Resenha #226: "Hate Über Alles" (2022) - Kreator

    Após 37 anos, os colossais do Kreator retornam gritando seu ódio acima de tudo! Com aquela violência do metal a que estamos acostumados, os alemães não perderam sua natureza dark thrasher, o que os levou a ser uma das grandes bandas do gênero ao lado de Sodom, Destruction e Tankard, o os chamados Big Four do metal alemão.
 
     
    Seu novo álbum "Hate Über Alles" chega para suceder seu trabalho anterior de 2017 "Gods of Violence" e desta vez eles retornam à essência de sua música como vinham fazendo desde 2001 com sua placa "Violent Revolution", exibindo com poder e grosseria seu thrash metal mais puro e alimentado pelos acontecimentos mundiais dos últimos anos.
 
    Segundo Mille Petrozza "Hate Über Alles" reflete o tempo em que vivemos. Tudo é muito barulhento e agressivo. A forma como nos comunicamos mudou, graças às redes sociais. Causa muito desequilíbrio. O mundo está em estado de abandono. A vida não é harmoniosa hoje em dia, é desarmoniosa era isso que eu queria mostrar com o título.
 
    "Hate Über Alles" vem com uma ótima capa, um trabalho sombrio da artista Elinar Kantor que também trabalhou com Testament em "Titans of Creation" de 2020 e Helloween em seu álbum autointitulado de 2021. Em suas 11 músicas com duração total de 46 minutos, Kreator desdobra todo o seu poder pondo em prática uma cruzada do thrash metal, inspirando gerações de metalheads e músicos.
    Além de Mille Petrozza ter infundido a alma deste novo álbum fenomenal, arrolando o visionário produtor Arthur Rizk (Power Trip, Cavalera Conspiracy, Ghostmane e Turnstile) da Filadélfia para trabalhar com a banda no lendário estúdio Hansa de Berlim.
    Após uma interessante introdução acústica intitulada Sergio Corbucci Is Dead (em homenagem ao cineasta italiano falecido em 1990, criador de westerns como "Django" que também trabalhou com o grande Ennio Morricone na música de seus filmes), Kreator entra com tudo com a faixa título e também o primeiro single Hate Über Alles, fazendo o que fazem de melhor, riffs furiosos com aquele thrash que equilibra fúria e melodia em uma dança primorosa de violência e paixão.
 

     Outra das músicas poderosas do álbum é Strongest of the Strong que afastando-se do thrash tradicional em busca de um heavy metal mais direto e muito focado em um refrão memorável, o single tem todas as características para se tornar um futuro clássico da banda para banguear e curtir como se não houvesse amanhã.
    As faixas avançam e encontramos Midnight Sun, um tema curto e pesado que conta com a participação da vocalista do pop alternativo alemão, Sofia Portanet, uma convidada inesperada que regressa ao tema com vibrações quase góticas, uma colaboração interessante que leva a algo que não está desafinado e até se encaixa perfeitamente com o que quiseram representar.
    Nas músicas seguintes Demonic Future e Pride Comes Before the Fall, o metal furioso e acelerado volta a marcar presença e o terror alemão ataca como uma metralhadora de violência e corrupção.
 
TRACKLIST:
1) Sergio Corbucci Is Dead
2) Hate Über Alles
3) Killer Of Jesus
4) Crush The Tyrants
5) Strongest Of The Strong
6) Become Immortal
7) Conquer And Destroy
8) Midnight Sun
9) Demonic Future
10) Pride Comes Before The Fall
11) Dying Planet
 
FORMAÇÃO:
Miland "Mille" Petrozza — vocal, guitarra;
Jürgen "Ventor" Reil — bateria, vocal; 
Sami Yli-Sirniö — guitarra; 
Frédéric Leclercq – baixo, backing vocals.