era tudo muito na raça, o que certamente ajudou na conquista de todo esse respeito e reconhecimento que recebemos. Iríamos fazer uma reunião no ano passado, para o festival Laguna Metal Fest do 'brother' Daniel Bala, porém o festival acabou não acontecendo. Se vai rolar uma reunião, ou retorno, só o tempo dirá. Nunca diga nunca!

8) Você também é baixista Diemordinate, que é muito diferente das suas bandas anteriores. Como é feito para consolidar a agenda das bandas para que não ocorra atritos entre compromissos?

R: A Diemordinate realmente é algo um pouco diferente. Foi um desafio pra mim tocar com uma rapaziada afiada no que faz. Quem conhece a banda sabe do que falo. São músicos influenciados por música progressiva além do metal. Isso deixa tudo mais trabalhado e intrincado. Tenho certeza que logo logo a Diemordinate vai estourar e daí ninguém mais vai segurar. Está muito perto de isso acontecer. Tocar em mais de uma banda, projetos, sempre fez parte da minha vida. Raramente eu sossego. Então já tiro isso de letra, além, claro, do meu principal compromisso com minha família.

9) Como um músico ativo da cena, como você avalia o momento do metal nacional, estamos em evoluções ou retrocessos e quais atitudes podem fortalecer ainda mais nossa cena?

R: Não vejo retrocesso no metal em si. No Brasil temos incontáveis bandas fodas. Coisa de primeira mesmo, sabe. Aqui em SC, tem uma galera muito foda fazendo um som de responsa. Infelizmente disputamos espaço nos meios de comunicação com esses lixos sonoros criados por um bando de acéfalos que se dizem músicos fazendo música. Uma coisa é certa... eles vem e vão...vangloriados por um bando de gente de gosto musical tosco, que muda de acordo com a modinha. E nós estamos sempre aqui... fiéis e verdadeiros ao 'rock' e metal. Pra nós o tempo não acaba com as músicas, não as deixam insuportáveis....se foi bom nos anos 70, por exemplo, é bom até hoje e pronto! Acredito muito em festivais locais. São o ponta pé para muitas bandas. Assim como os bares e 'pubs' que ainda dão oportunidade ao estilo. É uma mini realidade do que vemos lá fora adaptada a nossa realidade, mas que no final das contas...faz tudo valer a pena.


                                         

10) Obrigado Renato pela entrevista! Nos vemos nos 'mosh pits' da Hellio Costa. Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Underground Extremo?

R: Mais uma vez obrigado pela oportunidade. Com certeza nos encontraremos em muitos 'mosh pits', não só da HC. Agradeço também a todos os amigos, as pessoas que tem nos acompanhado e que fazem tudo valer suor derramado. Continuem acompanhando os canais do Underground Extremo, pois são os responsáveis pela divulgação, apresentação, e toda a informação que, como o próprio nome diz, serve de alicerce para nossa tão duradoura cena 'Underground'!

Forte abraço e muito 'Hardcore' na veia!!!


Revisado e editado por Carina Langa.