Resenha #353: "The Heat Death" (2023) - Orthostat

Salve Headbangers! O nosso Universo tem por estimativa cerca de 13,8 bilhões de anos e se o seu início até hoje, cientificamente, é aceito por meio do Big Bang, podemos falar que de acordo com a segunda lei da termodinâmica o seu fim está fadado a escuridão total por meio da morte térmica.
De acordo com o princípio da entropia, todo um sistema isolado, no caso, o Universo, tem um fluxo de dispersão de energia indo de uma fonte quente para uma fonte fria, acontece que com o passar de milhões de anos teremos o Universo distribuindo sua energia de forma igual, sem a ocorrência de fontes quentes nem frias, isso seria o seu estado máximo de entropia, o equilíbrio termodinâmico, ocorrendo assim a entropia máxima, o grande frio ou a morte térmica!
Sim, meus amigos, vocês não estão em um site de Ciências e sim no Underground Extremo certo? Então toda essa explicação foi para te situar em qual ambiente de complexidade estamos falando para citar o segundo álbum dos catarinenses da Orthostat que desde a sua estreia já impressionaram pela qualidade do seu som aliado a temas que abordam desde civilizações pré-históricas até, agora, a morte do Universo cada vez mais próxima.
Posso dizer tranquilamente que esse era um dos álbuns que eu mais esperava esse ano, ao lado dos também fudidos novos da Goaten e da Zombie Coockbook, e digo isso porque alguns desses sons aqui no full já eram meus conhecidos ao vivo e pelo peso que emanavam do palco, ficava forte a vontade de ouvir eles gravados em estúdio.
"The Heat Death" apresenta tudo aquilo que já conhecemos da Orthostat, as partes lentas ficaram ainda mais arrastadas, as partes rápidas ainda mais violentas e a técnicas,  aí meus amigos, estamos falando de músicos que tocam algo que beira o absurdo, mas por sorte sabem ser virtuosos sem a necessidade de malabarismo!
Prova disso já temos na abertura. O que você espera de uma banda de death metal, porrada ultra veloz certo? Errado, o Orthostat quebra sua expectativa com Null, um som pútrido que exala metal morte dos anos 90, o Incantation é uma referência meio óbvia, mas vamos além, note como ela encaixa as mudanças de andamentos permitindo que todos os músicos coloquem suas influências, aqui preciso realmente retomar a admiração que tenho por David Lago nos vocais e guitarra, Rudolph Hille na guitarra, Igor Thomaz na bateria e Eduardo Arbigaus no baixo (que desde que assisti ao vivo pela primeira vez se tornou uma influência direta na minha forma de tocar).
O caminho para nossa extinção está sendo traçado, então temos Radioactivity, seu começo intenso vem desaguando em um belíssimo trabalho de guitarra que tem um flerte com o fusion e tudo isso em menos de quatro minutos.
Gravity e Singularity são os melhores de dois mundos, indo de passagens mais lentas para outras de pura desgraça da escola Immolation e note o dedilhado no final da segunda, coisa linda viu, e aí Nothingness que pode correr o risco de ser minha favorita do álbum, mas possivelmente isso vai mudar com futuras audições, pois temos um trabalho aqui que tem muitas passagens, tanto é que ouvi ele no dia do lançamento e ainda hoje, muitos dias depois, descubro novos elementos.
Desafio nosso leitor ouvir Hydrogen e não bangear. Aqui meu destaque vai para o brilhante trabalho de bateria e não a toa esse som ganhou um vídeo para divulgar esse álbum, mas tanto Inheritance como Entropy poderiam assumir esse posto e quero destacar a aula final que é a faixa que batiza o álbum, a morte gélida do Universo tem a sua trilha e finda-se, a sensação é de terra devastada e de um álbum que se firma como um dos melhores do ano!
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TRACKLIST:
1) Null
2) Radioactivity
3) Gravity
4) Nothingness
5) Singularity
6) Hydrogen
7) Chemistry
8) Inheritance
9) Entropy
10) The Heat Death (Of the Universe)
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FORMAÇÃO:
Eduardo Rochinski - baixo;
David Lago - guitarras e vocais;
Rudolph Hille - guitarras e teclados;
Igor Thomaz - bateria.