Resenha #405: "Falha Crítica" (2024) - Surra

Salve headbangers! Doze anos separam os trabalhos "Bica Na Cara" para agora, "Falha Crítica" e nesse intervalo de tempo, o Surra se provou como um dos nomes mais fortes do nosso underground, somando uma trinca de lançamentos fortíssimos com apresentações que são uma total hecatombe sonora e letras que têm muito à dizer sendo que acredito que seja impossível separar o Surra da sua mensagem e isso os torna uma das minhas bandas preferidas, por isso o meu hype para "Falha Crítica" era imenso e sim, meus amigos, não consigo disfarçar minha alegria em dizer que todas essas expectativas foram superadas e como fã, acredito que esse já está na minha lista de destaques do ano, ao longo dessa resenha você irá descobrir porque!
Antes de falar do som, que grande sacada foi essa temática de fliperama! Você notou que temos um Blanka? Um dos brasileiros mais ilustres dando uma bela surra no Guile e essa capa já te prepara para algo que vai do crossover para o thrash e do thrash vai para o hardcore e tudo muito rápido e muito constante.
Operação Morre e Cala a Boca abre o trabalho que tem quatorze faixas em pouco mais de vinte sete minutos. Esse som aborda a violência policial e como ela trabalha para elite, casa muito bem com uma das minhas favoritas deles, Joga No Meio Da Rua, as quebradas de tempo são uma constante na música e como comentei na postagem do álbum, esse trabalho é muito bruto, um estado de raiva tomou conta dos garotos de Santos, também pudera, com os tempos atuais não poderia ser diferente!
A nossa luta direta aparece em Murro Em Ponta de Faca, um niilismo que nos pergunta se podemos acreditar que isso seria um dia melhor. Aqui temos um acento para algo quase grind, elementos que virão na violentíssima É Proibido Ser Pobre.
Um ótimo trabalho de bateria do Victor abre Plano Infalível que mostra o pensamento falho do neoliberalismo, afinal você só não e milionário porque não se esforça não é mesmo? Amanhã Eu Faço tem uma levada quase toda instrumental e aqui não podemos mais negar que Leo Mesquita é um grande guitarrista, algo que se confirma em Estado Terminal e tente, eu digo só tente, não querer destruir tudo em volta com Calma, Caralho.
A prévia do que nos esperava já tinha sido lançada com Liberdade Eliminando o Mundo, esse som tem um groove irresistível e imagino que ao vivo ela deve levar a um grande mar de cabeças balançando e depois o circle pit se formando nervoso. Nunca Foi Tão Justo é daquelas que você tem que ouvir com encarte do lado, Leo é uma metralhadora de inconformidade e olha o groove do som pegando novamente com um riff nervoso e, logicamente, nunca foi tão justo!
Um de Life tem aqueles backing vocals marcantes, cortesia do baixista Guilherme que além de tudo é responsável pelo combo que é a sonoridade do Surra. Imperativo nos leva à refletir sobre o que nos faz crer que é importante na nossa vida, e necessário deixar claro que "não vamos nos humilhar para nos tornar mais um viral" (som certeiro e letra idem!).
O trabalho vai chegando na sua reta final e não tira o pé do acelerador em nenhum momento, o que para outra banda poderia soar como repetitivo, mas aqui no caso do Surra eles conseguem fazer um som com tanta personalidade que você ouve e nem percebe. Serviu de Aprendizado encerra o trabalho com um grito de revolta como algo que vem emanando em cada um de nós que trabalhamos para não morrer e condenados à sofrer, por isso que "Falha Crítica" é a trilha sonora perfeita da nossa revolução. Eu sinceramente nunca esperei nada diferente vindo do Surra.
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TRACKLIST:
1) Operação Morre e Cala a Boca
2) Murro em Ponta de Faca
3) Plano Infalível
4) Amanhã Eu Faço
5) Calma, Caralho
6) Liberdade Eliminando o Mundo
7) Nunca Foi Tão Justo
8) Um de Life
9) 200gr de PMA
10) Imperativo
11) É Proibido Ser Pobre
12) Viral
13) Estado Terminal
14) Serviu de Aprendizado
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FORMAÇÃO:
Guilherme Elias - baixo e vocais;
Victor Miranda - bateria;
Leeo Mesquita - vocais e guitarras.