Álbuns Marcantes #34: "Serenades" (1993) - Anathema

Os primórdios da discografia de bandas com longas carreiras são sempre muito interessantes. Se somarmos a isso que eles fazem parte do nascimento de um novo sub estilo dentro do Metal, o interesse se multiplica. O caso da Anathema se encaixa perfeitamente em ambas as premissas.

Anathema forma, junto com My Dying Bride, Paradise Lost e Cathedral, o quarteto que começou a moldar o European Doom Death, tocando mais lento e mais denso que o Doom tradicional, e mesclando partes de Death e vozes guturais.
 
As primeiras demos da banda foram gravadas em 1990 e 1991, enquanto sua primeira incursão no campo fonográfico remonta a 1992, com o lançamento do lendário EP "O Crescente". Nas mesmas sessões de gravação, foram feitas as de "Serenades", que chegaria ao mercado alguns meses depois, no início de 1993.
 
 
 
"Serenades" é o debut do conjunto, e aqui encontramos o Anathema em sua versão full doom metal. O que temos aqui é um dos melhores discos de doom metal de todos os tempos. Também pode ser considerado um dos mais densos, intensos, e criativos. O trabalho apresenta o que o doom metal tinha de melhor na época, em sua pura essência. Na verdade, muito do que o doom apresentou depois se deve ao que os caras fizeram aqui.
 
Nesse contexto, "Serenades" é um álbum bastante tranquilo, e nele o Anathema começa a explorar a fundo o terreno do Doom, buscando os limites do estilo, e desde o início arriscando sua aposta, como sempre fizeram ao longo de sua longa carreira mostrando sonoridade e guitarras que  parecem saídas de um disco do Black Sabbath, porém mais quente e sombrio.
 
Os vocais guturais guardam aquela característica que tanto aprecio em algumas bandas mais pesadas, apesar de tudo, conseguimos entender o que está sendo cantado, e isso faz muita diferença na degustação do que está sendo apresentado, uma vez que a banda também se tornou conhecida por suas letras interessantes e liricamente bem construídas.
 
As guitarras são pesadas, com as nuances típicas e detalhes harmônicos típicos do estilo. As vozes são melancólicas e sombrias em partes iguais. O som do baixo se destaca bastante na produção, embora sem ser tão marcante e na seção de bateria, destacam-se os bumbos, que soam muito bem. O álbum como um todo é bastante compacto, embora haja alguns momentos que se destacam dos demais.
 
 
O tema de abertura, Lovelorn Rhapdody é definitivamente um deles. É uma música com uma atmosfera realmente opressiva, convenientemente apoiada por teclados de bastante sucesso, e em que as vozes dividem a ribalta com as melodias das guitarras, que em muitos casos se harmonizam entre si. Completando o trabalho, temos a mudança final de ritmo, que encerra o álbum de uma forma muito legal e deixa um gostinho muito bom.

Anathema como banda, dá o seu melhor na segunda metade dos anos 90, em álbuns como "Alternative 4" ou "Eternity", mas este é um grande álbum, e também fundamental para descobrir as origens do European Doom.
 
FORMAÇÃO (gravou o álbum):
Darren - vozes;
Daniel - guitarra;
Vicente - guitarra;
Duncan - baixo;
João - bateria.