Cobertura de Eventos #47: "Storm of The Century V" - (Laguna/SC - 28 e 29/01) - Primeiro Dia

Salve Headbangers! Nós do Underground Extremo compartilhamos uma admiração enorme pela equipe que compõe a Agosto Negro Produções, isso porque nadando contra todas as adversidades eles mantém um calendário de atividades ao longo dos anos, sempre abrindo espaço para bandas regionais ao lado de grandes nomes do Underground. Nessa quinta edição do "Storm of The Century" não foi diferente, e aqui se destacam todas as ótimas qualidades que envolvem a aura do evento as quais pretendemos destacar ao longo da nossa cobertura.
Chegamos ao Clube do Campo no horário das 12:00 horas já envoltos na atmosfera do festival, com várias barracas de camping instaladas e a estrutura do palco nos moldes open air e ali já conseguimos ouvir a apresentação intimista do músico Mateus Candia em um palco alternativo, e ele mostrou bastante versatilidade e um talento nato para esse tipo de apresentação.
Feito a abertura fomos para o palco principal para sermos recebidos pela banda The Wickermen que como o nome já entrega, é um cover do Iron Maiden, mas a proposta deles é diferente, pois conseguem unir clássicos como The Trooper, com apresentação de sons da fase Blaze Bayley como Sign of The Cross e Lord of The Flies, fato é que tocar Iron Maiden é sempre jogar para a torcida, mas a banda soube demonstrar muita competência e o vocalista que está agora, é muito superior ao seu antecessor!
Apresentando as bandas tínhamos o vocalista da Ranging War, Rudi Vetter que já era conhecido como um excelente frontman e conseguiu entreter o público e apresentar as bandas e falando em apresentar, foi no "Storm" que fui apresentado pela primeira vez a um show do Oath of Persistence.
Conhecia a banda pelo seu trabalho "Arrival" e sabendo que a formação contém músicos de exímio talento, Christopher Abel (guitarra e vocal), Renan Uller no baixo e um monstro, Diogo Marostica que chamou a atenção de vários bateristas que estavam ali presentes, pela sua técnica e desenvoltura.
Indo para uma escola de um death metal técnico, pudemos presenciar os sons que são ótimas demonstrações de técnica como Fear of the Unknown, Queen of Swarm e Arrival. Recentemente eles lançaram um álbum no formato físico, o "Fear of the Unknown" que terá resenha em breve no site, mas já adianto que a audição do som do abismo irá te afetar eternamente.
Voltar aos palcos é bom, mas voltar aos palcos com uma nova formação é uma experiência sempre única. Foi isso que a Dark New Farm viveu quando assumiu o palco do "Storm of the Century", estreando sua nova linha de frente, contando agora com Vinicius Kuerten na guitarra e Ewerton Júnior no baixo, ao lado dos já experientes fazendeiros Sol Portella na guitarra e backing vocals, Harley Caires nos vocais e Maykon Kjellin na bateria.
A 'experiência única' se dá pela forma como cada um vive esse momento, tensão, apreensão, insegurança… Muitos podem ser os sentimentos, mas vimos uma banda unida e que sabia que, independente de tudo, era um momento a ser aproveitado e curtido. E conseguiu com que o público fizesse o mesmo, numa mescla de sons autorais com tributo à Korn, a certeza é que a apresentação tiro curto foi à queima-roupa e inflamou quem chegou à frente do palco para cantar as músicas de "Farm News", debut de 2019 do grupo.
Lá Pátria! Lá Fabula! continua sendo a canção mais popular, com poderoso refrão capaz de fazer até mesmo aqueles que ainda não a conhecem cantarem juntos. L.O.V.E. e seu poderosíssimo breakdown foram responsáveis por testar os pescoços dos headbangers, especialmente aqueles que se curvam ao som grave, intenso e massivo como os riffs que encerram essa canção, que fechou com chave de ouro o set list da Dark New Farm e criou expectativas para o que vem pela frente na banda que já faz dos palcos da Agosto Negro Produções a sua verdadeira casa (por Vinícius Saint's).
Hora do som amargo invadir o "Storm of The Century", se você quer uma definição de banda que é uma verdadeira tempestade nos palcos essa é a Losna, as irmãs Fernanda e Débora conseguem se comunicar pelo olhar e sabem passar uma carga de energia para o público através de sua música a medida que o baterista Mateus desde que entrou na banda em 2021, elevou a carga de agressividade sendo performático e extremo.
O setlist foi um deleito para nós fãs, com sons novos The Gray Man e Carmilla, a temática vampírica sendo explorada, assim como as clássicas Back to the Grotto, Feronia, além de um destaque para o "Absinthic Wrangles" álbum de 2020 e consolidando o fato de a banda sempre ter influências de death metal, foi feto um cover de Chapel of Ghouls do Morbid Angel.
Acredito que falar da história do metal gaúcho se torna incompleto se não for citado ao menos um capítulo especial para o Carniça. Formada no ano de 1991 e indo de um caminho mais grind para o heavy/thrash que se converteu no Rotten Metal. Agora eles vêm desbravando o estado catarinense (algo que demorou muito para acontecer) e podem dizer que vieram e saíram vitoriosos, pois o público que não havia ainda assistido eles, ficaram impressionados com a pegada de sons como Dogs of War, País Sem Salvação, o hino Revolução Farroupilha, a que nomeia a banda, Carniça e uma versão thrash metal de Powerslave que deixaria o mestre Harris orgulhoso.
Desde que eu vim morar no litoral de Santa Catarina, me apresentaram uma banda de death metal da cidade de Laguna que com um som já me fez ficar bem curioso pelo que eles iriam apresentar no futuro, muitos anos depois, estou aqui narrando mais um das dezenas de shows que eu assisti da Alkila, mas dessa vez tem algo a mais, pois eles estão divulgando o seu trabalho autoral. Voltando a ativa em 2022 com a formação estabilizada, eles demonstram o quanto foi assertivo investir em material autoral, pois estão apresentando um death/thrash metal visceral que ganha raias ainda mais brutais ao vivo nas faixas do EP "Ashes of This World", como Systematic Murder, Madness e logicamente, um dos seus mais antigos sons por mim festejado, Corruption.
A Alkilla por algum tempo prestou tributo à maior banda do Brasil, então para destruir de vez todo público que estava ali presente trouxe um cover de Arise, e aí meus amigos, o circle pit é obrigação!
O Volkmort foi escolhido por nossa equipe como a banda que lançou o melhor trabalho de doom metal no underground nacional e depois de assistir eles ao vivo mais uma vez, tive a ciência que não poderia ter tomado decisão mais assertiva, pois como já disse em algumas outras coberturas, não importa o quanto o céu pode estar límpido e ensolarado, é só a Volkmort começar seus primeiros acordes que nuvens negras tomam o céu e tudo vira cinza.
"Fallen in the Bloody Field" (2023) mostra-se um excelente registro de estúdio e ainda mais soturno ao vivo, como foi visto nas passagens de Cold Winds, Triumphus Mortis e From Glory to Abyss e para coroar seu reinado absoluto no death doom nacional, Decadence as the End prova que a música tétrica dos catarinenses está em outro nível de obscuridade.
Leviaethan poderia muito bem viver as sombras do "Smile" que é indiscutivelmente um clássico do metal nacional, porém Flávio Soares nos baixos e vocais, Denis Blackstone na guitarra e Ratão na bateria estão comemorando, não a toa, seus 40 anos de thrash metal, então a experiência conta e muito, para uma banda que entra no palco para mostrar para a gurizada mais nova como se faz thrash metal! Querem os clássicos? Então tome Echoes Form the Past, A.i.d.s Disturbind Mind, mas não ficou de fora os sons novos Darkside e Humanimal, como disse, estamos diante de uma referência.
O Inferno Nuclear é uma banda que se formou no Pará, ou seja, atravessou mais de 4 milhões de km para vim trazer para o público a demonstração de força do seu thrash metal cantado em português. Formada por Wellington Freitas (vocais), Hugo Spell (Hugowar) (baixo), Marcos Ferreira (bateria) e Leonardo Garcia (guitarra) eles apresentaram as faixas do seu álbum "Diante de Um Holocausto" e esse trabalho ao lado do debut da banda paulista Selvageria são meus favoritos dentro do thrash metal cantando em português com destaque para as faixas Evitamos a Vida, Provocamos a Morte, Soldados do Mal e Unidos pelo Underground.
O frontman é pura energia como o estilo pede e ele consegue ir de vocais mais rasgados para agudos as vezes na mesma faixa, impressionante! O público que já estava acompanhando mais de onze horas de shows, já estava cansado, mas a energia do Inferno Nuclear fez ocorrerem alguns dos mosh mais insanos do fest!
Para fechar a primeira noite do evento tivemos uma das grandes revelações do Black Metal, o Voorish formada em 2022 e contando na sua formação com músicos que fazem parte do Red Razor e Rest in Chaos, só que aqui eles revelam o lado mais obscuro da sua sonoridade.
Invocando a aura do verdadeiro black metal com direito ao corpse paint e toda a vestimenta que consegue deixar a gente ainda mais imersivo e isso ganha como trilha sonora os sons Pray, Satan’s Fall, You Are Nothing, Dark Ages.
Com o cancelamento do Ghost SC Cover coube ao Voorish encerrar esse primeiro dia e foram vitoriosos nessa missão, fazendo assim o primeiro dia do festival terminar com uma neblina de algo profano!
Continua...