Entrevista #04: Zombie Cookbook - Os mortos estão entre nós!

O horário não poderia ser outro, a não ser as 3 da manhã, a 'hora morta' ou o horário em que os demônios invadem a Terra! Então, munido de uma tábua 'ouija' estávamos preparando essa entrevista com o mundo dos mortos. Que som asqueroso e podre, no melhor sentido da palavra, a horda de mortos vivos Zombie Cookbook nos apresenta. Conheça mais a trajetória da banda, enquanto eles não se decompõem por completo.


1) Hail 'Zombies'! Primeiramente é uma honra estar trocando ideia com vocês! OBS: Essa nossa entrevista está sendo feita por e-mail para proteger o cérebro do editor, rsrsrs. Para começar, contem-nos, vocês já devoraram os góticos que fizeram o ritual errado e lhes trouxeram dos mortos?

R: Horace Bones - Claro que sim, foi nosso renascimento na putrefação e estava uma delícia, cru e regado a muito sangue como deve ser, nada de 'gourmet' como são as coisas hoje em dia.

2) Uma formação com mortos vivos deve ser realmente difícil de manter intacta. Conte-nos qual atual (de)formação da banda e como vocês se conheceram no pós-vida?

R: Dr. Stinky – Hoje contamos com Dr. Freudstein na bateria, Purgy no baixo, Ed the Dead na guitarra, Horace Bones na guitarra e vocais e eu (Dr. Stinky) nos vocais. Tivemos dois membros que deixaram a banda para compromissos especiais, Hellsoldier que foi recrutado novamente para experimentos militares e Guinea Pig, levado pela bruxa para pagar sua penitência em uma ilha isolada no meio do oceano das lamúrias.

3) Falando um pouco a discografia da banda, as gravações da Zombie nos remete à um padrão mais analógico, sei que foi assim no vinil 7 “CineTrash”, porém o primeiro 'full' “Outside the Grave” já parece mais polido, qual seria o padrão para futuros lançamentos?

Horace Bones - Válvulas e esquemas elétricos parecem que nos deixam mais a vontade, mas na verdade, usamos o que estiver a nosso favor e puder nos ajudar. No geral, sabemos o som que queremos tirar e já buscamos tirar o timbre na gravação para poder mexer o mínimo possível na 'mix', ou em uma pós-produção. O bom é que estamos ficando melhores nisso!



4) "Outside The Grave" foi muito bem recebido pelo público. Fazendo um balanço geral, o que podem nos dizer desse primeiro trabalho? Além disso, o gritante sucesso aumenta as nossas expectativas referentes ao que a banda vem a produzir. Internamente, existe essa cobrança referente ao seu segundo álbum?

R: Horace Bones - Ele foi bem divertido de fazer, foi trabalhoso e também não foi... Foi uma mistura de tudo! Estipulamos um prazo para a gravação e corremos atrás. Legal que ele foi um conjunto de tudo, das músicas, letras, da arte, da concepção, enfim, de tudo! Mas nossa idéia para o ZCB sempre foi esse “pacote” todo, e você sempre pode esperar em nossos lançamentos, principalmente em nossos álbuns. Então essa cobrança existe da gente mesmo.

5) Eu tenho minha cópia de “Outside The Grave” e o encarte em formato de história em quadrinhos onde é relatada a morte de vocês é uma das maiores sacadas do metal nacional. O trabalho do ilustrador Charles da Silva é brilhante! Em tempos de 'downloads' qual a importância da parte gráfica em um lançamento físico? 

R: Horace Bones - Não saberia te responder. Talvez um ou outro até compre por causa da arte, mas a maioria vai comprar porque gosta da banda. No final sempre é a música que vai mandar! Mas é um 'plus' pro pessoal e pra banda também até para poder criar. 

6) 'Death' metal é o senso comum para rotular a proposta musical de vocês, mas é possível ver elementos do 'Thrash', do 'Grind', assim como do Gore, então da pra afirmar que essa mistura é o metal da Zombie Cookbook

R: Horace Bones - Sim, temos vários elementos na nossa música e acho que conseguimos combinar bem e de uma forma legal. Somos uma banda relativamente nova e parece que achamos o nosso som, mesmo no meio dessa mistura tudo, soa como Zombie Cookbook
Dr. Stinky – 'DEAD' METAL!!! 

7) Lembro de ter visto a banda se apresentado no agora finado, igual vocês, Zoombie Ritual e teve um momento inusitado, quando foi oferecido um brinde para quem tivesse uma camisa do Misfits. Sempre quis perguntar isso, qual a influência da banda americana na sonoridade de vocês e também na parte cênica das apresentações?

R: Dr. Stinky – Hahahahaha, eu nem lembrava disso... então... o Misfits acho que de todas as bandas que curtimos é a banda que é mais comum entre todos. Eu tenho um carinho muito grande por ela e, quando vi os vídeos recentes com o Danzig foi muito emocionante. Em um tempo remoto nós tocávamos a The Shining e chegamos até a gravar ela, mas acabamos não lançando ela. Quem sabe um dia lancemos ela como um bônus 'track' ou algo do tipo.

8) A discografia da horda tem dois 'splits'. O primeiro com a banda Offal e o outro com Racind Flesh. Conte-nos um pouco como foi a escolha de tais bandas para dividir o trabalho?

R: Horace Bones - Com o Offal foi pela amizade de longa data com o André, o convite partiu dele. Foi foda!! Aceitamos na hora. E o Rancid Flesh foi uma das primeiras bandas com que a gente começou a fazer troca de material e parceria... não lembro de quem partiu o convite ou se a idéia partiu das duas bandas, mas tinha que acontecer esse lançamento! Outro lançamento foda!

9) As faixas que saíram nos 'splits' são da mesma época que Outside, ou foram compostas para esses lançamentos? E falando em músicas, qual vocês usariam para apresentar a horda, para quem ainda não os conhecem?

R: Horace Bones - As músicas foram compostas para cada lançamento, gravadas em épocas diferentes, até com formações diferentes. Para apresentar o ZCB poderia apresentar o clipe da Motel Hell.


10) Aposto que quando eram vivos, vocês eram cinéfilos inveterados por terror. Como fãs, o que acham da atual safra do terror que vem se sustentando em 'blockbuster' e não reconhece gênios, como Mojica, por exemplo. 

R: Horace Bones - A galera do terror nacional ta dando de lavada nesses filmes americanos novos que vem surgindo por aí. O negócio é ir em festivais de cinema de terror 'underground' que sempre rola uns filmes muito foda! Aqui perto, em Curitiba, rola o Grotesc O Vision. Tem os filmes do Rodrigo Aragão, do Peter Baiestorf, Fernando Rick, Paulo Biscaia Filho e uns filmes de uma galera de fora que vale muito a pena ver. 

11) Recentemente, vocês tocaram no RJ. Como foi a experiência, o sol cozinhou a carne podre de vocês? E como está a agenda de 'shows' para esse segundo semestre? Pretendo ver a banda ao vivo novamente e se não tocarem Harvest of the Damn eu os mato com um tiro na cabeça, que sei que é a melhor forma de aniquilar um zumbi, rsrsrs.

Dr. Stinky – Então... o show do RJ foi uma experiência diferente, tocamos pela primeira vez com as bandas do 'cast', Gore e Expurgo sempre foram referência pra nós e grandes amigos também, conhecemos os caras da Rotten Cadaveric Execration da Bahia e também o Lástima (RJ) do nosso amigo e irmão Thiago Splatter. Foi legal por conhecermos a cidade e o pessoal da região, além das bandas já citadas. 

12) Obrigado pela entrevista zumbis! Gostariam de mandar uns recados para leitores vivos ou mortos do U.E?

Horace Bones - Valeu pela oportunidade de espalhar a infecção e derramar o sangue... Nos encontramos na hora dos mortos na 666th Den.
Dr. Stinky – Keep cookin’ Death Metal!!!!!

Revisado por Carina Langa.