Cobertura de Eventos #29: "Setembro Negro" - Carioca Club/SP (Dia 02 - 03/09/22)

    Salve headbangers! Depois das dez apresentações da sexta-feira, fomos para o hotel recuperar o fôlego, pois chegando ao meio dia seguinte começaria o nosso segundo dia de maratona, então depois de enfrentar um pouco mais do trânsito caótico de São Paulo chegamos para conferir o Havok 666, um duo da região de São Paulo e confesso que se não tivesse na frente do palco teria muitas dúvidas se realmente era um duo, pois o massacre sonoro é algo assustador. André Brutaller (vocal e guitarras) e Felipe Wreckert (bateria) tiveram seis músicas para deixar todos ali presentes boquiabertos, Exterminate The Divine Beast e Feeding Feelings of Agression ao vivo são provas reais do porque esse estilo se chama Death Metal.
 

    Desde que foi anunciado o nome do Neuróticos no cast, essa era uma banda que eu estava bem curioso para assistir, seja pelo seu som que é uma mistura bem feita de Death Metal técnico com algumas passagens que beiram o Grind, mas também pelo fato de ter se formado no ano de 2004 em Hiroshima no Japão. Na formação temos dois brasileiros, o frontman Bruno Dias Matsuda que tem um domínio de palco impressionante e o baterista Jhoni Rodrigues que estava substituindo o baterista original que não pode vir ao fest, Yuichi Ishiguro (obrigado Encyclopaedia Metallum kkkkk) ah, como baixista não posso deixar de elogiar Junpei Nakamura, o que esse desgraçado faz é digno de nota 10, em sons como Satan Or God? e Opened The Gates Of Hell fizeram parte do setlist, procure conhecer o trabalho "Kill For God" (2019) e terá a chance de saber o que estamos falando aqui.
    Vindo diretamente da Alemanha, o Knife apresenta um Black Speed metal com algumas passagens que remetem ao punk na maneira com que o som é veloz e desgraçado e eles levam na bagagem de volta para a a casa o título de terem feito um dos shows mais energéticos do festival, 0 vocalista Vince Nihil é um alucinado dominando o palco o tempo todo, e o som tem aquela pegada oitentista que, convenhamos, é difícil não curtir! Sons como I am Priest, Demon Wind e Black Leather Hounds fizeram parte do show.
 

    A apresentação do Knife foi perfeita e serviu como aquecimento para um dos grandes nomes do festival, o Gatecreeper. Mesmo sendo uma banda formada por músicos relativamente jovens, é perceptível que eles beberam das melhores fontes do Death Metal da velha escola como Obituary e Benediction, ao mesmo tempo que tem aquela afinação da escola europeia, principalmente da primeira onda da Suécia e tudo isso desagua em um som original e revigorante! Sabe aquele set list feito para trucidar seu pescoço, é esse aqui, com destaque para Uncture Wounds, Craving Flesh, From The Ashes, Rusted Gold e Barbaric Pleasures.
    O Psycroptic é uma banda que sempre recomendo para quem curte as raias mais técnicas do Death Metal. Eles lançaram esse ano o álbum "Divine Council" que mantém a ótima fase da banda em emanar um som que esbanja maturidade, mas sem soar manjado ou chato. O vocalista Jason Keyser é bastante carismático e comunicativo, em alguns momentos seu vocal me remeteu ao Marcus Bischoff do Heaven Shall Burns, e quem estava na frente do palco ficou impressionado com sons como Cold, Enslavement, The Watcher of All e We Were the Keepers.
    Chegou o momento de reverenciar o mais frio e obscuro dos subgêneros dentro do metal extremo, o Black Metal, e se no domingo teríamos o Mork indo na raiz do estilo o Helheim provou que a Noruega ainda é um dos melhores celeiros dessa cena, pois ao lado de passagens mais rústicas temos momentos mais cadenciados e climáticos, mas tudo tão equilibrado que uma parte acaba aumentando o poder da que virá depois. O trabalho "WoduridaR" (2021) é o décimo primeiro de sua discografia e fica difícil montar um set que consiga abranger toda essa extensa obra, mas V’gandr (vocal e baixo) e H’grimnir (vocal e guitarra) se saíram muito bem, principalmente nas transições entre seus vocais como em Dualitet og Ulver e Myrkur.

 
    Chegou o momento do Carioca Club invocar a Mosh Crew, os gregos do Suicidal Angels já receberam elogios de uma galera da cena thrash, incluindo aí Mille Petrozza do Kreator e nesse show mostraram que não foi a toa, com uma apresentação que mostra que essa nova onda do Thrash não é passageira. O público reagiu abrindo intensos mosh pits e aos pedidos de Nick Melissourgos um lindo Wall of Death, nas faixas mais recentes como Seed of Evil e Born of Hate se saindo muito bem no set ao lado de Apokathilosis e Capital of War.
    O Weedeater veio trazer doses de Stoner, uísque e outras substâncias para o festival, na hora que eles entraram no palco minha sensação foi que esse rosto não me é estranho, até cair a ficha que se tratava do vocalista Dave Colllins que fez parte do Bongzilla. O Power trio fez uma apresentação barulhenta para dizer o mínimo, eu ainda estava meio anestesiado pelo massacre thrash da Suicidal Angels, então assisti o show do camarote e de lá já fiquei surdo tamanha a massa do som produzido.
    Uma banda que tem mais de 35 anos de carreira e é sempre fiel ao seu estilo é o Heathen, vindos da Bay Area e por alguma injustiça que só os deuses sabem explicar, eles não atingiram o status dos seus conterrâneos, mas pensa que isso abala David White e Kragem Lum, pelo contrário, eles sabem da habilidade e talento que tem e o peso que trabalhos como "Breaking the Silence" (1987) e "Victim of Deception" (1991) tem para a consolidação do verdadeiro Thrash Metal. Kyle Edissi teve a difícil missão de substituir Lee Altus e não fez feio, no set list os hinos Death by Hanging, Hypnotized e Goblin’s Blade estiveram ao lado de sons mais recentes e não menos excelentes como Arrows Of Agony e Dying Season. A sensação de ver lendas no palco é indescritível e teremos mais um nome para fechar a noite!
    Vio-lence, outro grande nome da Bay Area, e não tinha como não se imaginar nos lendários anos oitenta, pois tínhamos acabado de sair de um show do Heathen, sabe se lá por quais motivos Phil Demmel, não veio, já que ele tocou uma noite antes no Rock in Rio com o Metal Allegiance, mas correndo o risco da heresia, ele não fez menor falta já que Ira Black o substitui e mostrou estar bem feliz por estar ali, completando o palco ' só' as lendas Bobby Gustafson (ex-Overkill) nas guitarras, Christian Olders no baixo, Perry Strickland na bateria e Sean Killian nos vocais e ele provou que nem um transplante de fígado ou a Covid fez com que ele perdesse o dom de ser uma das vozes mais agressivas do Thrash, comandando o mosh pit que rolava solto na plateia, o que não poderia ser diferente com sons como Eternal Nightmare, Serial Killer, T.D.S., Kill On Command, Bodies On Bodies, Calling In The Coroner, I Profit, Officer Nice e Phobophobia rolando.
 

    Final do dia, para todos os lados que olhávamos o semblante de satisfação era visível, era hora de voltar para o hotel e se preparar para o terceiro e derradeiro dia do festival!

Continua...