Cobertura de Eventos #34: "Palaces Festival"

    Salve Headbangers! Quem acompanha o cenário mais atentamente provavelmente deve sempre presenciar o quanto estamos em um ambiente difícil em vários aspectos, por isso mesmo que a iniciativa de um festival é sempre algo que acreditamos que merece total apoio e respeito e sempre que possível estamos auxiliando, seja na divulgação, na presença e também na cobertura.


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is que no dia 25 de fevereiro fomos agraciados com a primeira edição do "Palaces Festival", um evento que já começa grande, com uma estrutura impecável, um cast bem diversificado e um respeito muito grande pelas mídias independentes, e isso merece destaque pois nosso trabalho ao mesmo tempo que é extremamente gratificante é também extenuante.
    Chegamos na cidade de Criciúma/SC e fomos recebidos por uma rápida e pesada chuva ao adentrar na casa que sediou o evento, um local já conhecido pelos bangers catarinenses, o antigo Colher de Chá, ali pudemos observar a dinâmica de como funcionaria o evento, com dois palcos, um secundário e um principal, o que é um grande diferencial em se tratando de festivais, pois faz com que o tempo de espera entre as bandas seja menor, tivemos algum atraso, o que é normal em eventos desse porte, mas nada que fosse afetar a estrutura como um todo.
   A primeira banda a se apresentar foi a Milagro, de Criciúma (sim banda de casa faz 'milagro', não podia deixar essa passa...). Eu vim conhecer o trabalho deles na preparação da divulgação do fest e que surpresa agradável ver eles ao vivo, pois a banda tem uma identidade sonora muito forte, indo de momentos do mais puro groove metal para passagens mais extremas. O vocal consegue transitar entre partes gritadas e mais guturais assim como muitos frontmans do new metal, sendo esse apenas um estilo que eles abraçam, pois me surpreendeu ver sons como S.L.H.C Saint Louis Harmonic Ceremony e Revolution In Your Mind.


    Na sequência tivemos a Norium, criciumense também, representando a cena do power metal ao lado do Hibria e a banda fez uma apresentação bem emocionante se apresentando em quarteto, já que um dos seus guitarristas está enfrentando um problema de saúde e sabendo da importância dessa apresentação, a banda foi cumprir seu papel! Apresentaram músicas do seu trabalho "A Jouney Through The Soul" e fica aqui nossa indicação para audição já que é um trabalho de muito bom gosto e cala a boca de todos aqueles que acham que o power metal/metal melódico está desgastado, como mostraram com Time of Desolation, Mr. Clown e um cover de Hearts So Fire do Hammerfall, fazendo o pessoal cantar junto seu poderoso refrão.
    Reunindo músicos com uma grande bagagem dentro da cena do sul de Santa Catarina, a Alkila voltou a ativa e intercalou sons autorais como Corruption , com covers onde pagaram um tributo ao lendário Sepultura e aí não tem jeito, a fase dourada onde os irmãos Cavalera estavam na banda, fez o público abrir moshs insanos! A Alkila é muito competente na hora de executar grandes hinos como Arise, Desesparate Cry e para minha surpresa e alegria, Necromancer. Estamos muito felizes com esse retorno e com a banda compondo, sem dúvida, quando tiverem material inédito, irá aparecer aqui.


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u estava devendo assistir uma apresentação da Murdok, essa banda relativamente nova encontra no stoner a sua fórmula musical e assim como eu, quem estava na frente do palco foi bombardeado por linhas de guitarra diretas do stoner e do hard rock e uma cozinha precisa, com algumas passagens que chegam a flertar com o doom. Eles lançaram em 2021 o EP "Entre Tigres e Lobos", é desse álbum que vieram os grandes destaques na minha opinião, como Pesadelo Acordado, Entre Tigres e Lobos e a música responsável por fazer a banda ser reconhecida, Olhos Sinistros.
    Algo mágico, no sentido mais maléfico da palavra, acontece quando Max, Alex e Moysés assumem seus instrumentos! O massacre começa com - "Içara... Krisiun está aqui!" Pronto, é dado a palavra de ordem para o caos. Aproveitando a passagem por Santa Catarina para divulgar o mais recente trabalho "Mortem Solis" que tem resenha aqui no site, então futuros clássicos desse excelente álbum foram executados, como Serpent Messiah e Necronomical, ao lado de outras músicas que serviram para comprovar que o Krisiun é uma referência do death metal mundial, como Blood of Lions, Combustion Inferno, Bloodcraft, Descending Abomination e Apocalyptic Victory.


    Outro momento de total integração entre banda e público, foi o tributo ao mestre Lemmy com o brutal cover de Ace of Spades
Muitos, assim como eu, cantavam em plenos pulmões as músicas e aposto que ficaram roucos no outro dia (assim como esse quevos escreve) e para uma banda de death conseguir atingir tal interação com o público é louvável, eu já os assisti em muitas ocasiões, mas a cada show eles se entregam e se superam.
    Voltando para o palco secundário, era hora de acompanhar o death/black metal da Malice Garden. A banda passou por mudanças de formação, mas acredito que agora consolidada, eles podem ir cada vez mais longe. Um dos grandes diferencias da horda é a qualidade de suas composições que os diferenciam muito no cenário nacional, tão competitivo no gênero. Presenciamos isso com sons como S.I.N e Revenge Against Jesus Christ.
    Não basta organizar um fest, tem que participar da festa! Então nos atentamos em direção a apresentação da As The Palaces Burn e afirmo que eles são perfeccionistas em todas as áreas que atuam, por isso, suas músicas soam tão complexas e ao mesmo tempo que são cativantes, o que faz total sentido quando você olha o currículo de quem está na banda, Alyson Garcia nos vocais, Diego Bittencourt nas guitarras, Gilson Naspolini na bateria e André Schneider no baixo e eu como baixista, tenho que dizer que o que André toca é algo fora do comum, realmente um dos mais virtuosos que já assisti!
    O leitor mais atento deve ter percebido que ressaltei a capacidade técnica da banda mais uma vez, mas isso não faz com que seu show seja chato ou egocêntrico, pelo contrário, músicas como The Devil's Hand, I Tried e All The Evil unem o o peso do metal tradicional com uma agressividade do groove metal e o prog, tudo fazendo muito sentido ao final e para presentear os fãs, o ATPB que tem por tradição lançar covers excelentes, nos presenteia com Awake, faixa homônima do álbum lançado em 1994 pelo Dream Teather.


    Quando se fala em banda com frontwoman, nomes como Hatefulmuder, Manger Cadaver?, Inraza, e Torture Squad são lembrados, mas desde 1997, a Losna, na presença das irmãs Débora (guitarrras e vocais) e Fernanda (baixo e vocais), vem representando a música extrema com um thrash metal que flerta com o death, tamanha a agressividade que são capazes de executar, agressividade essa que ganhou contornos mais extremos com a entrada do baterista Mateus Michelon que além de um excelente músico, é muito performático, o que fez a banda elevar ainda mais a adrenalina de seu show e foi muito legal ver o público presente para assistir o trio gaúcho apresentando faixas do álbum "Absinthic Wrangles" como Catch-as-catch-can e Street Fighters, aliados à sons clássicos como a pulsante Back to the Groto e o hino Slowness.
    Parte do público se rendeu ao cansaço e acabou partindo, azar, pois perderam uma apresentação triunfal do Hibria que em seu sétimo trabalho de estúdio, o mais recente, eles escolheram nomear como "Me7amorphosis" e realmente, a banda mostrou que passou por momentos turbulentos, mas hoje vem em uma fase impressionante em muitos aspectos. O vocalista Victor Emeka tinha a difícil missão de substituir o grande Iuri Sanson e ele não só consegue fazer isso, como coloca toda sua personalidade na música, eu já sabia que ele era um vocalista fantástico devido a sua participação no Souspell, mas não sabia que ele conseguia esbanjar tanta personalidade e carisma, o que ele faz em músicas mais antigas como em Millenium Quest e Steel Lord on Wheels, é absurdo!
    Falando em absurdo, o experiente guitarrista Abel Camargo soube muito bem reestruturar a banda e agora com a entrada de Vicente Telles podemos dizer que temos uma formação fantástica, Telles é virtuosos  e ao mesmo tempo que faz backing vocals de mais agressivos até partes mais limpas, como em Silent RevengeAinda teve espaço para os sons novos como Warcry, Skyline of the Soul e Shine que soam muito bem nessa nova fase da banda, que sem dúvida, vai voltar ao topo onde sempre foi seu lugar.


    Com o empenho de todos os envolvidos e um respeito que deve ser via de regras com bandas, mídias e público, o "Palaces Festival" já debuta mostrando que o metal sempre terá espaço para quem realmente entende o seu espírito, o espírito que nos move e que nos une por um ideal. Por isso, mais do que nunca, desejamos vida longa ao "Palaces Festival" e força e honra ao metal nacional!