Resenha #347: "Agora É A Sua Vez" (2023) - Tosco

Salve Headbangers! Acredito que já citei em algumas resenhas aqui, que apenas um país com tantas problemáticas como o Brasil, poderia inspirar as bandas a encontrarem uma forma de se expressar com tanta raiva e agressividade, pois bem, chegando no seu terceiro full, o Tosco consegue afinar sua fórmula do thrash metal com passagens do hardcore e do famigerado thrascore, com uma dose de identidade, o que faz, na minha opinião, esse terceiro álbum ser o melhor de sua discografia até aqui, mas vou definir melhor o que me fez chegar a essa conclusão!
Primeiro ponto extremamente positivo é a produção, em um estilo como esse é muito fácil o barulho acabar apagando algum instrumento, mas isso, aqui não acontece e no meio daquela massa sonora é possível perceber todos os elementos.
Obviamente, a experiência somada a uma longa estrada dos músicos ajuda a chegar nesse resultado, sendo a banda formada por Osvaldo Fernandes (ex-Repulsão Explícita) nos vocais, Ricardo Lima (Scars, Tailgunners, Putrid Hope) na guitarra, Carlos Diaz (ex-Vulcano, ex-Hierarchical Punishment e ex-Chemical Disaster) no baixo e Paulo Mariz (Sacred Curse) na bateria. Some a isso uma capa bem bonita que surpreendentemente foi feita pelo mesmo artista responsável pela masterização e mixagem do álbum, Ivan Pellicciotti, ou seja, o cara manda muito e curiosamente ele foi baixista do Tosco por um período.
O trabalho abre com a Intro meio climática que para mim, o maior destaque é ser curta e logo dar vazão para Mais Uma Vez, aqui notei uma influência de Korzus, não atoa, o trabalho tem um cover da banda citada com o clássico Guerreiros Do Metal, homenagem mais que bem feita. Os vocais são gritados de uma maneira que da para entender e aqui foi o que eu disse do thrashcore, pois se fosse imaginar seria a cria maldita de um Oitão com Fucking Violence, o já citado Korzus e também o Claustrofobia.
Citei o Claus pelo uso do português e por criar uma linguagem única para o seu som e o Tosco acerta a mão com Issaqui Não Tem Jeito e em O Brasil E O Crime, onde os elementos de hardcore se mostram mais evidentes, passagens essas que estão muito bem distribuídas e funcionais e note que isso está sendo dito por alguém que não é um ouvinte assíduo do estilo.
O primeiro single do trabalho veio com Hellvetia e aqui o trabalho de guitarra salta os olhos e depois fui descobrir que esse som tem a participação de uma entidade do underground mundial Dave Austin, do Nasty Savage, a temática demonstra a situação calamitosa do consumo de crack e aqui lembrei de outro som, Epidemia Da Sociedade da banda catarinense Tressultor que toca também o dedo na ferida.
O thrash metal volta a tona com O Monstro e A Verdade, além do final de Casa De Noia que é uma declaração de amor a maior banda de thrash metal norte americana, (obviamente estou falando do Slayer) e finalizando o trabalho, o Tosco teve a manha de contar com Silvio Golfetti para o cover já citado de Guerreiros Do Metal do Korzus, esse som ganhou uma cara mais moderna, mas não descaracterizou um verdadeiro hino.
Um trabalho que te leva a destruir tudo em volta, seja pela sonoridade, ou seja, ao mesmo tempo, pela indignação que ele desperta e sendo esse o objetivo, podemos dizer que foi mais que assertivo.
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TRACKLIST:
1) Intro
2) Mais Uma Vez
3) Issaqui Não Tem Jeito
4) O Brasil E O Crime
5) Hellvetia
6) O Monstro
7) Nada Tá Bom
8) A Verdade
9) Casa De Nóia
10) Tropa Z
11) Qualquer Ajuda
12) Guerreiros Do Metal (cover Korzus)
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FORMAÇÃO:
Osvaldo Fernandes - vocal;
Ricardo Lima - guitarra;
Carlos Diaz - baixo;
Paulo Mariz - bateria.