Resenha #358: "Auschwitz Tropical" (2022) - Basttardz

Salve Headbangers! Em historiografia falamos muito em fonte histórica que são documentos que registram características de uma época e se temos uma banda que sabe muito bem afrontar a todos e ao mesmo tempo cravar de forma única as passagens de caos que vivemos no Brasil é o Basttardz que consegue apimentar ainda mais suas críticas e sua música com esse novo trabalho e mostra que se "Brasil com Z" (2020) e o EP "2021: Uma Odisseia no Inferno" (2021), já foram responsáveis por criar aquela ruptura no conservadorismo "Auschwitz Tropical" é a bicuda na cara bem dada de todo nazi pardo.
A crítica já começa no título e na capa, perfeitos por sinal, o artista por trás da capa é Wendell Araújo, um nome que já se consagra como um dos melhores capistas da nossa safra, aí o trabalho começando você já sabe que vai encontrar um crossover muito bem feito com palhetadas do thrash metal com um trabalho de bateria que mantém a pegada e confesso que para minha surpresa desde a primeira vez que ouvi o Basttardz é incrível como André Nadler, ou melhor dizendo 'Andrezão', conseguiu ir do thrash do Jackdevil para um vocal totalmente hardcore, algo como o Túlio do DFC, mas mantendo o seu timbre que é uma das suas marcas registradas.
A faixa título começa com uma pegada bem marcada, feita para 'pogar' mesmo e quando o som acelera, toma uma bordoada na cara e o final dela, citando o caso Genivaldo, ressalta o que eu falei acima de fonte histórica. O Despertar da Besta vem com esse refrão maravilhoso - "No despertar da besta até o Zé levanta do caixão, o povo se une e degola esse cão".
Raiva em forma de música, isso que temos em Cotidiano dos Tiranos, o enxerto do começo desse som vai despertar a raiva no ouvinte e o som vai nessa pegada. E sem muito tempo para respirar, a faixa mais rápida do álbum, Febre do Rato tem algo de Surra, o que mostra como estamos bem servidos no nosso cenário em relação a bandas que têm algo a dizer.
Uma das bandas que mais me chamou atenção no nosso segundo festival online (que está lá completo no nosso canal do Youtube) foi o Maddiba e olha eles aqui unindo-se com o Basttardz, em Traficando Informações esse feat nos entrega uma das melhores músicas do trabalho, derrubando fronteiras. Assim como DFC tem sua homenagem linda à Brasília com Cidade de Merda, o Basttardz vem com Zeronoveoito, homenageando São Luís!
O trabalho vai chegando ao final, mas sem reduzir nem um pouco a sua dose de indignação com as altas explicativas Revolta e Cova Raza, enquanto a primeira alerta que nossa paciência deve se esgotar, a segunda súplica por um fim do ciclo de trabalhar até morrer. Em tempos em que você não vê bandinhas paródias ganhando espaço e o pessoal passando pano para estupradores e idolatrias de genocidas, um trabalho como esse é um respiro no nosso Underground.
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TRACKLIST:
1) Auschwitz Tropical
2) O Despertar da Besta
3) Cotidiano dos Tiranos
4) Febre do Rato
5) Traficando Informações
6) Zeronoveoito
7) Revolta
8) Cova Rasa
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FORMAÇÃO:
Adriano Ayan Serra - baixo;
Gabriel Matos - bateria;
Inaldo Costa - guitarras;
André Nadler - vocais.