Salve, headbangers! Eis aqui um dos quadros que eu mais gosto de fazer no site, porém, na correria do dia a dia, acaba ficando meio obscuro dentro do macro verso que é o Underground Extremo. Mas dito isso, não podemos deixar de apresentar nossa "Playlist da Semana Extrema".
Para quem não conhece, esse quadro é uma grande mesa de bar virtual onde a gente debate aquele som que ouvimos ao longo da semana. É um misto de resenha com papo de banger – então espero que curtam, ouçam os álbuns indicados aqui e venham debater com a gente!
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1) "Elevenfold Tail" - Nigrum
Quando conheci o Nigrum, eles eram uma banda residente do México. Agora, estão na Suécia. O que mudou foi a localização, pois o som continua com aquela atmosfera mórbida e negra do metal contemporâneo. Já na abertura, com Prólogo e Haunting Fields, notamos aquela influência de Watain – a linha hipnótica desse som. A mesma atmosfera se mantém com a ótima Ea Quae Sanguinem Bibit. Linhas mais melancólicas, que lembram o Behemoth no começo da carreira, aparecem em Per Sepulchra Regionum. E aquela faixa que faz valer o álbum como um todo: Murderer, Dweller – um massacre black gélido. Os vocais são um dos destaques aqui, e alguns acentos death metal elevam muito a pontuação desse registro. Se você curte bandas como o Krossfyre, pode colocar o Nigrum na sua profana lista.
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2) "The Nighthold" - Vargrav
O Vargrav é um dos melhores expoentes da cena do black metal sinfônico finlandês, pois consegue, como poucos, criar uma atmosfera que te transporta para um castelo no leste Europeu, tomado por uma aura malévola e por aquela beleza que se encontra na obscuridade. Moonless Abyss of the Nighthold é um exemplo: os violinos e teclados constroem a tensão, enquanto os vocais doentes de Werwolf criam o contraste perfeito. Sinto falta desse equilíbrio em faixas como Curse of the Plaguewood Lake e Into the Shadow Crypts.
Se você não conhece essa banda e está se perguntando se deveria, minha recomendação é The One Who Lurks Beyond the Starscape – esse som me deu a impressão de um confronto mágico no qual somos inseridos. Parece que estou viajando (e não, não é meme). O trabalho se encerra com Ghostlands, uma faixa que funciona como o final de uma saga épica.
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3) "Word of Sin" - The Abbey
Se você gosta da estética do Ghost e seus ghouls, mas sente falta de algo mais metalizado, seus problemas acabaram! The Abbey bebe da fonte dos americanos, mas sabe que os fãs de metal não querem pop – e sim música pesada. Por isso, as guitarras tomam a frente, e algumas passagens chegam as raias do metal extremo. Isso se deve à bagagem dos músicos envolvidos, que vêm de bandas de funeral doom e gothic metal.
Rat King já mostra isso muito bem, enquanto Crystallion e Starless demonstram que eles sabem compor algo próximo do pop sem perder o peso. Para mim, o álbum cresce mesmo com Old Ones, onde eles entregam uma atmosfera épica e destrutiva – algo que o 'Papa Satânico' lá esqueceu. Sem medo de dizer: The Abbey é bem mais interessante.
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4) "The Gates of Aramore" - Prydain
Pelos deuses do aço, ainda existem bandas que fazem power metal! Demorei para ouvir esse álbum (afinal, ele é de 2023), mas, por sorte, é (até o momento) o único na discografia desses estadunidenses – que estão de parabéns por fazer power metal na terra do modismo.
Formada pelo guitarrista Austin Dixon, com Jonah Weingarten (Pyramaze) e o excelente vocalista Mike Lee (Silent Winter), além do tecladista Bob Katsionis, eles demonstram power metal de primeira categoria. As letras têm temática de mundo fantasia piegas? Claro! Mas tudo é tão bem feito que é impossível não reviver aqueles tempos áureos da 'sagrada força do trovão'.
Aqui temos um pouco do power metal alemão (Edguy) e do italiano (Rhapsody). Destaques para Blessed & Divine, os toques folk de Sail the Seas” e, claro, a faixa épica Kingdom Fury. Esse álbum é uma volta no tempo, e eu adorei.
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5) "Baptized Through Blasphemy" - Sect of Execration
Ah, o Texas! Por mais que eu tenha motivos para não gostar dos Estados Unidos, quando falamos de cenários de metal extremo, não podemos deixá-los de fora – ainda mais no death metal. Eles conseguem ir do old school ao brutal death com naturalidade e força, e é nessa segunda divisão que encontramos o Sect of Execration.
Formada em 2000, a banda tem uma discografia pequena, mas quero destacar o EP "Baptized Through Blasphemy" – uma aula de destruição em 24 minutos. Tudo aqui é direto e cruel. Exanimating the Deity é massacrante: a bateria te faz duvidar se um ser humano pode tocar nessa velocidade. Os vocais alternam entre pig squeal e guturais vomitados, com o melhor exemplo sendo Scriptural Manipulations (algo à la Deeds of Flesh). E quando reduzem o ritmo, conseguem aquele feeling difícil de alcançar – mas eles se saem muito bem.