Salve headbangers! Estamos no final de setembro, mas já quero cravar aqui, acabou de ser lançado o ÁLBUM DO ANO, sem nenhuma hipérbole nessa afirmação! Acompanho o Torture desde o "Shivering" (1998), estive em muitas passagens da banda pelo sul incluindo um dos primeiros shows de Mayara e Rene na banda que aconteceu em Florianópolis e sempre quando uma banda dessa magnitude vai lançar algo eu reviso toda sua discografia para observar onde posso colocar o trabalho no meu gosto pessoal, e me arrisco a dizer que a banda fez algo parecido, pois temos aqui um encontro com o passado em muitos momentos, mas não um revival e sim uma forma de olhar para o passado e abraçando o futuro, não são poucas as passagens que mostram novos ares na sonoridade!
"Far Beyond Existence" (2017) foi um álbum obscuro e denso, mal sabíamos que a pandemia ia aflorar esses sentimentos e que fez com que seis anos separassem esse trabalho de um lançamento mais recente da banda, tempo mais que suficiente para esse trabalho ser maturado e preparar os fãs para uma nova era, pois foi essa a impressão que tive com Hell is Coming, a música já era conhecida nossa pelo ótimo clipe e pela ambientação ligada ao jogo "Diablo", e aqui logo na abertura já temos essas novas características que citei acima, a guitarra progressiva e técnica de Rene faz frente a uma das cozinhas mais técnicas do metal nacional, Castor e Amílcar são músicos excelentes e nesse trabalho mostram que a criatividade e técnica quando andam juntas o resultado é deveras positivo. Nesse som ainda quero destacar os vocais de Mayara que conseguem entregar um urrado excepcional ao mesmo tempo que um vocal mais gritado e passagens mais cleans quando a música pede ficando bem orgânico, uma aula para o atual Arch Enemy, por exemplo, que perdeu a mão da agressividade.
Essa abertura já nos prepara para o alto nível do que estamos recebendo aqui e continuamos com Flukeman onde temos as fronteiras do death e do thrash redefinidas desde momentos mais rápidos para o puro groove não confundir com groove metal e sim com uma levada insana e o termo insanidade define Buried Alive onde temos a presença de Andreas Kisser (Sepultura), uma faixa rápida e com as guitarras obviamente ganhando destaque.
Tudo em "Devilish" foi muito bem pensado, por isso que depois de uma faixa extrema temos uma grande novidade na sonoridade do Torture, Warrior é uma música que homenageia Rickson Gracie e ela tem uma pegada totalmente hard rock com thrash metal algo que só uma banda com a experiência que eles possuem poderia nos entregar e o mesmo pode ser dito de Sanctuary que volta para o som extremo a medida que tem um uso de corais e mais uma atuação absurda da Mayara que não se limita em cantar como também em interpretar cada faixa.
Uatumã tem passagens tribais e sua temática relacionada aos povos indígenas casa muito bem com a proposta do Torture e o discurso do líder indígena Raoni Metuktire mostra o posicionamento da banda em frente a essas questões o que é deveras importante.
Thoth e Mabus são duas faixas que fazem a ligação com a evolução da banda, notei elementos do Hellbound, por exemplo, com as veias mais progressivas aliadas ao peso, a escolha da segunda faixa como single foi bem assertiva, pois ela entrega muito do que encontramos em "Devilish".
O trabalho vai se encaminhando ao final, mas não sem antes comprovar que uma banda de verdade não estaciona e sim evolui, por isso Find my Way é sim extrema, mas não na sonoridade e sim na sensação de beleza que ela demonstra, assim como em Gaia, momentos esses que podem ser vistos como experimentalismo, eu vejo como crescimento.
A Farewell to Mankind e The Last Journey, ouça essas duas como uma grande passagem onde a introdução vem na crescente, suas passagens mais massivas desaguam em uma peça de piano que não tenho outro adjetivo do que perfeita, pode parecer que eu estou apenas elogiando, mas ouça o trabalho e pense quantas vezes uma banda de metal extremo conseguiu ousar tanto e ter um resultado tão positivo!
Quero encerrar essa resenha dizendo que o sucesso de uns é a vitória de todos, quem ganha com esse trabalho somos nós, os fãs, a banda em sua melhor fase e todo nosso underground que prova mais uma vez sua potência.
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TRACKLIST:
1) Hell Is Coming
2) Flukeman
3) Buried Alive
4) Warrior
5) Sanctuary
6) Uatumã
7) Thoth
8) Mabus
9) Find My Way
10) Gaia
11) A Farewell to Mankind
12) The Last Journey
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FORMAÇÃO:
Castor - baixo;
Amílcar Christófaro - bateria;
Rene Simionato - guitarras;
Mayara "Undead" Puertas - vocais.