Resenha #217: "Decomposição" (2021) - Manger Cadavre?

Salve headbangers! Acredito que quem já conhece o nosso site há algum tempo, sabe que temos um grande apreço pelo underground e sempre quando conseguimos observar bandas que curtimos vencendo barreiras e obstáculos, podemos afirmar tranquilos que nos sentimos muito orgulhosos. Digo isso porque desde que o Manger Cadavre? anunciou que lançaria o trabalho "Decomposição" minhas expectativas ficaram super elevadas, pois além de se tratar de uma banda que eu particularmente gosto muito, sei o quanto foi corrido para eles conseguirem lançar tal registro, desde o financiamento coletivo até chegar no resultado final que é esse que lhes apresento aqui e depois de muitas audições, aponto não apenas como um ponto alto da carreira deles, mas uma evolução na sonoridade da banda como um todo.
 

Lembro que em uma entrevista com a Nata de Lima comentei que seria um grande desafio para banda superar o "AntiAutoAjuda" que é, na minha opinião, um trabalho extremamente necessário, ainda mais em se tratando de todos os temas ali presentes! Pois bem, em "Decomposição" eles elevaram o patamar e ainda por cima mostraram estarem prontos para abraçar novas sonoridades, sem perder as suas características centrais .

Penso que muito desses novos ares podem ter vindo também da mudança na formação que atualmente conta com Nata nos vocais, Marcelo Kruszynski na bateria, Paulo Alexandre na guitarra e Bruno Henrique no baixo. E para abrilhantar ainda mais o registro temos alguns feats que são Fernanda Lira e Caio Augusttus na faixa Demônios do Terceiro Mundo, dois grandes vocalistas que fazem parte dessa renovação do nosso Underground.

"Decomposição" entra, na minha opinião, naquele seleto grupo de álbuns que se deixa ouvir fácil, de maneira completa, passando aquela sensação de uma narração com começo, meio e fim e o mais importante, não temos faixa fraca ou cansativa por isso que as passagens Black/Death aparecem ao lado do Hardcore e do Crust, ou seja, o Manger vem lapidando a sua personalidade musical.

Epilogo abre o trabalho com uma levada Crust irresistível! Note também o trabalho de guitarras cuspindo riffs o tempo todo, uma faixa certeira que ainda da espaço para uma linha de bateria surpreendente, ótima abertura!

A Raiva Domina o Mundo assim como Em Memória têm tudo para serem músicas com presença cativa no set list da banda pelos próximos anos. O amadurecimento como um todo  se prova na sequência com sons como Vida, Tempo e Morte numa faixa que une uma proposta arrastada com o Sludge e a já conhecida Apatia (que ganhou um belo clipe) se faz ainda mais completa a medida que a ouvimos dentro do álbum.
 

Já foi anunciado que A Raiva Domina o Mundo, então prepare-se para o festival desse sentimento em formato de música, pois Miseráveis é um punk metal desgraçado com uma letra ácida, assim como a necessária Neocolonialismo, uma aula de política atual que com certeza não era entendida pelos 'mamãe falei' da vida.

Saber evoluir, mas olhando para o passado, com essa premissa sons como Tragédias Previstas e Profetas da Submissão têm aquela atmosfera hardcore que vem desde os primórdios do Manger. E para encerrar, duas outras pedradas onde a agressividade do som encontra a violência da  letra, Cemitério do Mundo e o mais novo hino, Demônios do Terceiro Mundo, um chamado para todos aqueles que não se omitem, não se esquivam e sabem que a luta é uma cura.

Destaque absoluto na nossa lista de "Melhores de 2021", "Decomposição" é um trabalho que nos faz entender que um dos conceitos primordiais da música como arte é o protesto!
 
TRACKLIST:
1) Epílogo
2) A Raiva Muda o Mundo
3) Em Memória
4) Vida, Tempo e Morte
5) Apatia
6) Miseráveis
7) Neocolonialismo
8) Tragédias Previstas
9) Profetas da Submissão
10) Demônios do Terceiro Mundo
11) Cemitério do Mundo (
feats Fernanda Lira e Caio Augusttus)


FORMAÇÃO:
Nata - vocais;
Marcelo Kruszynski - bateria;
Paulo Alexandre - guitarra;
Bruno Henrique - baixo.