Salve Headbangers! Antes de mais nada, peço que leia nossa cobertura do primeiro dia do "Necrocamping Festival" (leia aqui), pois lá fizemos a narrativa de como foi nossa chegada no fest e o mais importante, destacamos como foram os shows do primeiro dia, e agora se prepare, pois o segundo dia do "Necrocamping" apresenta uma verdadeira maratona com grandes nomes do nosso underground.
Vamos abrir os trabalhos com thrahs metal da velha escola. O Enslaver entrou no cast para substituir a Desperate Soul que não pode se apresentar por um integrante da banda estar com dengue, e sendo convocados de última hora, eles mostraram um thrash metal afiado e antifa como deve ser! Last Breath No Regrets e Murder Inc mostram isso e está foi a melhor maneira de já nos preparar para os show que teremos ao longo do fest.
Eu tive a honra de dividir os palcos com o Precipício no lendário Magos Bar, e naquela vez eu tive a certeza de que estamos aqui diante de mais um grande nome que vem surgindo no death metal catarinense. O fato de cantar em português deixa tudo mais original, Terror Eterno, Pensamentos Mórbidos e Palavras de Maldição provam isso! Está no momento deles saírem do campo das demos e lançarem logo um full.
Eu tive a honra de dividir os palcos com o Precipício no lendário Magos Bar, e naquela vez eu tive a certeza de que estamos aqui diante de mais um grande nome que vem surgindo no death metal catarinense. O fato de cantar em português deixa tudo mais original, Terror Eterno, Pensamentos Mórbidos e Palavras de Maldição provam isso! Está no momento deles saírem do campo das demos e lançarem logo um full.
O "Necrocamping" teve como um dos seus principais destaques não deixar nenhuma vertente da música extrema de fora do cast, por isso que um dos representantes do Punk Rock toma os palcos, o Bomba No Porão, soma experiência de mais de vinte anos de palco e fizeram aquilo que esperamos, som rápido que pede mosh pit e foi atendido tendo até uma 'bomba' passando do público para os músicos! Morar No Bar, Underground, e Sozinho Na Madrugada se destacaram na apresentação.
Encarar um palco sozinho e ainda por cima mandar um death metal extremamente técnico? A Divulsor é composta pelo músico Bruno Schmidt que encara esse desafio de forma muito única e o palco ficou pequeno para a destruição que tivemos com ele e sua poderosa guitarra verde! Sons como Imprecation of Nothingness e Perfidious Spectrum of Human Deeds ficam ainda mais brutais quando ouvimos ao vivo e percebemos como Bruno consegue fazer tanto barulho na forma de one man band.
Assim como Cthulhu desperta e espalha o caos, a Oath of Persistence desde que lançou seu fabuloso trabalho "Fear of the Unknown" vem participando de diversos festivais e fez eu ter a felicidade de assistir eles muitas vezes, mas nessa apresentação do "Necrocamping" acredito que eles fizeram uma das mais impressionantes de suas apresentações até então, conseguindo deixar o público hipnotizado pela sua técnica, ao mesmo tempo que a agressividade levava ao ato constante de headbangear. Sons como The Arrival, Queen os Swamp e Fear of The Unknow são músicas grandiosas e ao vivo, executadas com perícia, por isso que Oath of Persistence vem se tornando cada vez mais relevante.
Migramos para o outro palco, na verdade, somente alguns passos para o outro lado, essa dinâmica de palcos se mostrou sensacional diga-se de passagem e pudemos acompanhar mais um massacre da Alkila! A banda desde que voltou a ativa não para e além de tocar na íntegra o seu EP "Ashes of This World" nos apresentou alguns sons novos como Church of Ignorance e um clássico das antigas, Corruption. É notório que eles estão enveredando para um death metal cada vez mais técnico e isso é ótimo! Ao final do show, aquela música que pede para a plateia se quebrar na insanidade dos moshs, "Obliteration of Mankind/Under a pale grey sky/ We shall arise..." (Sepultura).
Vindo de 'Jaragrind', o Hauser consegue impressionar toda a vez que se apresenta por fazer algo que beira à insanidade! Os vocalistas Jean e Eduardo berram como se sua vida dependesse disso e conseguem passar os sentimentos que a música pede, então Messias, Morte Por Perdão e (Des)Razão são a tônica do show que sintetiza a forma como o grind/death tem que ser.
"Mais perdido do que cupim em uma metalúrgica" é assim que a Tressultor informa que está para promover a continuidade do massacre no festival! E pensa em uma banda que vem, assim como vinho, ficando cada vez melhor! Eles conseguem ter um senso de humor ácido e as influências que colocam de grind no seu death/thrash ficam mortíferas, o solo de baixo em Epidemia deixou todos os presentes boquiabertos e Eu Tenho Um Nome a Zerar, Iml, Dieta Colombiana, e Juarez Possuído Pela Tequila são sons presentes no setlist e provam à sonoridade fora de todos os padrões da Tressultor.
A cada apresentação, o Cülpado prova que Verdani é um dos músicos mais completos do nosso underground, pois além de comandar as baquetas em nomes como Sad Theory e Axecuter ele toma à frente dos vocais e graves para mostrar a mente de um serial killer e outras narrativas da perversidade que é a mente humana. E as músicas do "Romper da Realidade" têm aquela aura death thrash que tanto gostamos e nem percebemos que estamos cantando junto letras que são verdadeiras carnificinas como Canibais de Garanhuns, Picadinho e Mato Por Prazer. Eu tenho esse álbum na minha coleção e confesso que já estou ansioso pelo próximo.
Se apresentando pela primeira vez em Santa Catarina, o Hereticae é sem dúvida uma das bandas que eu estava mais ansioso para assistir, isso porque eles lançaram um dos trabalhos mais significativos para o black metal nacional, "Ecos Do Atlântico" mostra não somente a força do RABM nacional como também prova que o estilo não precisa ficar preso a ideias tortas e fascistas, por isso que presenciamos sons como Ondas Negras, Antipatria e A Cruz E A Águia reafirmando que a história da América Latina é escrita com sangue.
Existia uma carga emocional a mais no show da Losna pois a banda conseguiu atravessar as dificuldades que o Rio Grande do Sul estava e ainda está passando para poder se apresentar no "Necrocamping". As irmãs Débora e Fernanda além do mestre das baquetas Extremo Matheus declararam toda sua garra e pediram para o público não esquecer de ajudar seu estado. O seu setlist passou por várias fases da banda, desde "Back To The Groto" até para as novas Carmilla e The Grey Man, uma apresentação marcante e amarga como a Losna sempre entrega, por mais do que nunca, eles representaram toda a força do povo gaúcho!
Outra banda a debutar no estado, o Ereboros veio do Rio de Janeiro e é, na verdade, uma grande entidade de músicos que unem à sua experiência de estrada em prol do death metal e isso não poderia resultar em algo melhor do que a sua sonoridade. O show deles é daquele hipnótico que você se impressiona pela técnica e ao mesmo tempo que não consegue entender bem como estão fazendo aquela tempestade sonora e aqui meu adendo especial, assim sons como Corruptio Signum e Blasphemous Era ficam ainda mais extremos ao vivo, sim parecia impossível isso, mas eles conseguem!
Um dos nomes mais bem revenerados no underground nacional, a Orthostat a cada apresentação faz por merecer esse título! De algumas apresentações da banda que eu já assisti, acredito que essa do "Necrocamping" foi uma das que mais confirmou essa ótima fase da banda. Unindo passagens do death metal mais old school com passagens que vão do doom para o progressivo e as vezes tudo na mesma música, fazendo assim os sons do álbum "The Heat Death" e "Monolith of Time" ganharem destaque como Entropy, The Will of Ningiru e Hydrogen que ao vivo são devastadores!
Só um evento com o selo de qualidade da Necrovoid para trazer no mesmo festival dois grandes representantes do grind/Power violence catarinense, e se a Hauser já tinha levado o público à destruir seus pescoços, a Cäbränegrä mostrou porque estamos muito bem servidos de anti música. Vou usar aqui uma citação da própria banda para definir o que foi esse show:
"Sobre A Inevitável Mudança. A ação coletiva, as pautas essenciais. O direito à terra, a falsa liberdade, a mão de obra explorada. A motivação diária que desencadeia a revolta. O ciclo da destruição pelo capital avançará. Seguiremos mudando o sentido do vetor. A realidade nos pertence".
SOS, Como Resistir, Acidente de Trabalho, o Levante pt1. e o Levante pt2. entre muitos outros atentados sonoros estiveram presentes, se você ainda não assistiu o Cäbränegrä ainda, não perca a chance de ver a junção profana de anti música e técnica.
Acredito que 2024 está sendo um dos melhores anos para o Manger Cadavre? além de estar divulgando o seu trabalho "Imperialismo", a banda se encontra em uma formação sólida e isso reverbera em shows que são pura energia! Eu como já assisti a banda algumas vezes, consigo ver uma evolução cada vez maior e o que dizer de sons como A Raiva Muda o Mundo, Enfermos e Retórica do Silêncio? Nata mostrou bastante felicidade pelo fest e pela presença feminina na plateia e elas puxando circle pits ao longo da apresentação como coroar um show desse? Com um stage diving de uma das melhores vocalistas de crust da nossa cena! Não à toa, capa do nosso primeiro fanzine!
"Os portões estão fechados pra você entrar. É meia-noite quando os sinos começam a tocar. Um bando de jovens a procura de um lugar. Onde possam sossegados, uma noite festejar".
Impossível não ouvir isso e sair cantando, na verdade é impossível não cantar todas as faixas do Cemitério e não tem jeito, quando a trupe de sádicos lideradas por Hugo Golon sobem ao palco, pode ter certeza de duas coisas: teremos um culto ao terror B e, principalmente, teremos um ótimo show de metal morte! O set se focou principalmente nas músicas do álbum auto intitulado, mas também tivemos Tara Infernal e a perfeita versão de Infernal Death, aqui mantendo a tradição do Cemitério cantando em português, ela virou Noite Infernal. Assustador como um cara como Golon consegue ser um monstro no palco e alguém tão carismático fora dele!
666! Esse é o chamado para começar nosso culto aos decibéis promovido pelo Flageladör, e se o Cemitério já tinha acendido a chama do metal extremo cantado em português, o Flageladör não deixou por menos, por isso tome alguns clássicos como Perseguir e Exterminar, Nas Minhas Veias Corre Fogo e Assalto Da Moto Serra, assim como alguns sons do seu mais novo trabalho "Estigiofobia", por isso "sempre lembre quem tu eis e pena capital para quem trair os decibéis".
Hora de reverenciar o maldito metal negro que corre nas nossas veias! O Amazarak já postado no outro palco com a figura central do monstro Cavalo Bathory e toda a atmosfera que é extremamente necessária em um show de black metal se faz presente no Amazarak, os urros e grunhidos vocais se fundem à uma massa sonora que nos faz ter certeza que o Amazarak é uma entidade e para mim que sou um grande fã da banda, porém nunca tinha conseguido assistir ao vivo, consegui perder a voz com sons como Lendários Batedores De Cabeça e Ascensão Do Anticristo que sim, se fez presente na apresentação, tanto do Amazarak, como na próxima que está por vir!
O Spiritual Hate é a resposta para a pergunta e se o Behemoth fosse menos mala e mais som extremo? Acha que eu estou exagerando? Pois te informo, meu amigo, que não, na verdade, esse é outro nome que eu estava muito no hype para assistir, então não me perguntem como consegui reunir energia e ouvir o que é a impiedosa apresentação do Spiritual Hate. O lado profano se faz presente como em Babalon Manifest e a heresia e principalmente o desprezo pela maldita praga nazarena vem com Awaiting Fucking Je$us e Haereticvum, encerrando um dos palcos do "Necrocamping" da forma mais profana possível.
Para drenar o último das nossas forças, temos a Evil Corpse! Confesso que estava quase morto, mas os caras vieram de Goiás para tocar, então deixamos o cansaço de lado e vamos para o bate cabeça desenfreado e acho que eles já devem ter ouvido esse adjetivo para eles porque puta que pariu, o que foi isso? Eles não te dão um segundo de descanso! Eu achava que a Violator era dona do show de thrash mais rápido que eu já tinha visto, mas o Poney que me perdoe, mas a Evil Corpse destratou nossos corpos já moídos! Apocalyptic Future, Total Armaggedon e aquela que fez a audiência do "Necrocamping" fazer os últimos moshs insanos da noite, Command to Thrash.
E assim se encerra o segundo e mais longo dia do fest, a sensação de cansaço bateu, mas aquela de ter presenciado a essência do que é o underground, é muito maior! Vamos nos recuperar porque no domingo tem mais...
Continua...
Continua...