Cobertura de Eventos #24: "Brave, Hellish War e Steve Grimmet" (22/04/22) - Wox Clube, Pomerode/SC

Salve Headbangers!Estivemos presentes em uma noite de celebração ao puro aço. Um encontro de gerações frente aquele que é um verdadeiro ícone do que não apenas o NWOBHM, mas também, da música que nos auxilia a vencer as dificuldades. Confira abaixo como foi nossa experiência.

Chegamos na cidade na sexta final da tarde, decidimos sair no feriado de quinta o que foi uma ótima jogada, pois com certeza fugimos um pouco do trânsito de 300 km de distância que percorremos. A cidade de Pomerode é realmente um pedaço da Alemanha, assim como todo o vale europeu em Santa Catarina, só que falta um pouco de hospitalidade e principalmente preparo da região para atender os turistas (por mais que esses estejam fora do padrão dito 'social', enfim...).

A Wox vem se tornando um reduto para shows de metal no estado e isso é muito bom e para quem não conhece o espaço, arrisco dizer que é um dos melhores que já estivemos! Com uma estrutura da causar inveja, o atendimento foi muito cordial e com bebidas com preço justo, não a toa o local irá receber a turnê do Crypta, com Belphegor, Krisiun e Nervochaos, pois estrutura e competência são elogiáveis.

Um atraso que é bem natural devido ao fator estrada, lembrando que o evento ocorreu na sexta-feira e no dia anterior os envolvidos estavam em São Paulo, mas logo menos tivemos a primeira apresentação.

O Brave, natural de Itu - São Paulo, vem desde 1998 com os dois pés calçados no heavy/power metal e o power que me refiro é no sentido mais agressivo e poderoso do estilo! Estão divulgando o seu terceiro trabalho, o imponente "The Oracle" (que foi nossa trilha sonora na viagem ao lado de "Wine of Gods" do Hellish War). Tivemos prova do quanto esse trabalho soa ainda mais pesado ao vivo, faixas como Firestorm e a infalível Fall to the Empire não ficaram fora do set list e em Valhala o coração trevoso deu aquela arrepiada e os timbres soaram alto em cada trecho do som.


A presença de palco do Brave enche todo o espaço e sempre me impressionam essas bandas que possuem um som intrincado com apenas uma guitarra, além de ficar impressionado também com o excepcional baixista Ricardo Carbonero que consegue ser responsável pelas doses de peso tanto no contrabaixo como nos backing vocals.

Porém um dos grandes momentos memoráveis da noite estava por vir, pois para cantar junto a banda a música Power In Battle do seu segundo álbum "Kill the Bastard", Brave teve a honra de contar com Steve Grimmet, sim meus amigos, eles foram abençoados por uma lenda viva do Heavy Metal, e era nítido ver no semblante dos músicos tal emoção, assim como para nós que estávamos lá presentes, um momento único!

A apresentação foi chegando ao fim com Fighting for Live, como fã eu queria ouvir outros clássicos como Metalhead e We Fight for Odin, mas fica para uma próxima! Importante é que, para mim, que nunca tinha visto a banda ao vivo, saí mais que satisfeito!

Alguns nomes do Brasil merecem ser reconhecidos como bandas seminais no estilo e a Hellish War sem dúvida é digna desse rótulo quando falamos de Heavy Metal. Desnecessário citar aqui a qualidade dos músicos, mas quero destacar que foi impressionante ver o que eles tocaram aquela noite, poucas vezes as fronteiras do Heavy metal na sua veia mais brutal foram tão bem executadas! Acredito que só não tivemos mosh violentos porque o pessoal tava meio tímido, mas afirmo que já assisti banda de thash e death metal que não tinham um por cento da energia e da garra do Hellish ao vivo.


As guitarras de Vulcano nos levam para a abertura com Wines of Gods, uma levada bem imponente e clássica que, da mesma forma que um rio desagua no oceano, temos esse som tornando-se um convite para o bangear de maneira frenética, méritos também da cozinha composta por dois monstros, Alexandre Jr. no baixo que vem da melhor escola, Steve Harris, e Daniel Person na bateria que por mais que esteja atrás do seu kit tem a alma de 'frontman', tocando cada nota com uma vontade ímpar e nos intervalos agitando o público.


A banda está divulgando o trabalho "Wine of Gods" por isso que tivemos faixas como Devin e Paradox Empire que são excelentes, mostrando toda a diversidade do metal tradicional. Mas claro que os clássicos não foram esquecidos e poucas bandas tem um arsenal de clássicos como Metal Forever, Keep it Hellish, Defender of Metal e We Are Living for The Metal, e verdade seja dita, o Brasil sempre foi um celeiro de vocalistas impressionantes e seria muito injusto da parte de qualquer um, não colocar Bill Martins nesse tópico. Com todo respeito aos vocalistas anteriores, mas o que esse cara faz ao vivo é a definição de vocalista de heavy metal, sem mais!


Sem muito descanso, Bill Martins e Vulcano voltam ao palco para agora sim ter em nossa presença o guerreiro Steve Grimmet! Penso que é de conhecimento comum que o lendário vocalista do Gim Reaper teve a sua perna direita amputada, devido a uma infecção agressiva que se espalhou do pé ao joelho. A amputação foi uma forma de salvar sua vida e ele teve que se adaptar a perna mecânica e todas as dificuldades que essa nova realidade apresenta, mas ele não deixou se abater e por mais que a acessibilidade ainda seja um ponto que temos muito a melhorar, lá estava o grande Grimmet disposto a provar porque é um dos grandes pilares do heavy metal mundial.

Sendo essa uma turnê focada em três dos maiores clássicos da sua banda, "See You in Hell" de 1984, "Fear No Evil" de 1985 e "Rock You to Hell" de 1987, nem precisamos dizer que cada músioa anunciada era ovacionada pelo público fiel ali presente e um grande foda-se para quem vem falar que é clichê, pois isso é um som feito a mais de 30 anos atrás e que ainda soa tão forte hoje. Quantos supostos cantores que bombam nas rádios hoje em dia vão poder se orgulhar disso?


Comunicativo e por mais que uma turnê dessa de três datas é exaustiva para um senhor na sua idade, demonstrou-se que para um artista de verdade seu local é o palco, por isso que ele cantava, brincava com o público e deixava todos impressionados de como sua voz ainda soa perfeitamente bem!

Para mim, ouvir sons que nunca imaginava que teria a chance de cantar ao vivo como Dead on Arrival e Liar, ambas do debut "See You in Hell", e também Fear no Evil, Night of the Vampire, Wasted Love e claro, o hino See You in Hell, foi uma experiência que faz a gente consolidar o heavy metal como um estilo de vida e Rock & Roll Tonight veio rememorar que por mais que passamos por dificuldades, a música sempre será o melhor remédio!


Outro grande momento da noite foi quando Grimmet dedicou Don't talk to Strangers para o maior vocalista de rock que o mundo já teve, o grande Ronnie James Dio e só um vocalista como ele para mandar um cover tão forte e emocionante, arrepiando a todos presentes.

Agora, para finalizar, eu Carina, completo essa cobertura de maneira curta e sucinta, mas não menos importante do que as colocações aqui já descritas.  Sobre o local, é uma baita casa que nos chama atenção pelos detalhes nela expostos e pela estrutura, tanto do prédio, quanto dos aparelhos sonoros que deixam os shows perfeitos. Outro destaque foi o público, não muito grande em questão de número, mas amplo em relação à diversidade (gênero e idade) e que se manteve intenso e vibrante do primeiro ao último show que foi fechado com chave de ouro com a icônica See You in Hell, cantada em coro pela maioria dos que lá estavam

O saldo desse evento é o metal ardendo em nossas veias ainda mais e um retorno para casa acompanhado pelos sentimentos de satisfação, nostalgia, emoção e entusiasmo, misturados de uma forma muito gratificante.

Vejo vocês no inferno meus amigos \,,/