Cobertura de Evento #30: "Setembro Negro"- Carioca Club/SP (Dia 03 - 04/09/22)

    Salve Headbangers! Chegamos na terceira parte da nossa maratona no "Setembro Negro", em um dia mais nublado com uma fina garoa fazendo aquele ar típico da capital paulista chegamos ao Carioca Club (que tem uma estrutura incrível) e fomos amaldiçoados pela união de entidades que atende pelo nome de Sodoma. Vindo da Paraíba e já tendo mais de 20 anos de história a horda está divulgando seu terceiro álbum "Animaligna" (2022), e sua apresentação é agressiva tanto no visual como no som que é todo cantado em português o que deixa bem explícita a mensagem da banda, como no hino do metal negro nacional Viperouz Papisa.
    Hora do Rio Grande do Sul provar mais uma vez que é um dos celeiro maldito de bandas e nada melhor do que um dos maiores atentados sonoros que saíram dos pampas, o Exterminate! Contando agora com o exímio baterista Sandro Moreira (Rebaelliun) desenvolvem um Death metal técnico, mas sem soar plástico, algo feito só por quem realmente conhece do estilo. Sons como Blind Faith, Pray For A Lie e The Bells of Damnation, comprovaram isso, além de deixar muitos músicos ali presentes impressionados, incluindo uns de algumas bandas estrangeiras que assistiam na audiência.
    Se falamos em tradição, a história do Grindcore brasileiro se confunde com a saga do Rot, que desde 1990 vem mostrando a transgressão em forma de música. Quem acompanha o cenário extremo não deixou de se emocionar com a Homenagem ao grande Alex “Bucho” Strambio, um show dedicado a sua memória e por isso tivemos músicas de todas as fases da banda, com destaque para o magistral "Organic" (2021). Tivemos algo em torno de 25 músicas em um set de 40 minutos em média isso é grindcore brasileiro, sem mais.
 
    Hora de outra revelação (na minha opinião) do fest, o Inter Arma vem da disputada cena Norte Americana e mostra que o seu som é daqueles que quem tentar rotular irá falhar miseravelmente! Death metal , sludge, está tudo ali e essa mistura que tinha tudo para dar errado se mostra certeira e fatal e com uma presença de palco muito marcante, destaque para o baterista T.J. Childers e o vocalista Mike Paparo no set tivemos alguns sons memoráveis como Citadel, Howling Lands, A Waxen Sea e The Long Road Home.
    Com o clima denso construído era hora dos Holandeses do Soulburn subirem no palco. A banda tem na sua formação nomes importantes daquele país como o vocal Twan van Geel do Legion Of The Damned e eles testaram ao vivo os limites que um som arrastado e sorumbático pode chegar, a apresentação chamou atenção tanto pela performance no palco como pela qualidade do som ali executado, destaque para The Nameless Elite, The Quest for Absurdity e Death the Brutal Way.
    Um dos grandes méritos do "Setembro Negro", como afirmei no primeiro dia da cobertura, foi de trazer para o Brasil algumas bandas inéditas até então e na cena do Death Metal o nome do Skeletal Remains é muito comemorado e quem duvidava dessa informação ficou totalmente convencido que o hype é real! Chris Munroy é um vocalista excepcional, vindo da velha escola seus urros são bem cavernosos, a parte rítmica da banda tem aquela pegada que vem do death dos anos 80 e 90 com partes cadenciadas, outras rápidas e agressivas, assim eles entram naquele seleto grupo de bandas que conseguem fazer o som ao vivo como fazem no álbum, para provar isso temos os sons como Illusive Divinity, Beyond Cremation, Tombs of Chaos e Congregation of Flesh.
 
    Meu lado fã estava muito ansioso pela apresentação do Mork, o projeto liderado por Thomas Eriksen tem uma banda ativa para vir ao Brasil e mostrar que se você deixar de lado o circo midiático que o Black Metal norueguês se envolveu, você encontra ótimas doses de música fria e desgraçada, daquela que consegue passar uma mensagem de ódio independente do idioma. Então por, em média, 40 minutos, formos transportados para a escuridão dos tempos remotos ao sons de Ringdalsfjorden, It Hornenes Bilde e Født til å Herske. Caso não conheça o trabalho do Mork, recomendo demais "Katedralen" um dos melhores trabalhos de Black Metal de 2021.
     Depois de uma tempestade de Metal Negro o Carioca Club recebeu doses cavalares do'Athletic Rock' e esse nome faz mais sentido quando se vê em ação John Gallagher (vocal e baixo), Mark Gallagher (guitarra e backing vocals) e bem associado aos irmão o baterista Mike Heller. E o que falar de uma banda que é um alicerce para o que chamamos de heavy metal, a Raven é 'apenas' uma demonstração de como o estilo é, em nossa trilha sonora os clássicos Take Control, Hell Patrol, Rock Until You Drop e Faster Than The Speed of Light, colocaram o público para cantar em uníssono, esta é uma banda que mostra que o seu habitat é o palco.
    O Tribulation tinha uma inglória missão de ficar no meio entre dois deuses, mas quem pensa que a banda se amedrontou se engana facilmente, o som apresentado é uma mistura muito bem feita entre metal com passagens góticas, lembrando o que o Paradise Lost vem fazendo em trabalhos como "Medusa" (2017) só que aqui tem bastante influência do Death Metal o que deixa o som bem original, por isso o público reagiu muito bem a sons como In Remembrance, Hour of the Wolf, The Lament e Nightbound.
    Debutando no Brasil, o Diamond Head vem nessa encarnação contando com o membro fundador e guitarrista Brian Tatler, ao lado de Moscow Andy “Abbz” Abberley (guitarra), Dean Ashton (baixo) e Karl Wilcox (bateria), e aqui uma das maiores supresas Rasmus Bom Andersen claro, o vocal está na banda desde 2014, mas é ao vivo que ele demonstra o porque ter sido uma escolha mega assertiva.
    Outro ponto de acerto foi respeitar o fato de que a banda nunca tinha vindo para cá e por isso mesmo era óbvio que queríamos ouvir preciosidades do "Lightning to the Nations" (2020), então se é isso que os fãs queriam foi isso que tiveram, The Prince, a faixa título e claro Am I Evil?. Um olho no passado, mas respeitando o presente, por isso que sons como Bones do álbum "Diamond Head" de 2016, e The Messenger, do "The Coffin Train" (2019) foram muito bem recebidos, também pudera, a forma que foram executadas transpirava energia, e sem dúvida o Diamond Head percebeu que foi um erro nunca ter se apresentado no Brasil e esperamos que venham para futuros shows.
    E assim se encerra o "Setembro Negro", não temos palavras para expressar a confiança da produção em nosso trabalho e esperamos ter conseguido por meio das fotos, v[ideos e cobertura expressar um pouco do que foi esse incrível festival e já estamos ansiosos para edição de 2023.
 
Confira os textos dos primeiros dias do festival: