Entrevista #41: Losna

Com o objetivo de espalhar seu veneno em meio a toda a perplexidade e raiva em relação a tudo que é visto e ouvido nessa demência de viver, a banda Losna está prestes a lançar seu mais novo trabalho o “Absinthic Wrangles” e nós, do Underground Extremo, gostaríamos de saber um pouco mais sobre a banda, sobre os trabalhos que a mesma produziu, além de adquirir maiores informações a respeito do lançamento do álbum inédito. Tudo isso você pode conferir a seguir:



1) Hail Losna! É uma grande honra para nossa mídia Underground Extremo estar entrevistando vocês. Como é de praxe, nossa pergunta inicial é feita sobre a banda. Então, vocês poderiam apresentar a formação da banda atual e falar sobre a história da Losna

Fernanda - A Losna é composta por Débora Gomes na guitarra e 'backing' vocal, Marcelo Índio na bateria e Fernanda Gomes no baixo e vocal. Estamos com essa formação estabilizada desde 2004, antes disso muita coisa rolou. Tivemos, por curtos períodos, outras criaturas na Losna, quando ela foi um quarteto. Já passaram pela banda 2 vocalistas e outros 7 bateristas, num passado extremamente cáustico e sombrio. 


2) Ainda sobre a formação, alguns registros expõem que a banda foi formada em 1997, já em outros datam a formação ao ano de 2004. Fiquei confusa com essas informações pois entre esses períodos existe um registro de uma primeira demo lançada de forma independente, a “Dark Mess” (2001). Poderiam nos contar um pouco mais sobre essa questão da formação e desse trabalho? 

Fernanda - Esse lance de preferirmos datar a Losna de 2004 é justamente porque aí temos a nossa formação coesa e atual. O passado só é bom lembrar e reviver quando se pode ter coisas interessantes pra ficar na mente. Nós gravamos a "Dark Mess" com 4 faixas, já com o guerreiro Marcelo Índio na bateria. Antes dessa 'demo', fizemos outros registros, como o 'demo-tape' "Artemisia Absinthium L", num tempo em que tínhamos outro baterista e éramos um quarteto, portanto com uma outra vocalista, com muita influência de hardcore... 


3) Pesquisando, ouvindo e lendo um pouco sobre a história da Losna e os trabalhos que vocês já produziram, que somados dão um total de cinco (está correta essa informação?), é possível interpretar o som de vocês como 'death/thrash' metal. Vinda de uma região que, nós do Underground Extremo consideramos o “berço do death metal”, podem nos dizer como é a relação de vocês com outras bandas do 'underground' gaúcho? Acontece parcerias entre as bandas e produtores de evento, de que forma? 

Fernanda - Nós temos as demos "Artemisia Absinthium L" (1999), "Dark Mess" (2001), "Bitter Flavors" (2004) e os álbuns "Wild Hallucinations" (2007), "Distilling Spirits" (2011) e "Another Ophidian Extravaganza" (2015). 

Nós adoramos principalmente os sons 'death' e 'thrash' metal, além de muita coisa mais seminal, como o 'hardcore'. Aqui no Rio Grande do Sul a cena é muito forte, com muitas bandas de peso maravilhosas. Tanto desses estilos já citados quanto de 'heavy' metal clássico, além de 'black' metal, 'grind', 'crust' e 'splatter'. Vale muito a pena conferir os shows aqui, esperamos que num futuro próximo as coisas se ajeitem e possamos novamente frequentar os eventos, tanto participando no palco quanto no público. 

Quanto às parcerias pra fazer os lances, sempre tem uma banda aqui e ali que chama as outras bandas pra fazer um agito enquanto produtores que organizam as coisas. Força de vontade tem aqui abundantemente, mas muitas vezes os recursos são módicos. O pessoal tenta se virar com o que tem. Podemos destacar o True Noisy Festival, o Noise Bazaar, o Hon-ra Festival, Restos da Carne Metal Fest, São Léo Metal Fest, Maledetta Notte e o Metal Sul Festival, entre vários outros. Também há os coletivos, destacamos principalmente o B.I.L. (Bandas Independentes Locais) e o Coletivo Cultural RS. Temos muitos organizadores! 


4) O último trabalho de vocês o “Another Ophidian Extravaganza”, lançado em 2015, teve grande abrangência para o 'underground' nacional. Vocês consideram que ele atingiu ou até mesmo superou suas expectativas? Em que aspectos? 

Fernanda - Ele atingiu os nossos objetivos que sempre foram registrar o trabalho e sair por aí fazendo 'shows'. Na cena 'underground' a gente nunca sabe o que nos espera, é sempre uma aventura. Por sorte fizemos muitos shows no RS, SC, ES, Uruguai e Argentina! A nossa vontade é sempre seguir adiante, aproveitamos as oportunidades que surgem pra detonar por aí. 


5) Vocês vinham anunciando há um tempo já, o lançamento de seu novo álbum agora para o ano de 2020. A situação em que nos encontramos dificultou esse lançamento? Quais as consequências do isolamento social devido ao Covid-19 vocês vem sofrendo para lançar o “Absinthic Wrangles”? 

Fernanda - Estávamos já com todos os preparativos encaminhados e 'shows' agendados para o lançamento do "Absinthic Wrangles", contando para isso com a parceria do True Metal Records. Realmente essa praga dessa peste desse COVID-19 atacou a todos de surpresa, parece que estamos vivendo num daqueles filmes americanos catastróficos do final dos tempos, ou naquela série dinamarquesa The Rain, onde um vírus misterioso se espalha através da chuva... Donde veio tudo isso? Esses tempos andam tão bizarros que nem mesmo na leitura das Centúrias do Nostradamus encontramos o que poderia ter sido profetizado, esperamos que acabe logo esse cenário dramático, é terrível ver tantas vidas dantescamente serem ceifadas em vão. Mesmo assim, não acreditamos que tudo realmente vá voltar à essa normalidade que conhecíamos, mesmo que se encontre uma cura ou vacina. Achamos que muita gente vai ficar “com nojinho” dos outros, com medo de se contaminar, diminuindo as saídas de casa e evitando os ambientes públicos, se divertindo menos, etc... 


6) Ainda sobre o “Absinthic Wrangles”, achei magnífica a criatividade do título desse álbum, que se apresenta fazendo uma analogia ao nome da banda, uma vez que o absinto, ”fada verde”, é uma bebida altamente alcoólica e considerada, por alguns, como um veneno por causar efeitos alucinógenos e que é proveniente da planta losna que é amarga, forte e viciante. Então é isso que podemos esperar desse álbum? Efeitos alucinógenos causados por um som amargo, forte e difícil de engolir? 

Fernanda - Belas palavras, Carina! É exatamente esse o espírito da coisa! E cada letra é inspirada em uma modalidade de luta diferente. Por exemplo, MMA na faixa Into the Halls of Death, esgrima na Em Garde e sumô na pesadíssima Extreme Sumo. Aliás, ressaltamos que esta última é cantada pela Débora, pois na tradição da Losna sempre há uma faixa em que é delegado à nossa guitarrista vocalizar.



7) Vocês tem alguns clipes super produzidos divulgados no Youtube, como os das faixas Room 55 e Back To The Grotto. Qual a importância que vocês percebem desse tipo de material para uma banda 'underground'? 

Fernanda - Também temos o Slowness, dirigido pelo Luís Mário e o Grotesque Life, que é caseiro. Aliás, o Room 55 também é assinado pelo Luís Mário, já o Back to The Grotto é do Renato Souza do Chama Vídeo Independente. E também o 'lyric' vídeo Back to The Grotto do nosso artista de estimação Tiago Medeiros! Achamos sensacional poder juntar som e imagens em movimento! Gostaríamos de fazer muito mais vídeos! E pretendemos para esse novo álbum providenciar logo mais um clipe também, mas ainda não chegamos a decidir qual a faixa será. Acho que vamos ter que sortear no palitinho. 


8) Vi vocês em alguns festivais que frequentei antes de entramos em quarentena e todos os eventos serem cancelados, e o que me chamou a atenção, foi a presença de vocês como público! Parabéns. Como mídia, observamos que muitas bandas só participam de eventos quando tocam e até mesmo só para tocar. O que vocês pensam a respeito disso? 

Fernanda - Somos todos muito curiosos e apreciamos a cena 'underground'. Adoramos bater cabeça e confraternizar com essas criaturas desbundantes que encontramos nos eventos. É onde reside o nosso âmago! Amamos poder apreciar a arte dos nossos colegas! Valorizamos e degustamos juntos! 'Horns up'! 

Essa tua observação, Carina, vem muito a calhar! Realmente! É muito comum observarmos que há pessoas que vão fazer o 'show' da sua banda e, quando acaba, saem correndo assustadas, sem querer apreciar a arte dos colegas. Muito comum isso acontecer e achamos extremamente deplorável! 


9) Gostaria que comentassem um pouco sobre o papel das mídias independentes para as bandas 'undergrounds'. 

Débora - Os canais de mídias independentes são cruciais para a divulgação do trabalho das bandas 'undergrounds'. Através de 'sites' especializados, como o Underground Extremo, uma banda pode ser conhecida em qualquer lugar do mundo com uma entrevista, por exemplo. As mídias independentes fazem um trabalho sensacional e de total amor pela cena, pois sabemos que não há quase retornos financeiros nesse meio. 


10) Agradeço a entrevista e agora deixo este espaço para vocês deixarem uma mensagem para seus fãs e os nossos leitores do 'site' Underground Extremo

Débora - A Losna é quem agradece a ti Carina e toda equipe do Underground Extremo pelo espaço e divulgação. Para quem quiser degustar um som amargo, aprecie Losna, sem moderação. Estamos em todas redes sociais. Nosso quarto álbum, “Absinthic Wrangles”, dentro de alguns dias estará disponível, daí basta entrar diretamente conosco para adquirir o álbum físico, ou quaisquer outro material nosso como os álbuns anteriores ou camisetas. E estejamos sempre prontos para as batalhas diárias desta vida obscura!