Resenha #472: "Children of Abyss" (2025) - Finita

Assim como Lúcifer ascenderá aos céus, podemos dizer que a Finita vem ganhando cada vez mais espaço na cena underground, rompendo barreiras geográficas e trazendo uma dose de profissionalismo poucas vezes vista. E foi em uma sexta-feira 13 (a única do ano) que a banda deu sequência à sua narrativa musical/filosófica com o novo álbum de estúdio "Children of the Abyss".
Com produção assinada por Thiago Bianchi (Noturnall, ex-Shaman), gravação no renomado Estúdio Fusão e distribuição pelos selos Voice Music e Eclipsys Lunarys, o disco não só celebra dez anos do lançamento do debut "Voices From Sanatorium" (2015), como também mergulha ainda mais na proposta de construir uma ambientação artística. Metal sinfônico, gothic e black metal são apenas referências superficiais para o que você encontrará aqui.
Womb of Night é uma introdução que prepara o terreno para o que está por vir. Já Goddess of Disharmony demonstra uma influência do Epica, mas, ao contrário dos holandeses, a Finita não abdica do peso – algo que, na minha visão, é fundamental.
War Curse é explosiva: os vocais de Luana impressionam pela facilidade com que transitam entre guturais e líricos, enquanto as guitarras criam uma camada densa e os teclados trazem melodia, formando um contraponto interessante.
Witch’s Laugh, uma das minhas favoritas e single lançado em 2024, tem uma interpretação emocional e um final ritualístico. No "Laguna Metal Fest 2025", a Finita encerrou o show com essa música, e foi algo verdadeiramente místico, para dizer o mínimo.
Quicksand, uma velha conhecida dos fãs, transita entre elementos árabes, baião e, no meio da faixa, vira uma pedrada – uma transição muito bem construída.
Dead Seeds abraça a escuridão, mantendo as passagens doom que sempre estiveram presentes na sonoridade da Finita. E que surpresa boa foi Fortuna, uma faixa em português que se prova como um dos momentos mais pesados do álbum.
Enquanto escrevia esta resenha, a banda lançou no YouTube o clipe de Sketch Art, um ótimo vídeo que também destaca um dos grandes trabalhos de guitarra de Portela. Falando em instrumental, Prophecy tem uma atmosfera épica que nos leva até Gates of Oblivion, um grandioso encerramento (sem contar a bônus Mermaid Melody), que conjura a abertura dos portões do inferno e consolida este como o melhor álbum da carreira da Finita... até aqui.
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TRACKLIST:
1) Womb of Night
2) Goddess of Disharmony 
3) War Curse 
4) Witch's Laugh 
5) Quicksand
6) Dead Seeds
7) Fortuna
8) Sketch Art 
9) Prophecy 
10) Gates of Oblivion 
11) Mermaid Melody
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FORMAÇÃO:
Allison - baixo;
Portela - guitarras; 
Guilherme - teclados;
Luana - vocais; 
Pablo de Castro - bateria.