Cobertura #26: "Cannibal Corpse e DyingBreed em Porto Alegre/RS" (10/05/22)

Salve headbangers!
Estávamos ainda nos recuperando do que foi um dos melhores shows que pudemos presenciar, a maestria e a energia que o Metallica transmitiu naquela noite foi memorável, se quiser saber mais pode conferir nossa resenha de cobertura, mas nossa volta para uma das cidades mais metal do país se deve à uma banda que, na minha opinião, representa o mesmo impacto que o Metallica teve para o Thrash, nesse caso para o Death metal. Assim, realizando um sonho antigo meu, fomos assistir o Cannibal Corpse.
 

Quatro horas de ônibus depois, já estávamos desembarcando na rodoviária e migrando para o lendário Bar Opinião, uma das mais versáteis casas de show da região sul e que permite à nós a sensação de ver as bandas colados na grade!

Sem nenhum atraso, tivemos a abertura feita pelos gaúchos da DyingBreed que tiveram a hercúlea missão de representar o Death Metal do Rio Grande do Sul que é um celeiro incontável de bandas, e sem nenhuma sombra de dúvida foi uma escolha muito bem assertiva!

 
Com o tempo de meia hora, podemos dizer que foi o suficiente para impressionar quem não os conhecia. Fato é que a banda vem desde 2012 na estrada, responsável por um Death técnico, só que sem soar chato ou repetitivo, por isso sons que vieram dos trabalhos "Worship No One" (2015) e "Under a Black Sun" (2019) foram recebidos pelo público com muito entusiasmo e foi nítido observar a troca de energia entre o ele e a banda, fato esse que viria a se intensificar com os headliners da noite!

Pois se é metal morte que a gente queria então tome Unburied, Corporal Rites, Seasons of the Undead e Kill the Betrayers, não sei se alguém do Cannibal já estava presente na casa, mas se eles assistiram a apresentação, devem ter ficado orgulhosos dos seus discípulos!
 

A nossa noção de tempo é relativa, porém alguém tem que explicar porque esses intervalos entre bandas que a gente quer assistir parecem intermináveis. A cada roadie que surgia no palco era uma gritaria por parte do público e ao ver todos instrumentos posicionados estava claro que o massacre iria começar e quero destacar novamente... De maneira pontual! Ah, se todas as bandas e produtoras fossem assim!!!

Para uma banda com 15 álbuns de estúdio e ainda divulgando um trabalho mais recente, que é excelente por sinal, deve ser uma dor de cabeça monstruosa montar um set list, porém o Cannibal não decepcionou! Claro que fãs (como esse que vos escreve) sentem falta de alguns sons, mas não dá para dizer que foi um set mau escolhido, pelo contrário, afinal de contas eles não são o Manowar (essa treta é para quem teve no show deles no Brasil - do famoso vídeo do Regis Tadeu).
 
 

A abertura não poderia ser mais sintomática: The Time to Kill is Now, sim, eles invadiram o palco e nossa hora de morrer foi ali! Faixa do álbum "Kill" (2006), eu particularmente queria que tivessem emendado a maravilhosa Make Than Sufffer, fica para uma próxima, porque o CD da vez foi o "Torture" de 2012 com Scourge of Iron bem recebida pelo público que cantava junto e já abriram os primeiros circles pit da noite...

Chegou a hora de ver como uma das mais recentes se comportava ao vivo e o imponente Corpsegrinder manda Inhumane Harvest, aqui eu notei uma das grandes chaves do sucesso do Cannibal, os caras tocam com uma garra e uma vontade que você vê em banda novata, isso faz deles um pilar do metal morte. E ,que formação impiedosa a banda apresentou nessa turnê, com destaque para Erik Rutan, um verdadeiro mago das seis cordas que não precisa de apresentações, mas foi muito legal ver ele cantando as músicas, agitando e impressionando à todos com a virtuose de seus solos. Fechando esse primeiro bloco, Code of the Slashers do "Red Before Black"(2017) e aí fica o questionamento, quantas bandas conseguem agitar o público dessa forma sem ter tocado ainda nenhum dos seus sons, digamos, mais clássicos?

Falando em clássico, eles vieram para destruir totalmente nossos pescoços com a sempre romântica Fucked With a Knife, com The Wretched Spawn e com Gutted, que trinca poderosa e aqui preciso deixar todo lado imprensa de lado e falar o quanto Alex Webster é impressionante! Quem me conhece sabe que o motivo de eu ter decidido me tornar um baixista é ele e presenciar toda a técnica e carisma do meu ídolo foi algo inexplicável e assustador, como ele consegue fazer linhas complexas com tamanha serenidade.
 

Se você acha que Death Metal não dá para o público cantar junto é porque não foi em nenhum show do Cannibal, pois foi lindo de ver sons como Kill or Become, I Cum Blood (outro momento de extremo romantismo) e Evisceration Plague com a sua levada que implora por rodas violentas, e tal pedido foi correspondido!

Mais duas estreantes no set da turnê Necrogenic Resurrection e Condemnation Contagion vieram calando a boca de alguns falastrões que diziam que Paul Mazurkiewicz era um baterista limitado e sabe aquela história que citei acima, que é muito difícil montar um set list? Então com "Violence Unimagined" (2021) eles terão essa ótima dor de cabeça.

Estamos chegando no momento final, então para coroar todos os presentes tivemos nada menos que cinco grandes clássicos da música extrema ema sequência para ninguém botar defeito. Unleashing the Bloodthirsty, impossível não se sentir no "Live in Cannibalism" (2000) nessa hora, Devoured by Vermin é uma bela demonstração dos vocais de Corpsegrinder, A Skull Full of Maggots, Stripped, Raped and Strangled e claro, a indispensável Hammer Smashed Face, a sensação de ver esse som ao vivo pela primeira vez foi indescritível!
 

Queríamos ficar para o pós show para poder até trocar uma ideia com a banda. George Corpsegrinder ficou mais tempo no palco brincando com o público e bebendo com os roadies, o cara é um mutante ao mesmo tempo muito carismático, mas tínhamos uma baldeação de caronas e ônibus para poder voltar para casa e trabalhar no outro dia, com uma baita dor no pescoço, alguns hematomas devidos aos moshs, mas principalmente com a alma lavada de ter realizado um grande objetivo e sonho de ter visto a maior banda de death metal da atualidade! Espero que seja a primeira de muitas outras e quem sabe aqui em Santa Catarina, que está se firmando como uma rota para shows.