Resenha #90: "Land Of Thousand Pleasures" - Viletale



Quem acompanha o site sabe que somos grandes admiradores da horda de Blumenau Viletale, desde que conhecemos o seu trabalho pelo EP From the Depths ov Mind, nos cativou o fato deles unirem duas das nossas grandes paixões o Metal Extremo e toda a aura ligada ao Horror, seja ele em filmes, literatura e na própria realidade que é muito mais assustadora que qualquer ficção.
O Prazer vem pela Dor

Seguimos a evolução da banda quando resenhamos o trabalho Suicide of Dei, e ficou aquele gosto de quero mais e então recebemos a maldição conhecida como Land Of Thousand Pleasures, o primeiro álbum completo da banda, e para comemorar não vamos fazer uma resenha comum, e sim um faixa a faixa comentando com o próprio vocal da banda Bruno Jankauskas pois esse é um trabalho complexo e vamos tentar entender a doentia dimensão que esse trabalho nos transporta 



O conceito do álbum e o trabalho Gráfico: Para quem não se ligou a capa apresenta referências a obra Hellraiser com o Pilar das almas no centro tais conceitos foram apresentados no cinema com a franquia que popularizou o Pinhead mas na verdade vem da literatura com o livro Evangelho de sangue de autoria de Clive Baker,

BJ: A capa é uma montagem feita por mim. A ideia principal do álbum era ter feito algo bem ligado ao Hellraiser. Os ganchos, o pilar das almas. Só que Hellraiser, por mais que seja um encanto da fantasia negra, ainda é pra mim um universo limitado, apesar de uma gama literária que é reaproveitável e pode ser considerada como oriunda do movimento do terror cósmico. Sabendo que The Suicide of Dei foi um prólogo do álbum, procuramos abordar no Land Of Thousand Pleasures uma mistura dessas duas temáticas com essa filosofia: o ato ritualístico que é presente no nosso cotidiano como uma celebração carnal aos cenobitas. E óbvio, terra dos mil prazeres também é uma referência a Hellraiser, pois os cenobitas são exploradores do prazer vitalício, caçadores da futilidade humana. E encontramos nisso a chave de unir com a temática real: o prazer de matar e cometer atrocidades que é visto, aqui por nós, como algo ritualístico. 


Com o Conceito apresentado podemos ouvir o trabalho, e ele abre com um 1- Splatterhouse, uma música que transita entre o Death mas com algumas passagens bem Grind e uma participação especial nos vocais, Lucas Scaraveli da Zoombie Cockbook

2- Santificada seja a carne, mostra como a Viletale soa em português o que na minha opinião ficou muito bom, além do seu refrão que foi feito para cantar junto, e a letra nos remete a uma história verídica aterradora:
BJ: Essa música fala sobre um caso brasileiro de canibalismo que aconteceu dois séculos atrás aqui no sul O casal atraía vítimas com intenções sexuais e os assassinavam e depois faziam linguiça para comer e vende

3_ Overlord Murder: O vocal aqui começa bem gutural e a música vai desacelerando, e criando uma atmosfera de sofrimento e desespero como o caso que ela narra é extremamente violento a banda optou por manter esse equilíbrio entre a brutalidade e a violência, característica essa que define muito acerca do que é a Viletale

4- Preggophile: Mantém a temática densa com a citação a assassinato de crianças, e tem uma referência musical no meio que é sensacional, perceba como ela é uma das mais técnicas do trabalho, porém não é uma virtuose forçada

BJ: É uma mistura de Death metal mais moderna, com.breakdown, beatdown, influência de atmosferas mais diferenciadas, procurando atrair vários gostos. A gente fala sobre infanticídio ritualístico falando de Gille De Rais Amelya dyer. E assimilando com o caso do Creepypasta que supostamente tudo isso seria uma honra para os demônios Lamasthur e Abyzou, demônios devoradores de crianças

5-Glasgow Smile é uma música que podemos chamar de desconfortante, não só pela sua temática que narra o modus operante do assassinato da Dália Negra, com toda a sua estrutura mórbida com piano de fundo e as suas transições e quebra de andamentos, sons assim nos provam que para uma banda ser extrema não precisa ser veloz o tempo todo

6-R.A.W faz uma releitura de uma carta de uma vítima de Albert Fish, seguindo o vídeo do Youtube você pode perceber que a letra narra de forma bem direta toda a crueldade que o assassino canibal cometia, essa música tem um pé em estilo mais modernos como o deathcore mas chama a atenção o trabalho feito pelo Baixo e bateria da mesma

7-Hellish Blue é aquele tipo de música imprevisível, pois ela começa com ares de Death Metal mais tradicional ,sendo que depois flerta com o Black Metal e quando você menos espera é presenteado com vocais femininos operísticos, mas não se engane, todos esses elementos fazem sentido na sonoridade ( ou seria realidade paralela) da Viletale

BJ: A música é uma adaptação musical do conto do Barba Azul, o primeiro conto de serial killer que teve. Dizem que ele é inspirado em Gille De Rais. Mas não é algo confirmado. O conto fala de um mercenário que muitos suspeitavam que suas mulheres sumiam, até que um dia ele se interessou por uma donzela da vila, e forçou que ela se casasse com ele. Contudo, ele promete a ela as riquezas do castelo dele e da a ela as chaves para todos os cômodos, restringindo ela somente de entrar em um quarto. Ele sai de viagem e ela o desobedece. Ao entrar nesse quarto proibido, ela encontra todas suas outras ex mulheres penduradas e dilaceradas. Ao voltar de viagem ele descobre que ela desobedeceu ele e a prende no castelo. Daí algumas versões do conto diz que a irmã a salva, outras dizem que é um namorado dela, ou irmão. Ainda falam que o barba azul poderia ser um lobisomem. Enfim. Existe um confronto final, o barba azul morre e ela é salva.

Vale lembrar que essa é a primeira adaptação desse conto feito por uma banda de Metal. 



8- Voiceless Bessech: è um contra ponto por ser uma música mais direta com um verso mais marcado mas, ao longo do som somos levado para a construção de um cenário de Londres onde atuava Jack O Estripador

BJ: O modus operanti do Jack estripador é influência na composição. O riff da estrofe que é tocado com cow Bell é um 5/4, inspirado nas cinco canônicas que foram as cinco vítimas seguidas dele em Londres.

9- Behold O’ Brotherhood é o encerramento do álbum e tem ares de realmente, final apocalíptico sendo que ela possui ligações com o terror cósmico, fazendo parte de uma trilogia que iniciou se com Arise O guardian. Na música em si ela abre com áudio do filme heallraiser onde é revelado que os cenobitas estão entre nós e que agora a busca pelo prazer virá pela dor . Por isso não se assombre se ao final da canção você se sentir perseguido ou assombrado

Ainda temos duas faixa bônus a primeira é Captain Benjamin Willard um cover de Goatpenis lendária banda do Metal catarinense, uma forma que a Viletale, decidiu homenagear a cena do metal do seu estado,e tal atitude é louvável e por fim uma musica que estava presente no primeiro EP Vile, faz uma ponte entre o passado o presente e o futuro da banda.

Essa foi a nossa interpretação do trabalho Land Of Thousand Pleasures, recomendamos que ouça esse trabalho e construa sua própria visão e interpretações e tenha certeza que o sangue jorrara da terra e o apocalipse já tem a sua trilha sonora.