Resenha #233: "Mortem Solis" (2022) - Krisiun

    Aqui estou numa missão brutal e essencial, de resenhar o 12° álbum do Krisiun.


    Não é de hoje que a banda vem desacelerando, tirando o pé e que isso em nada perde em brutalidade, ou no poderio sonoro do dos caras. E cabe uma observação importante aqui, e que muitos já devem ter notado nos últimos álbuns, que as cordas estão tendo o mesmo impacto que a bateria teve nos primeiros trabalhos, ou seja, é uma banda que aprendeu a extrair o máximo de cada integrante, e nisso, Moyses tem se tornado uma referência em timbres, palhetadas, solos, digna de um músico no seu melhor momento.
    Mas vamos ao álbum, o "Mortem Solis", que já abre com a Sworn Enemies, logo de cara se pode saber do que se trata, trazendo toda identidade da banda, nos vocais rápidos e guturais de Alex Camargo, que já entrou no hall dos caras que cravaram identidade gutural.
    Serpent Messiah e Swords Into Flesh, com solos ríspidos, levadas insanas de bateria, letra atual, acertada entre a velocidade nas linhas de Max Kolesne, com solos na melhor escola do Kerry King, com licks e alavancas, as dobras vocais presentes, abrindo caminho para a música que seria inimaginável há 15 anos atrás, falamos aqui da faixa Necronomical, com seu início lento, levada certeira de Max e Alex (que timbre de baixo matador), e entrando numa espécie de transe caótico, com refrão forte (essa música pede uns backing vocals, Moyses, te atraca ai) e levada em algumas partes na melhor escola do American Thrash Metal, ouçam e saberão do que falo.


    A sequência com Tomb of Nameless surge a brutalidade dos tempos iniciais, solos ultrarrápidos, com Max mostrando porque se tornou um nome forte do instrumento. A instrumental mostrando que novas influências podem sim ser bem-vindas ao Death Metal, e isso já se tornou comum nos álbuns, só agrega ao todo.
    Temple of the Abattoir, War Blood Hammer, As Angels Burn remetem aos álbuns "Apocalyptic Revelation" (1998) e "Conquerors of Armageddon" (2000), ou seja, os velhos fãs têm motivos de sobras para ouvir, adquirir e ouvir em volume máximo.
    Worm God, com início bem lento, denso, que logo descamba pra habitual brutalidade sonora e que imprime técnica, levadas certeiras, cadência e a identidade de fazer isso de uma forma natural e orgânica, que o entrosamento de anos tocando juntos define no DNA.
    A banda resgatou sua essência aqui, seja na questão de compor com tempo e gravar aqui no Brasil, no estúdio Family Mob, mas algo precisa ser dito aqui, o Krisiun está num patamar altíssimo, que cada integrante consegue, com sobras, impor sua identidade, sem sequer um sobressair o outro, mas sim jogando em nome da música em conjunto, com cada instrumento tendo uma importância vital no conjunto da obra, que aqui se chama "Mortem Solis". Em tempo, numa analogia que sempre se faz pensar, esse álbum é o "Seasons in the Abyss" (Slayer - 1990) do Krisiun?

TRACKLIST:
1) Sworn Enemies
2) Serpent Messiah
3) Swords into Flesh
4) Necronomical
5) Tomb of the Nameless
6) Dawn Sun Carnage (Intro)
7) Temple of the Abattoir
8) War Blood Hammer
9) As Angels Burn
10) Worm God

FORMAÇÃO:
Alex Camargo - baixo e vocais;
Max Kolesne - bateria;
Moyses Kolesne - guitarras.


Por Ivan Fábio Agliati.